Brasil despenca no ranking da ONU e investimento no país retrocede 20 anos

Dados publicados hoje (21) revelam que o país recebeu US$ 24,8 bilhões em investimentos diretos em 2020, contra US$ 65 bilhões de 2019, uma queda de 62%
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O Brasil despencou no ranking da Organização das Nações Unidas (ONU) de locais que mais receberam recursos externos em 2020. Dados do Monitor de Tendências de Investimentos Globais, publicados hoje (21), revelam que o país recebeu US$ 24,8 bilhões em investimentos diretos no ano passado, contra US$ 65 bilhões de 2019, uma queda de 62%.

Para a ONU, há uma correlação entre a falta de medidas sociais de controle da Covid-19 e o impacto econômico.
Em 2019, a economia brasileira era a sexta no ranking de atração de investimentos no mundo. Já em 2020, o país terminou o ano apenas como o 11º maior beneficiário e perdeu até mesmo a liderança na América Latina.

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Com a queda no ranking, os níveis atuais de investimentos no país são equivalentes apenas ao que se registrou há 20 anos. Os dados da ONU mostram uma queda de fluxos de 37% para o setor de serviços, eletricidade e gás (-62%), comércio (-33%), serviços financeiros (-68%) e transporte e logística (-90%). No setor de petróleo, a queda foi de quase 60%.

O resultado negativo levou o Brasil a perder espaço entre os principais destinos dos investimentos. O país foi superado por Suécia, Alemanha, Índia e Luxemburgo. Na América Latina, também foi ultrapassado pelo México.

Embora a pandemia da Covid-19 tenha afetado a economia do Brasil, os números mundiais revelam que nem todos os países sofreram uma retração da mesma proporção. Por exemplo, na média mundial, a queda foi de 35%, atingindo um total de US$ 1 trilhão. Nos países ricos, a contração chegou a 58%, abaixo da queda registrada no Brasil.

O país também destoou da média dos emergentes, que viram uma retração de apenas 8% nos investimentos.

Entre as economias desenvolvidas, o choque foi maior na Europa, onde o fluxo de investimento estrangeiro direto caiu 80%. Já na América do Norte, a queda foi de 42%, com os Estados Unidos permanecendo no topo dos países que mais recebem esse tipo de investimento. O ranking é liderado pelos EUA, seguido por China, Hong Kong, Cingapura e Índia.

De acordo com Jamil Chade, colunista do UOL, o Brasil ainda foi citado como um “exemplo” de um país que viu seu projeto de privatização afetado pela pandemia. “A crise da Covid-19 desacelerou os programas de privatização em andamento devido à elevada incerteza e à menor demanda do mercado. Por exemplo, os programas no Brasil e no Vietnã sofreram retrocessos”, disse. “O Brasil lançou seu programa de privatizações no final de 2018 com a expectativa de reduzir o número de empresas públicas de 134 para 12. Durante 2020, apenas duas privatizações foram concluídas”, disse a ONU.

Com a crise brasileira, o resto do continente latino-americano também foi afeitado. A região registrou uma contração de 45% no fluxo de investimentos, somando US$ 88 bilhões.

Histórico e futuro

A partir de 2010, a economia nacional variou entre a quarta e quinta maior receptora de investimentos do mundo. Em 2012, o Brasil chegou a ser colocado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) como o terceiro país mais citado por multinacionais como destino preferido de investimentos. A situação que começou a piorar em 2019.

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Para 2021 e 2022, a projeção da ONU é de que a incerteza política e a crise sanitária podem perpetuar um baixo nível de investimentos no país. Uma estimativa feita pela entidade mostra que 2021pode registrar uma variação entre -5% e +5% no fluxo ao país.

“Em 2021, espera-se que os investimentos externos para a região permaneçam estagnados, desafiado por muitos riscos negativos, incluindo incertezas econômicas e políticas”, diz a ONU.

“Mesmo assumindo que as condições fiscais e monetárias continuem a acomodar a recuperação econômica e que as campanhas de vacinação façam progressos rápidos, não se espera que o investimento externo se recupere a seu nível pré-crise antes de 2023”, alerta a ONU.

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