Senado quer mais acesso a diagnóstico e tratamento do câncer de mama

No ano passado, a doença vitimou 685 mil mulheres em todo o mundo
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Com o objetivo de pedir apoio para as políticas públicas que facilitem o acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama, o Senado realizou ontem (26) sessão solene sobre o tema. A ação fez parte do encerramento da campanha Outubro Rosa, que visa compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença que, em 2020, vitimou 685 mil mulheres em todo o mundo.
 
Durante a sessão, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) citou dados de um levantamento feito no ano passado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, em inglês), segundo o qual o câncer de mama tornou-se o tipo de câncer mais diagnosticado em todo o mundo. Conforme a pesquisa, os novos casos deste tipo de câncer ultrapassaram, pela primeira vez, os de pulmão, que são a causa mais comum de morte por câncer. Apenas em 2020, foram 2,3 milhões de novos casos da doença em todo o mundo.

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“No Brasil, a estimativa aponta para incidência de 66 mil casos novos de câncer de mama em 2020, número que corresponde a um risco estimado de, aproximadamente, 62 casos novos a cada 100 mil mulheres. Com cerca de 18 mil óbitos anuais, essa neoplasia também é, entre nós, a causa mais frequente de morte por câncer entre as mulheres, independentemente da condição socioeconômica, superando inclusive, o câncer de pulmão que mais mata os homens”, disse Castro.

O senador Wellington Fagundes (PL-MT) defendeu a necessidade ampliar os esforços para que as mulheres tenham acesso fácil ao diagnóstico precoce da doença. De acordo com Fagundes, é preciso liberar o acesso aos exames de mamografia para detecção precoce do câncer de mama para mulheres de 40 a 49 anos no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a política do Ministério da Saúde para o tema diz que o acesso no SUS deve ser feito para mulheres de 50 a 59 anos. O senador defende, porém, a votação, pela Câmara dos Deputados, de um projeto de decreto legislativo para derrubar a portaria com a limitação.

“A proposta foi apresentada pelo senador Lasier Martins [Podemos-RS] e acolhida, posteriormente, em plenário, por todos nós, senadores e senadoras. Infelizmente, essa decisão ainda depende da Câmara dos Deputados. Até lá, somente mulheres de 50 a 59 anos de idade podem fazer o rastreamento mamográfico na rede pública”, afirmou Fagundes.

Para a mastologista do Hospital de Base de Brasília Carolina de Miranda Henriques Fuschino, quanto mais fácil o acesso à mamografia, à realização de biópsia e ao início do tratamento com quimioterapia e radioterapia,ao procedimento cirúrgico, mais chance a paciente tem de recuperação. “Há muita vida após o diagnóstico, e não precisamos ter medo do câncer de mama. Nós precisamos enfrentá-lo. Precisamos tratá-lo logo que descoberto. Educar, apoiar e cuidar”, disse a médica.

A medida também é apoiada pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), que defende, juntamente com o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Federação Brasileira dos Especialistas, o acesso à mamografia para mulheres na faixa de 40 a 50 anos, porque, segundo o presidente do Departamento de Políticas Públicas da entidade, João Bosco Ramos Borges, porque o Brasil é um dos poucos países que têm grande incidência de câncer em mulheres jovens. Borges disse que a limitação vigente no SUS traz desigualdade no acesso ao tratamento, uma vez que a mamografia já é liberada na rede privada a partir dos 40 anos.

“Todos nós que atendemos pacientes que têm convênio e fazem rastreamento a partir dos 40, temos resultados excelentes com essas mulheres. No entanto, [o atendimento] é privado, há falta de equidade com relação ao SUS, que rastreia a partir de 50 anos. Entendo as dificuldades econômicas, mas não deve ser isso”, acrescentou Borges.

O médico disse ainda que apenas cerca de 50% dos tumores no Brasil hoje são descobertos pelas mulheres em autodiagnósticos ou quando palpados por médicos e que é preciso educar as mulheres para que não tenham medo de realizar o procedimento da mamografia. “Isso é um desastre. Por quê? Porque o tumor que aparece na mamografia e não aparece clinicamente tem próximo de 90% de cura e o tumor que é palpado cai isso em aproximadamente 20% a 30%. Então, temos que fazer diagnóstico precoce, temos que fazer mamografia, temos que ampliar o acesso ao SUS das mulheres abaixo de 50 anos. Temos que melhorar o programa de agentes de saúde em um país em que as mulheres têm educação em saúde baixa, temos que fazer equidade com relação ao tratamento”, defendeu.

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Outra medida defendida por especialistas é a derrubada de um veto do presidente Jair Bolsonaro a um projeto que propõe o acesso rápido a medicamentos orais contra a doença. O ponto vetado amplia a cobertura de atendimento dos planos de saúde a esses medicamentos. De acordo com a senadora Leila Barros (Cidadania-DF), a derrubada do veto vai significar um avanço no tratamento do câncer, entre eles o de mama.

“Cabe a nós, congressistas, derrubar o veto e assegurar às brasileiras e aos brasileiros esse direito fundamental, quando se depara com o desafio de enfrentar um câncer. Seria, portanto, mais uma conquista do Outubro Rosa”, afirmou a senadora.

(Com Agência Brasil)

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