Metaverso: a próxima grande revolução tecnológica já começou

Conceito tirado da ficção científica está cada vez mais perto de se tornar a nova realidade da internet
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Cada vez mais perto de se tornar realidade, metaverso é a próxima aposta do futuro (Foto: Unsplash)

Quando, em 1992, o escritor norte-americano Neal Stephenson usou o termo “metaverso” para se referir a um universo digital fictício, ele estava supondo o que a humanidade poderia esperar de um futuro online. Mas as  previsões descritas em seu livro “Snow Crash” parecem ter se confirmado mais rápido do que o esperado, já que, em outubro, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, uma das pessoas mais ricas do mundo, anunciou a troca de nome do negócio para Meta – uma referência ao que ele acredita ser o destino de toda a internet. 

Na obra de ficção científica, o protagonista Hiro Protagonist concilia seu trabalho de entregador de pizzas na vida real com o de guerreiro samurai no plano virtual, o metaverso. Apesar de o termo ainda não existir naquela época, Stephenson acertou a essência do que hoje é um dos conceitos mais populares da tecnologia. Assim como na história, o metaverso se propõe a constituir uma realidade paralela onde as pessoas poderão realizar praticamente todas as atividades da vida cotidiana. 

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A Meta, de Mark Zuckerberg, está à frente da nova tecnologia (Foto: Divulgação)

Na prática, cada pessoa seria representada por um avatar virtual personalizado, no mesmo estilo dos que existem nos jogos tridimensionais como “Second Life”. Enquanto isso, lugares, eventos e estabelecimentos ganhariam a sua versão digital 3D em RA (realidade aumentada), permitindo acesso e interação em tempo real. Com isso, espera-se uma quebra quase total de barreiras geográficas, já que viagens e encontros poderiam acontecer de forma instantânea independentemente da localização física de seus usuários.

No entanto, vale destacar que o metaverso não é um jogo. Isso quer dizer que as ações realizadas no mundo digital terão praticamente a mesma validade das movimentações reais. Assim, não só será possível trabalhar e se relacionar no universo virtual, como também ganhar dinheiro e adquirir bens. As experiências devem se expandir tanto que algumas pessoas já questionam se será possível deixar de viver a realidade em detrimento do mundo online. 

Adaptação para a tecnologia

Apesar da euforia que domina o assunto, a humanidade provavelmente ainda precisará de alguns anos para conseguir receber uma tecnologia como a do metaverso. O primeiro passo para isso seria o avanço da própria internet, principalmente do 5G, como pontua a consultora de marketing e tecnologia Camila Renaux, especializada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). “No Brasil não temos uma infraestrutura tão acessível como em países como a Coreia do Sul”, afirma. “Isso significa que precisaremos de estrutura básica para uma internet veloz, poder computacional para placas de vídeo e sons compatíveis com o nível de experiência que desejamos usufruir”, completa.

Por parte dos usuários, será necessário adquirir os óculos de realidade virtual para acessar a simulação. A Meta já possui no mercado o seu próprio modelo, o Meta Quest 2 (anteriormente chamado de Oculus Quest), dispositivo que pode ser adquirido por cerca de R$ 3.400. No início deste ano, o jornal “The New York Times” afirmou que empresas como o Google e a Apple também estão dedicadas a produzir sua versão do aparelho, o que deve expandir as opções em um futuro próximo.

O Meta Quest 2 é o mais próximo de um dispositivo adaptado a realidade meta (Foto: Divulgação)

Além disso, outras ferramentas devem surgir para melhorar a experiência virtual, como roupas táteis, salas com câmeras ultra sensíveis ao movimento e smartphones com internet rápida. “Como em toda mudança, a tecnologia para que seja viável a implementação do metaverso começará por nichos: o mercado de games e o de reuniões corporativas são exemplos de segmentos que já iniciaram a implementação tecnológica para experiências virtuais imersivas”, pontua. À frente do projeto, a Meta já explora a criação de ferramentas como estas. Um protótipo do que seria uma luva tátil capaz de simular sensações, pesos e texturas foi exibida por Zuckerberg em novembro, embora não tenha previsão de lançamento. 

Atração de investimentos

Show de Travis Scott aconteceu no mundo virtual de “Fortnite” (Foto: Divulgação)

Apesar de parecer inacessível para o público em geral, algumas versões do metaverso já estão em funcionamento – mesmo que em proporções menores. Como citado acima, essa já é uma realidade no segmento dos games. É o caso de jogos como “Pokemon Go”, que explora a realidade mista ao unir digital e real, ou “Fortnite”, que em abril de 2020 promoveu um show virtual exclusivo do rapper Travis Scott para 14 milhões de usuários. 

