O que você compra quando investe em uma startup?

O mundo de startups ainda é desconhecido para muitas pessoas, entenda o que você compra quando investe em uma.
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Uma das perguntas mais frequentes que as pessoas fazem quando se interessam em investir em alguma starturp é: “Qual a porcentagem da empresa que estou comprando”. Antes de chegarmos a esta resposta, é preciso entender como funciona o processo de investimento em startups por investidores anjo.

Apesar das histórias de alto retorno, o investimento de venture capital é arriscado, pois de acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABSTARTUPS), apenas uma em cada quatro startups sobrevivem aos cinco primeiros anos – mas cada uma que sobrevive tem um impacto gigantesco. Por isso, é importante ter uma tese coerente de investimento e um processo de avaliação que mapeie riscos potenciais.

Ao investir em uma startup, a aposta é de que a empresa vai crescer exponencialmente. O ganho da investidora vem da valorização da startup investida ao longo dos anos e das captações que a empresa fará, e essa é a aposta que ela faz ao decidir aportar capital. A investidora anjo dificilmente entra como acionista da empresa. O mais comum é que faça o investimento através de um contrato de mútuo conversível que dá o direito da compra de ações futuramente.  Para começar, apresento dois conceitos super importantes para um investidor iniciante: 

  • Pre Money: o valor estimado da empresa (ou valuation) antes do aporte de capital da rodada;
  • Post Money: o representa o valor estimado da empresa (valuation) + o valor do aporte da rodada.

Vamos pensar esses dois conceitos dentro de uma situação exemplo. Inicialmente, decidimos realizar um investimento anjo numa startup de tecnologia avaliada pelos fundadores e possíveis investidores no valor de 5 milhões de reais. Este seria o Pre-Money Valuation, a estimativa de valor da empresa antes da rodada de investimento. Com isso, decidimos investir 500 mil reais nessa primeira rodada. Então, a empresa ficará com o valor estimado de 5 milhões e 500 mil reais após a rodada de investimento – este seria o Post-Money Valuation.

Ainda não conseguimos responder à pergunta de qual será a nossa participação na startup investida, mas para começar a elaborar a resposta, o próximo passo é entender o Cap Table. Se traduzirmos literalmente, Cap Table significa tabela de capitalização, que representa quanto cada um dos investidores e fundadores têm direito à empresa naquele momento.

Como investidora-anjo, fizemos um aporte de 500 mil reais em um  Post-Money Value de 5,5 milhões. Portanto, para calcular a participação, precisamos dividir o aporte inicial (500 mil reais) pelo valor estimado final (5,5 milhões). Assim, a participação seria de 9%.

Quanto mais cedo o investimento é feito numa startup, mais arriscado é o negócio, pois seu modelo ainda não foi comprovado e, consequentemente, ainda existem muitas incertezas. A vantagem do investidor anjo em entrar cedo é que a startup tem um valor mais baixo, e como mencionamos anteriormente, a questão é apostar na valorização da empresa. O modelo de captação de Venture Capital demanda que a empresa capte investimento em ciclos, cada um deles com valuations cada vez mais altos. No nosso exemplo, se a empresa for captar novamente, ela deve ter sido capaz de adicionar valor e crescer, desta forma o novo valuation deve ser mais alto.

Flávia Mello é cofundadora do Sororité, rede de investidoras-anjo, e investidora em empresas fundadas e orientadas por e para mulheres.

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