Guedes diz que aumento de arrecadação de R$ 100 bilhões vai compensar perda com reforma do IR

Ministro afirmou que não quer tributar empresas, mas sim proprietários ricos que tiram dinheiro delas, e garantiu que mudanças não aumentam a carga de impostos
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje (14) que não está “muito preocupado” com o potencial de perda de arrecadação de R$ 30 bilhões com a proposta de reforma do imposto de renda, ao argumentar que a medida será compensada com o retorno do PIB do país a níveis anteriores da pandemia, o que acarretará um aumento de arrecadação de R$ 100 bilhões.

A proposta de reforma do IR foi apresentada na véspera pelo relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA).

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“Isso não está nos preocupando muito agora porque só de o PIB voltar para o patamar semelhante ao que estava antes da pandemia já veio uma arrecadação R$ 100 bilhões acima do previsto agora”, disse.

“A arrecadação prevista para o semestre estava em torno de R$ 640 bilhões e vieram R$ 744 bilhões. Então esse aumento de arrecadação é estrutural, é só o nível do PIB, mesmo se o PIB crescer zero daqui para frente só essa volta do PIB até agora já significa um aumento de R$ 100 bilhões acima do previsto”, acrescentou ele.

Ao participar de live organizada pelo Valor Econômico, Guedes disse que, como liberal, prefere correr o risco para “o lado de redução de carga do que de aumento de carga tributária”. Segundo ele, o efeito da reforma será neutro ou até negativo.

O ministro explicou que, conforme a proposta inicial do governo, a expectativa era que R$ 60 bilhões previstos com a arrecadação de lucros dos dividendos iriam ser usados para custear a redução do imposto de renda das empresas, na proporção de R$ 40 bilhões, e para os trabalhadores, outros R$ 20 bilhões.

Contudo, Guedes disse que houve reação a essa ideia e os cálculos foram refeitos, “cavando mais fundo”.

“A coisa foi para um número maior, acabou indo para uns R$ 100 bilhões se você incluir a redução de subsídios setoriais”, disse ele.

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Na véspera, o relator da reforma anunciou a diminuição de subsídios a determinados setores da economia.

Dinheiro

Guedes afirmou que não quer tributar empresas, mas sim os proprietários ricos que tiram dinheiro delas, e garantiu que o pacote de mudanças tributárias não aumenta a carga de impostos.

Guedes afirmou que a reforma tributária tem diretrizes muito claras e que o governo vai arrecadar mais sobre dividendos pagos aos investidores, ao mesmo tempo em que reduzirá os impostos para os trabalhadores assalariados.

O ministro disse que recebeu muito bem a reação do setor privado aos cálculos iniciais da reforma, acrescentando acreditar que ela vai sair e será aprovada. Ele disse estar confiante na aprovação do texto ainda neste ano pelo Congresso.

Guedes criticou ainda aqueles que considera negacionistas na economia, que não reconhecem os avanços e acertos da agenda econômica do governo e só o criticam.

Mercosul

Guedes também defendeu a modernização do Mercosul, destacando o fato de que o Brasil assumiu neste segundo semestre a presidência temporária do bloco comercial.

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O ministro disse que deseja que o Brasil tenha liberdade para firmar outras parcerias comerciais e reduzir tarifas de importação sem a necessidade de aval de todos os países membros do grupo, ao destacar a oposição da Argentina. Ele afirmou ter proposto “algo generoso” ao país vizinho.

“Queremos que eles nos deixem fazer”, ressaltou ele, citando o fato de que agora é a “hora certa” de o Brasil abrir um pouco mais a sua economia.

(com Reuters)

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