Conheça a florista de cemitério que hoje comanda negócios no setor pet que faturam mais de R$ 1 milhão

A paraibana Regina Herculano é proprietária de uma distribuidora e de uma marca de brinquedos para gatos e cachorros
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Aos 38 anos, Regina Herculano é proprietária de uma distribuidora e de uma marca de brinquedos para gatos e cachorros (Foto: Divulgação)

Quando a empreendedora Regina Herculano mostrou sua mesa de trabalho durante a entrevista com a Elas Que Lucrem por vídeo, apenas um elemento chamou a atenção: Rosa, uma spitz alemão deitada ao lado do computador, tirando um delicioso cochilo da tarde. No calor de Campina Grande, na Paraíba, o ventilador da sala estava ligado – provavelmente na velocidade máxima, já que era possível notar os pelos de Rosa balançando ao vento. Uma cena simples, mas que representa bem a história de Regina, cujo objetivo é conquistar o mercado nacional de brinquedos para pets.

Atrás da mesa onde a pequena spitz dorme, é possível ver uma torre de caixas com produtos para animais. No espaço, Regina comanda a distribuidora Garra Animal e sua  própria marca de brinquedos, batizada de Adoleta Diversão Pet. O conteúdo das caixas provavelmente não ficará ali por muito tempo antes de seguir para um dos 24 estados onde a empresária está presente. “Não é porque eu sou da Paraíba que eu não posso ter uma marca que vai vender no país inteiro. Ainda vamos ser referência em brinquedos animais no Brasil”, diz.

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Aos 38 anos, a empreendedora já conta com um negócio bem estruturado, mas sua trajetória começou há muito tempo, quando era ainda criança e sonhava em ser camelô. “Eu sempre quis ter uma vida melhor. Então, aos nove anos, em um dia de Finados, comecei a observar as pessoas vendendo flores na frente do cemitério. Decidi fazer o mesmo”, lembra. “Minha mãe era professora, então tinha muito material escolar em casa. Eu fazia flores com papel crepom, colocava no balaio e ia vender no cemitério. Eu não estava ali porque precisava do dinheiro para me alimentar. Estava aqui porque queria ter o meu próprio dinheiro. Voltar para casa com R$ 20 na carteira era incrível.” 

Quando as vendas no cemitério ficavam mais fracas, a pequena empreendedora vendia papel de carta na escola. Quando cresceu um pouco mais, começou a viajar para Caruaru, em Pernambuco, para comprar roupas e revender na sua cidade. Aos 12 anos, pediu para que seus pais abrissem sua primeira conta no banco, onde guardava o seu dinheiro. Até que, aos 15 anos, acumulou R$ 2 mil – a quantia que precisava para comprar a sua própria barraca de camelô e seguir a carreira de ambulante que sonhava. “Eu estava muito animada, mas meu pai não me deixou gastar dinheiro com isso. Ele disse que eu precisava focar nos estudos e fazer faculdade. Ainda bem que ele agiu assim, caso contrário tudo teria sido muito diferente.”

A VIDA SEM CAMELÔ 

Embora tenha ficado decepcionada com o limite imposto pelo pai, Regina continuou juntando dinheiro para seu grande sonho de vida: a independência financeira. Aos 17 anos, ingressou na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para cursar zootecnia, já que gostava muito de animais. Logo no primeiro estágio, ela percebeu que os setores pet e varejo eram perfeitos um para o outro e começou a construir seu caminho até  a  criação da Garra Animal e da Adoleta. “Minhas primeiras experiências foram em distribuidoras de suplementos alimentícios para animais de grande porte, onde eu aprendi muito sobre o funcionamento das empresas do segmento. Em 2014, decidi abrir minha própria distribuidora de produtos para a saúde e bem-estar dos pets.”

A Garra Animal Distribuidora trabalha, atualmente, com cerca de seis marcas, como Nexgard e Ibasa. Na época, Regina assistiu, pela primeira vez, à construção de um espaço que poderia chamar de seu. No entanto, embora o negócio estivesse gerando lucro, em 2019 ela começou a se sentir insegura com algumas questões. “Ter uma distribuidora é trabalhar dependendo de outras pessoas. Comecei a me preocupar com essa dependência dos fornecedores e decidi que era hora de ter um plano B.” Em suas pesquisas, a empreendedora percebeu que o setor de brinquedos para pets era muito atraente.

“Investi um ano na busca por fornecedores que atendessem minhas necessidades e projetos. Até que encontrei a Mccan, uma fábrica situada na China, que até hoje produz nossos brinquedos com exclusividade. Essa parceria nos rendeu tecnologias únicas no Brasil, como os brinquedos de aromaterapia”, conta Regina, que já administra um portfólio de 108 produtos e uma linha de tapetes higiênicos. No início, no entanto, o medo foi grande. “Eu me  desesperei quando recebi o primeiro contêiner e não consegui vender quase nada.”

No ano seguinte, quando o negócio começou a decolar, o mundo foi surpreendido pela pandemia de Covid-19. Mas o contexto de isolamento social, ao contrário do que Regina imaginou inicialmente, causou uma explosão no setor pet. Segundo o Instituto Pet Brasil, o faturamento das vendas do varejo pet no mundo foi de US$ 145,8 bilhões em 2020, um crescimento de 11% em relação aos US$ 131,1 bilhões de 2019. “As pessoas começaram a ficar mais em casa e perceber a rotina de seus animais. Com isso, nos estabelecemos melhor no mercado”, explica a empresária.

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O faturamento anual da Adoleta foi além das expectativas e ultrapassou R$ 1 milhão, abrindo as portas para uma expectativa de crescimento de 30% em 2021. “Eu acredito que fiz a aposta certa, porque hoje temos a distribuidora e a marca de brinquedos. São negócios que andam juntos, mas que estão ficando independentes para gerar mais segurança.” Para os próximos anos, o plano de Regina é comprar maquinário para conseguir produzir seus próprios tapetes higiênicos. Por enquanto, a relação com a fábrica na China tem se mostrado positiva, com muito espaço para criar e dar sugestões.

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Atualmente, Regina administra um portfólio de 108 produtos e uma linha de tapetes higiênicos (Foto: Divulgação)

“Nosso escritório é assim, como você está vendo. Gatos e cachorros em cima da mesa, para lá e para cá”, brinca, mostrando Rosa mais uma vez, ainda em sono profundo. “Nós testamos os brinquedos com nossos animais e, se não gostamos de algo, devolvemos pedindo alterações. É uma relação perfeita, que nos dá espaço para inovar e lançar novidades constantemente.” 

Da Paraíba para o mundo, Regina está alcançando seus objetivos de menina. E, para o final, guardou uma dica para quem mulheres que pretendem fazer o mesmo. “Eu quero competir com empresas gigantes de São Paulo e do Rio de Janeiro, não importa se sou de Campina Grande. Precisamos acreditar em nós mesmas.”

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