Gastos com juros do setor público têm pior mês de julho em 6 anos

Dívidas saltaram a R$ 45,119 bilhões devido aumento de inflação e taxa Selic
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Os gastos do setor público consolidado com juros saltaram a R$  45,119 bilhões, frente a R$ 5,838 bilhões no mesmo mês do ano passado, num reflexo do peso para as contas do governo de variáveis como inflação e Selic mais altas.

Este foi o pior dado para o mês desde julho de 2015, quando os juros nominais alcançaram R$ 62,753 bilhões. 

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Segundo o Banco Central, o dado foi também influenciado pelo resultado desfavorável com operações de swap cambial no período: a perda foi de R$ 8,9 bilhões em julho deste ano, contra um ganho de R$ 16,3 bilhões em igual período de 2020.

Com os swaps, o BC oferece proteção a agentes de mercado contra a volatilidade do câmbio. Quando o dólar cai frente ao real o BC é ganhador e, quando a moeda norte-americana sobe, o BC perde.

Em julho, o avanço do dólar foi influenciado por temores quanto ao compromisso do Executivo com a sustentabilidade das contas públicas, em meio a avaliações de que a tentativa de diminuir a conta de precatórios para 2022 viria carregada de intenções eleitoreiras, para financiamento de mais gastos em ano de corrida presidencial.

Em coletiva de imprensa, o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, pontuou que, expurgado o efeito dos swaps, a conta de juros nominais ainda teria crescido R$ 14,1 bilhões em julho sobre um ano antes, impactada pelo próprio aumento no estoque nominal na dívida pública e pela elevação da Selic e do IPCA, os dois principais indexadores da dívida.

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Diante do avanço de preços na economia, embalado por fatores como o aumento da energia elétrica e do preço de commodities, o BC já elevou a taxa básica de juros a 5,25% ao ano, ante mínima histórica de 2% no início do ano. E a sinalização é de mais apertos pela frente para ancorar as expectativas de inflação, que têm se distanciado das metas estabelecidas pelo governo.

Agentes do mercado já preveem um IPCA de 7,27% este ano e 3,95% no ano que vem, conforme boletim Focus mais recente, sendo que as metas são de 3,75% e 3,50%, respectivamente, nos dois casos com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Déficit primário:

O BC também divulgou hoje (31) que o setor público consolidado brasileiro teve déficit primário de 10,283 bilhões de reais em julho, com o rombo em 12 meses passando a 2,89% do Produto Interno Bruto (PIB). Em pesquisa Reuters, a expectativa era de um déficit menor para o mês, de R$ 6,65 bilhões. Em julho do ano passado, o déficit foi de R$ 81,071 bilhões, impulsionado pelos gastos ligados ao enfrentamento da crise de Covid-19.

Desta vez, o rombo veio por um déficit primário de R$ 16,842 bilhões do governo central e de R$ 786 milhões das estatais federais, ao passo que governos regionais tiveram superávit de R$ 7,345 bilhões. Em julho, a dívida pública bruta ficou em 83,8% do PIB, sobre 83,9% em junho. A dívida líquida, por sua vez, caiu a 60,3% do PIB, ante 60,8% no mês anterior, influenciada principalmente pelo aumento do PIB nominal, apontou o BC.

A expectativa do mercado, segundo pesquisa Reuters, era de dívida bruta de 83,7% e dívida líquida de 60,6% do PIB.

(Com Reuters)

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