NFT: o que são os ativos intangíveis que movimentam milhões

Sistema opera como selo único para identificar e vender objetos físicos ou virtuais
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Mosaico de obras leiloadas pelo artista Beeple

Em março deste ano, o presidente do Twitter, Jack Dorsey, vendeu o seu primeiro tuíte por pouco mais de US$ 2,9 milhões como NFT, do inglês non-fungible token. Mas para entender o que é esse tipo de transação e como é possível de ser feita, é preciso saber o significado desse mercado de vendas e compras digitais que explodiu em popularidade no ano de 2021.

Você talvez esteja se questionando por qual motivo alguém compraria o tuíte de outra pessoa. Bom, a resposta é pessoal e só quem poderia respondê-la seria o comprador. Por mais estranho que possa parecer no primeiro momento, a compra de artigos colecionáveis é algo que acompanha os seres humanos há muito tempo.

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O que é NFT?

A sigla NFT (token não fungível, em português) é um tipo de chave eletrônica criptográfica que representa algo único e exclusivo. Os NFTs são registrados pelo sistema de blockchain, considerados seguros por embaralhar dados que evitam espionagem.

Blockchain é como se fosse um grande “livro contábil digital” que computa vários tipos de transações e tem registros espalhados por vários computadores.

Assim, é possível transformar qualquer ativo digital (obras de arte, jogos, códigos, vídeos, itens colecionáveis, etc.) em um NFT e comercializá-lo.

Em entrevista ao Elas Que Lucrem, Roberta Antunes, chefe de expansão da gestora Hashdex, especializada em investimentos em criptoativos, explica que a diferença entre algo fungível e não fungível. “Toda moeda é fungível, por exemplo, se você tem uma nota de dez reais, você consegue trocar por 5 notas de 2 reais ou 2 notas de 5 sem nenhum prejuízo. Isso não faz diferença. Já o NFT é não fungível, traz essa característica de escassez digital porque é único. Imagina um quadro original do Picasso, a gente sabe que tem muito valor. E podem ter várias copias tão parecidas que até há certa dificuldade em identificar a original sem um especialista. Mas só o original tem valor alto justamente porque ele é único”, diz.

Dados do site NonFungible, que monitora o setor de NFT, mostram que o mercado cresceu 131 vezes no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2020. Foram transacionados US$ 2 bilhões por meio destes ativos, sendo a maior parte destinada ao pagamento de obras de arte digitais.

Famosa imagem de Zoë Roth, quando ela tinha 5 anos em frente a uma casa em chamas

Um outro exemplo real de venda nesse mercado de certificados digitais únicos foi um famoso meme de uma fotografia de uma garota que sorri enquanto uma casa pega fogo ao fundo. A imagem é de 2005 e a garota, Zoë Roth, hoje com 21 anos, resolveu transformar o meme em NFT. Ela conseguiu vender a arte por US$ 473 mil, o equivalente a R$ 2,5 milhões.

Como funciona?

Para comercializar os ativos em NFTs é preciso acessar uma plataforma como Opensea, RaribleSuperRareNifty Gateway e Foundation. Algumas delas permitem que qualquer usuário crie e venda NFTs, mas outras exigem que você passe por um processo de inscrição que pode ou não ser aprovado. 

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Depois disso, você precisa vincular uma carteira de criptografia compatível, normalmente as plataformas estão usando o Ethereum, ou seja, a venda não é feita em moedas tradicionais como dólar ou euro, os tokens NFT são comercializados com criptomoedas.

“Muitas pessoas compram os ativos com o objetivo de que valorize e se torne um investimento. A tecnologia propiciou essa criação da escassez para a valorização desse ativo. Acho que faz muito sentido porque quando olhamos para o passado vemos como o ser humano é colecionador. O NFT garante que você faça isso de forma virtual com a propriedade intelectual em segurança”, destaca Roberta Antunes.

Embora a popularidade dos NFTs tenha crescido em 2021, eles surgiram em 2014 e começaram a ter destaque em 2017, com projetos com o dos CryptoPunks, imagens digitais de dez mil personagens colecionáveis vendidos sob a forma de tokens. Desde então, músicos, artistas, fotógrafos, criadores de conteúdo e outros entusiastas das negociações tecnológicas entraram nesse mercado.

“Da mesma forma que a publicação digital trouxe mais exposição para os escritores, os colecionáveis digitais trazem mais oportunidades para artistas e criadores. Pretendemos dobrar essa ideia, combinando o alcance global do eBay com o princípio de que qualquer um pode encontrar quase tudo em nossa plataforma”, declarou em um comunicado o vice-presidente e gerente geral do eBay, Jordan Sweetnam.

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