Ibovespa tem 1ª perda mensal desde fevereiro

Resultado foi impulsionado por preocupações com a inflação e política interna
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O Ibovespa fechou hoje (30) em forte queda, selando o primeiro mês negativo em cinco, com preocupações com a inflação e política interna, após alta de cerca de 15% acumulada nos quatro meses anteriores.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 3,08%, a 121.800,79 pontos, na sessão, menor patamar desde maio, acumulando perda de 2,6% na semana e de 3,94% no mês. No ano, a alta agora é de 2,34%. O volume financeiro nesta sexta-feira somou R$ 35,2 bilhões.

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Com a inflação ainda distante do centro da meta definida pelo Banco Central, houve aumento nas projeções para a taxa básica de juros, atualmente em 4,25%. Na próxima semana, o Copom deve promover mais uma alta, e várias instituições, a exemplo do Goldman Sachs, já esperam uma aceleração no aumento, para 1%.

Investidores também continuaram melindrados com as mudanças tributárias propostas no final de junho pelo governo federal, que tendem a persistir sob os holofotes em meio a negociações sobre um texto final, com algum desfecho aguardado para as próximas semanas.

Com popularidade em queda, o presidente Jair Bolsonaro trocou o comando da Casa Civil em busca de mais apoio no Congresso, ao mesmo tempo em que seguiu atacando o sistema eleitoral e o Supremo Tribunal Federal e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, bem como reafirmou a futura alta do Bolsa Família e aventou a manutenção do auxílio emergencial.

“Está voltando para a pauta esse risco político e esse ruído fiscal que a gente não via há algum tempo”, afirmou o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice.

A bolsa paulista ainda sentiu em julho os efeitos de uma série de ofertas de ações (folow-ons e IPOs), com muitos gestores se desfazendo de posições para participar das operações. Os volumes de negociação para uma média diária de R$ 27,8 bilhões, ante R$ 34,3 no ano.

Nas últimas duas semanas, agentes financeiros também se depararam com o começo da temporada de resultados corporativos, que tiveram repercussão mista – ora por resultados mais fracos do que o esperado, embora fortes, ora por pressões em margens, apesar de expansão significativa de receitas.

Do exterior, o crescimento de casos de coronavírus com a disseminação da variante Delta adicionou volatilidade, embora dados de atividade continuaram endossando o quadro de recuperação das economias. No entanto, vieram acompanhados das preocupações sobre os efeitos nos preços, em particular nos EUA.

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O Federal Reserve, porém, seguiu sinalizando que ainda não é o momento de retirar estímulos, embora tenha admitido que já começou a discutir o tema. Uma redução na política expansionista do banco central norte-americano pode ter efeito em fluxos de recursos que tendem a beneficiar emergentes como o Brasil.

Wall Street resistiu e o S&P 500 acumulou mais um mês de alta, o sexto consecutivo. A safra de balanços de empresas também repercutiu em Nova York, corroborando de modo geral o ambiente de retomada da economia norte-americana.

A China também trouxe desconforto, em meio a ações regulatórias mais firmes para setores como o de tecnologia, além de medidas de controle de preços de commodities, como a decisão da China de reduzir a produção de aço que fez o preço do minério de ferro em Dalian desabar 8% nesta sexta-feira.

O fluxo de capital externo no segmento Bovespa também caminha para fechar o mês negativo, com as saídas superando as entradas em R$ 7 bilhões até o dia 28, após três meses consecutivos de salto positivo, que no ano ainda alcança quase R$ 41 bilhões.

As maiores quedas do Ibovespa em julho foram Americanas ON, 25,9%; Lojas Americanas PN, 20,71%; e Via Varejo ON, 20,27%. Na ponta positiva, JBS avançou 10,14%, Cia Hering ON, 8,74%; e Rumo ON, 7,89%.

(com Reuters)

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