B3 anuncia novos BDRs; entenda o que são esses ativos e se vale a pena apostar neles

A Bolsa brasileira passará a negociar 16 novas opções de produtos de empresas de Londres, Canadá e Amsterdã
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BDRs
(Foto: Divulgação)

Na última terça-feira (22), os investidores brasileiros ganharam 16 novas opções de produtos para negociar na Bolsa de Valores, a B3. Todos os novos ativos são BDRs, os Brazilian Depositary Receipts ou Certificados de Depósitos de Ações, investimentos que possibilitam ao investidor pessoa física investir no exterior.

Conforme explica Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research, os BDRs equivalem a pedaços de ações de empresas listadas em bolsas de valores de mercados fora do Brasil. No caso dos novos produtos disponíveis na B3, esses pedaços de ações são de empresas listadas nas bolsas de Londres, Canadá e Amsterdã.

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De acordo com a própria B3, no último trimestre de 2021 os BDRs foram os ativos de renda variável que mais cresceram em número de investidores pessoa física. “Com um aumento de 994%, quando comparado ao mesmo período de 2020, eles chegaram à marca de 1,4 milhão de investidores”, afirma a instituição, em nota.

O que é um BDR?

Os BDRs são produtos relativamente recentes para o investidor pessoa física, já que a B3 só passou a oferecer essa opção de investimento para o público geral em 2020. Ariane Benedito, economista da CM Capital, explica que esses ativos são um instrumento que possibilita que os brasileiros possam acessar o mercado internacional sem necessariamente abrir uma conta em um banco ou corretora estrangeiros.

A economista utiliza como exemplo a Apple, uma das empresas mais negociadas no Brasil por meio de seus BDRs. Por ser listada na Nasdaq, em Nova York, o investidor brasileiro não consegue comprar uma ação da Apple pela B3. Já para acessar diretamente a Nasdaq e comprar a ação, ele precisaria abrir uma conta no exterior.

Os BDRs não são as ações propriamente ditas, mas certificados de fragmentos dos papéis que são emitidos por uma instituição financeira brasileira e, posteriormente, listados na Bolsa e colocados à disposição dos investidores nas diferentes plataformas de investimentos.

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Como funcionam esses investimentos?

Para que esse mercado opere, uma instituição financeira, como os bancos, compra um número de ações da empresa que quer distribuir no Brasil, como a Apple, citada no exemplo acima. Em  seguida, essa instituição emite um certificado correspondente a uma fatia dessas ações e as disponibiliza para venda.

Assim que um investidor se interessa por aquele ativo e realiza a compra, ele passa a ser dono daquele certificado (que é, justamente, o BDR) e as ações originais ficam bloqueadas até que o próprio investidor decida vender seu certificado. Ou seja, o investidor se torna dono da ação, que fica custodiada na instituição financeira, por meio do BDR.

“Esse BDR vai refletir a oscilação das ações da empresa negociadas no mercado internacional. Então, com o ativo, o investidor estará exposto às mesmas oscilações de preço de quem possui os papéis diretamente”, ressalta Ariane.

Vale a pena investir em BDRs?

Para a especialista, os BDRs são uma “excelente ferramenta de diversificação de carteira”, em que o investidor, de forma primordial, expõe-se a economias diferentes, de países diferentes, com acesso a grandes empresas, sem a necessidade de ter uma conta no exterior. Segundo a economista, uma boa opção – e mais fácil também – para quem é iniciante no mundo dos investimentos.

Segundo Danielle, da Nord Research, os BDRs também oferecem uma maior diversificação setorial do que os ativos de empresas brasileiras. Ou seja, no exterior há setores da economia em que o Brasil ainda não possui uma forte participação, como tecnologia, por exemplo, e com os BDRs é possível acessar essas empresas e segmentos.

No entanto, a analista destaca que, por serem produtos listados na Bolsa de Valores brasileira, eles também são tributados com base nas regras de imposto de renda do país. Dessa forma, para os investidores com mais conhecimento, investir diretamente no exterior, com uma conta estrangeira, pode ser uma boa opção, pontua Danielle.

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Quais são os novos BDRs da B3?

EmpresaSetor/AtividadeCódigo de negociação do BDRPaís de origem da ação
ABN AMRO BankFinanceiroABNB34Holanda
Akzo NobelFabricante de tintasAKZA34Holanda
Allfunds GroupTecnologiaALFG34Holanda
Anglo AmericanMineraçãoAGPL34Reino Unido
Barrick GoldMineraçãoGOLD34Canadá
Clover Health InvestmentsSaúde CLOV34Estados Unidos
ExperianTecnologiaEXPN34Reino Unido
GlencoreMineraçãoGLEN34Reino Unido
HeinekenCervejariaHEIA34Holanda
Heineken HoldingControladora do grupo KeinekenHEIO34Holanda
London Stock Exchange GroupFinanceiroLSEG34Reino Unido
Royal Bank of CanadaFinanceiroRYBD34Canadá
The Bank of Nova ScotiaFinanceiroBNSB34Canadá
Standard CharteredFinanceiroSTAN34Reino Unido
TescoRede varejistaTSCO34Reino Unido
Thomson Reuters CorporationComunicaçãoTRIB34Canadá
Fonte: B3

Quais os BDRs mais negociados na B3?

Segundo dados da B3, atualmente há 827 BDRs listados na Bolsa. Deste total, 671 são ativos originários dos Estados Unidos, 28 do Reino Unido e 21 do Canadá. Os outros 107 são ativos de países da América Latina, Ásia e outras regiões da Europa.

Entre as principais opções dos brasileiros, o destaque absoluto fica com os papéis das big techs – ou gigantes da tecnologia. De acordo com o boletim mensal da B3, em janeiro de 2022 os 10 BDRs mais negociados pelos investidores pessoa física foram:

  • Tesla, fabricante de veículos eléctricos, com 19,4% das negociações;
  • Mercado Livre, plataforma de e-commerce, com 10,8% das negociações;
  • Alibaba, grupo chinês de tecnologia, com 6,5% das negociações;
  • Apple, fabricante de celulares e outros eletrônicos, com 5,4% das negociações;
  • Microsoft, empresa de software, com 5,3% das negociações;
  • Alphabet, controladora do Google, com 5,2% das negociações;
  • Nvidia, fabricante de peças de computador, com 4,2% das negociações;
  • Meta, controladora do Facebook, com 3,5% das negociações;
  • Netflix, serviço de streaming audiovisual, com 2,9% das negociações;
  • Amazon, empresa de tecnologia, com 2,3% das negociações.

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