Dólar reduz ganhos após superar R$5,27

Criação de empregos nos EUA superaram a expectativa, mas cenário brasileiro ainda é visto com desconfiança
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O dólar apresentava pouca alteração contra o real na manhã de hoje (06), depois de chegar a saltar mais de 1% nas máximas do pregão na esteira de dados fortes sobre o emprego nos Estados Unidos, enquanto os investidores continuavam de olho nos juros e nas tensões fiscais locais.

Foram criados 943 mil postos de trabalho fora do setor agrícola dos EUA no mês passado, após 938 mil em junho, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de empregos nesta sexta-feira (06). A leitura refletiu demanda por trabalhadores no setor de serviços, sugerindo que a economia manteve seu forte impulso no início do segundo semestre.

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Economistas consultados pela Reuters esperavam criação de 870 mil postos de trabalho.

“A criação de vagas veio mais forte do que o esperado, a taxa de desemprego caiu (…) e os ganhos médios salariais subiram”, comentou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Segundo ele, todos esses fatores apontam para uma economia aquecida e elevam as apostas de que o Federal Reserve anunciará redução de seu estímulo à economia já em 2021.

“Acho que (as autoridades do Fed) vão fazer o máximo para separar o ‘tapering’ (redução das compras de títulos) da alta de juros, para não dar uma sensação mais ‘hawkish’ para o resto do mundo”, opinou Cruz, ressaltando que a taxa básica de juros norte-americana é importante referência para precificação de ativos em todo o mundo.

Às 10:39, o dólar avançava 0,33%, a R$ 5,2336 na venda, depois de chegar a tocar R$ 5,2763 na máxima do pregão na esteira dos dados, alta de 1,15%. Na B3, o dólar futuro era negociado em queda de 0,51%, a R$ 5,243.

No exterior, o dólar ganhava 0,37% contra uma cesta de pares fortes.

Embora a redução da compra de títulos nos Estados Unidos não signifique, necessariamente, um aumento de juros, ela é vista como precursora de custos de empréstimos mais altos no país, o que, por sua vez, tende a fortalecer a moeda norte-americana.

Cenário doméstico em foco

No Brasil, a política monetária também estava no radar dos investidores, após o Banco Central elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual em encontro que se encerrou na quarta-feira (04).

“Com a alta de juros, o que se espera a partir daí é o ingresso de mais recursos estrangeiros para aplicação em renda fixa no Brasil. Com a maior oferta de dólares no mercado doméstico, a expectativa é de que a moeda norte-americana caia”, explicou à Reuters Bruno Mori, da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).

No entanto, disse ele, os riscos fiscais e políticos têm atrapalhado o desempenho da moeda brasileira nos últimos dias, principalmente em meio a dúvidas sobre a capacidade do governo de pagar precatórios com vencimento em 2022.

Questionado sobre as perspectivas de alívio no front fiscal, Mori disse que a situação “depende muito de o governo conseguir criar receita”, e afirmou também que a aproximação das eleições presidenciais de 2022 tende a trazer ruídos.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista teve alta de 0,53%, a R$ 5,2163 na venda.

(Com Reuters)

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