Em novembro, a Disney patenteou uma tecnologia própria para levar a realidade aumentada aos parques temáticos da sua rede. Segundo a companhia, a expectativa é que as atrações tridimensionais façam parte do conjunto de experiência dos cenários e brinquedos, fazendo do metaverso um atributo a mais para os clientes. 

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A Microsoft segue o mesmo caminho. Em março de 2021, a empresa anunciou o lançamento da “Mesh”, plataforma que usa a holoportação (espécie de holograma 3D) para reunir pessoas em um mesmo espaço. A nova tecnologia logo passou a fazer parte do Teams, criando o cenário ideal para reuniões virtuais e tridimensionais. Mesmo futurista, o modelo atende a uma necessidade real do mercado, já que um estudo promovido pela fabricante de computadores Lenovo mostrou que 44% dos profissionais estão dispostos a adotar o metaverso como novo escritório. 

Até nomes tradicionais do mercado de luxo, como Gucci, Ralph Lauren e Balenciaga já garantiram o seu espaço ao lançar peças destinadas a jogos. Criadas para vestir os avatares dos jogadores, os itens chegam a custar US$ 4.115, como é o caso da bolsa Dionysus, da Gucci, que na vida real vale cerca de US$ 2.790.

Marcas como Gucci já estão apostando no conceito de RA (Foto: Divulgação)

Para Daniela Penteado, gerente de contas na WGSN, empresa especializada em tendências de comportamento, o metaverso trará um leque de oportunidades em relação aos modelos de consumo. Além de criar oportunidades econômicas alternativas para os varejistas, incluindo versões online dos produtos, a tecnologia deve criar novos hábitos e necessidades. “É o momento ideal para as marcas criarem playgrounds sociais e mundos virtuais próprios. Quem investir logo no comércio em 3D ou na RA estará à frente da competição, oferecendo experiências imersivas que vão adicionar valor às transações”, explica.

A relação entre o público e as empresas é outra coisa que deve mudar com a chegada do metaverso. Segundo a executiva, espera-se que a tecnologia revolucione o mercado de anúncios, permitindo interações públicas e personalizadas por meio de ferramentas de realidade mista. Além disso, deverá ser possível testar e provar produtos online antes de receber o item físico. “O metaverso vai confundir os limites entre cultura e comércio, possibilitando um nível de engajamento muito superior entre consumidores e marcas.”

Riscos existem e já levantam discussões

Segundo Mark Zuckerberg, o metaverso será a próxima grande evolução da internet móvel. Com isso, espera-se que alguns dos “velhos” problemas da rede sejam herdados pela nova tecnologia. Entre eles, questões ligadas à privacidade, uso de imagem e de dados. “Como será o controle em um ambiente totalmente virtual, mas que eu percebo como presencial, em uma experiência realista e imersiva?”, questiona Camila. 

Essa é a mesma pergunta feita por pesquisadores como Carissa Véliz, professora do instituto de ética da Universidade de Oxford. Recentemente, a acadêmica deu uma entrevista à rede britânica BBC na qual sugeriu que a criação de um mundo virtual pode não ser tão benéfica para as empresas caso haja preocupações efetivas com os direitos individuais de cada usuário. “Não está claro se existe algum incentivo para que elas construam esse universo de uma forma que beneficie a democracia”, disse. 

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Assim, embora o metaverso não conte com uma jurisprudência, não deve demorar para que as autoridades avancem nesse sentido. Episódios de vazamentos de dados envolvendo o próprio CEO da Meta são um dos motivos para que pautas como essas mudem o status atual do metaverso de “terra de ninguém”. Até lá, resta ao público acompanhar o surgimento do que deve ser uma das maiores reviravoltas tecnológicas de todos os tempos.

“Na perspectiva comportamental e até mesmo conceitual, já vivemos no metaverso”, afirma Camila Renaux. “Dificilmente iremos nos recordar de quem nos deu um ‘bom dia’, mas nos lembramos de comentários deixados nas redes sociais, enquanto a textura da pele obtida com o uso de filtros no Instagram é cada vez mais relatada como a ideal em consultórios de cirurgia plástica”, destaca. 

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