Como controlar o impulso consumista durante a Black Friday

Simone Sgarbi, especialista em educação financeira, dá dicas para não cair nas tentações e acabar em dívidas
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Como controlar o impulso consumista durante a Black Friday
Pesquisa de Expectativas Black Friday 2021, da Associação Brasileira de Shopping Centers aponta uma estimativa de venda 19% superior ao da mesma data do ano passado (Foto: Envato Elements)

Se há um momento do ano que testa os limites dos consumidores, esse momento é a Black Friday. Para alguns deles, inclusive, a provação é ainda maior: dura o mês de novembro inteiro. Em 2021, com o amadurecimento digital da população provocado pela pandemia de Covid-19 e o consequente isolamento social, há quem preveja que essa seja a maior liquidação de todos os tempos.  

A Pesquisa de Expectativas Black Friday 2021, da Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE), feita em todo o país, aponta uma estimativa de venda 19% superior ao da mesma data do ano passado. O levantamento também indica que o setor deve movimentar R$ 2,9 bilhões entre os dias 25 e 28 de novembro. Apesar da inflação no período (10,67%), a expectativa é de expansão do volume de vendas, da ordem de 7% sobre 2020.

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Para ajudar as consumidoras que já estão endividadas – ou que querem se organizar financeiramente e não extrapolar no consumo durante esse período – mas não conseguem ficar longe de uma boa pechincha, a EQL conversou com Simone Sgarbi, especialista em educação financeira e membro da PLANEJAR (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Uma ex-endividada, Simone experimentou, na pele, o que é consumir por impulso e as consequências desse hábito. “Não estamos falando apenas de vida financeira. O endividamento também afeta a vida profissional e pessoal”, diz.

A Black Friday, que surgiu nos Estados Unidos e começou a ganhar força no Brasil em meados de 2012, é realizada sempre na quarta sexta-feira do mês de novembro, logo após o feriado norte-americano do Dia de Ação de Graças. Com promoções que podem chegar a 90% do valor original, a data acaba mexendo até com hormônios: “A Black Friday aciona o nosso medo de escassez, mexe com a nossa vontade de pertencer a um grupo e estimula a dopamina, que é o hormônio do prazer. Afinal, o ato da compra nos dá um prazer momentâneo”, explica a especialista.

Simone alerta, ainda, que a Black Friday acabou adiantando o endividamento da população, que antes começava em dezembro e janeiro, com as compras de Natal e de ano novo, o pagamento de impostos e os gastos de começo do ano com os filhos, como material escolar e rematrícula nas escolas. 

“A gente vem acompanhando o endividamento das pessoas, e a compra por impulso é um dos principais fatores que levam a esse tipo de situação. A Black Friday acaba colaborando muito com isso, uma vez que a data aciona todos os tipos de gatilhos de consumo”, explica Simone. 

Planejamento

Como controlar o impulso consumista durante a Black Friday
Simone Sgarbi, do canal @investir_eu, é especialista em educação financeira e membro da PLANEJAR (Foto: Divulgação)

Para passar longe do endividamento que as compras por impulso podem causar, a especialista aponta práticas simples que podem fazer a diferença. “A primeira dica é fazer uma lista bem antes da data e, ao longo dos meses, acompanhar o preço desses produtos. Isso faz com que seja mais difícil cair em falsas liquidações”, comenta a especialista.

O planejamento, aponta Simone, também passa pela motivação por trás da compra: “Você quer uma geladeira nova porque a sua quebrou e o conserto é mais caro do que comprar uma nova, ou você quer um produto mais moderno?”, provoca. “Não tem problema querer uma geladeira mais moderna, mas é importante planejar essa compra de acordo com o seu orçamento”, explica. 

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Com a crise sanitária, que jogou 71% das famílias brasileiras no endividamento, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Simone faz um outro alerta: “Uma vez que a renda não acompanha a inflação, é importante fazer um planejamento de tudo, inclusive dos momentos de lazer, como as viagens de férias”. Por isso, a organização das compras a longo prazo, de acordo com a especialista, facilita o acompanhamento dos preços e pode, inclusive, apontar oportunidades anteriores à Black Friday. 

Desviando das armadilhas

Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) divulgados em outubro deste ano apontam que 58% dos brasileiros já compraram alguma coisa por impulso depois de receber uma notificação no celular. Segundo o estudo, essas compras não planejadas são motivadas, em 58% dos casos, por notificações de ofertas de aplicativos de lojas. Já 49% das pessoas tiveram suas compras motivadas por e-mails com ofertas e 48% por promoções e propagandas no Instagram.

“Isso mostra que o consumidor está passivo, não está ativamente procurando por um produto, e acaba sendo bombardeado por promoções. A principal defesa é pensar se a gente precisa mesmo daquele produto. Eu sei que é difícil, porque o prazer da compra é real, a gente não pode menosprezá-lo, mas é necessário pensar em um prazer maior, que é como não se endividar fazendo essas compras”, explica a especialista. 

Para desviar dessas armadilhas virtuais, Simone aponta passos simples para evitar o sofrimento como consumidor. “Ao pesquisar algum produto, utilize a aba anônima, assim você não ficará recebendo propagandas. Saia das listas de e-mail marketing de lojas e apague as informações do seu cartão de crédito de todos os sites, assim, toda vez que você precisar fazer uma compra, será necessário colocar todos os dados mais uma vez. Esse hábito, que pode ser muito trabalhoso, faz com que a gente pense por alguns segundos se aquela compra vale realmente o esforço”, explica. 

Como aproveitar a Black Friday

A especialista concorda que a data também possui suas vantagens e que é possível utilizar as promoções até como uma forma de fazer renda extra, ou seja, comprar barato para vender mais caro depois. Porém, Simone ressalta que é importante, mais uma vez, planejar esse consumo para que não seja mais uma compra no impulso.

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“A única questão é que você não pode se endividar para fazer isso, pegando um empréstimo no banco para arcar com a compra, por exemplo. É importante juntar o dinheiro ao longo do ano e se planejar para esse investimento, que pode, inclusive, acabar ajudando nos gastos de final e começo de ano”, explica.

Além disso, a especialista aponta que a Black Friday apresenta uma grande oportunidade de consumo e que pode valer a pena para produtos necessários. Mas alerta, mais uma vez, que esse consumo próprio deve estar programado e fazer parte da lista de prioridades dos consumidores. “Planejar é economizar tempo e dinheiro.”

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