Jogadora do FC Kryvbas Women, Lidiane Oliveira fez as malas e embarcou com destino à Ucrânia em agosto de 2020. Essa é sua segunda passagem pelo país: a atleta já havia jogado lá na temporada 2018-2019. Ainda que no mesmo endereço de anos atrás, a vida atual de Lidiane não é, nem de longe, parecida com a do passado recente no país.
Com a invasão da Ucrânia pelo exército russo, os jogos e treinos deram lugar à luta pela fuga do país. Lidiane e suas companheiras brasileiras de time, Gabriela Zidoi e Kedma Laryssa, tentam sair do território ucrânianio rumo à Polônia, mas os trens lotados não permitem.
Conheça a plataforma de educação financeira e emocional EQL Educar. Assine já!
“A cidade onde eu moro, Kryvryi Hih, não foi bombardeada como as outras, mas houve um bombardeio em uma base militar. E, como era perto de onde a gente morava, saímos de lá e fomos para outro hotel”, conta a atleta.
“Ontem, eu e as outras brasileiras tentamos sair, por conta própria mesmo, mas não conseguimos porque as estações de trem estavam muito, muito cheias. Hoje, as meninas do nosso time também vieram para cá e estamos em sete… Na verdade seis, uma não conseguiu chegar”, conta, explicando que esta se desencontrou do grupo.
Foi logo na manhã do dia 24 de fevereiro que Lidiane recebeu a notícia da invasão russa. E a informação veio de quilômetros de distância. “Minha mãe me ligou e mandou mensagem contando o que tinha acontecido. Então acessei a internet e vi que era mesmo verdade: a Rússia tinha invadido a Ucrânia”, relembra. Com a família longe, o sentimento que predomina é a angústia. “Eles estão bem agoniados, preocupados.”
Mas Lidiane e as companheiras do Kryvbas Women seguiram tentando embarcar em um trem que as levasse até a fronteira do país. Nas redes sociais, a atleta mostra a realidade das pessoas que vivem situação parecida, na tentativa de embarcar em um vagão: a maioria mulheres e crianças, pessoas que tiveram que largar tudo para trás e tentar recomeçar em outro lugar, já que o amanhã é incerto.
Na manhã de hoje aqui no Brasil – por volta das 15h na Ucrânia – Lidiane e seu grupo finalmente conseguiram embarcar em um trem. O destino? “Acho que é a Polônia… O trem vai parar em uma cidade perto de lviv, mas tudo pode acontecer”, conta a jogadora. Ela explica que está em contato com a embaixada brasileira no país, mas que a ajuda, até agora, tem sido oferecida por voluntários.
Mesmo com as dificuldades para sair do país, o que predomina em Lidiane é a esperança de que, em breve, mesmo não sabendo como ou quando, elas conseguirão deixar a região do conflito. “O sentimento que predomina é o de medo, mas também de fé de que tudo vai dar certo”, finaliza a brasileira.
Fique por dentro de todas as novidades da EQL
Assine a EQL News e tenha acesso à newsletter da mulher independente emocional e financeiramente