Ruído fiscal eleva dólar ante real

Mercado aguarda novas diretrizes para a taxa Selic e Brasília retoma CPI
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O dólar acelerava a alta hoje (3), chegando a superar os R$ 5,25 em meio a temores fiscais –impulsionados pela notícia de que o governo quer alterar a dinâmica de pagamento para precatórios–, que compensavam as expectativas de que o Banco Central seja mais agressivo ao elevar a taxa Selic nesta semana.

Às 10h38, o dólar avançava 1,63%, a R$ 5,2498 na venda. No pico do dia, a moeda saltou 1,84%, a R$ 5,2603.

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Enquanto isso, o dólar futuro de maior liquidez tinha ganho de 1,35%, a R$ 5,267.

Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, explicou à Reuters que o ambiente doméstico repleto de incertezas é o principal impulso para o movimento desta manhã. “O cenário interno é de incerteza política, e ao, mesmo tempo, o mercado também começa a ficar preocupado com questões fiscais, que voltam para o radar.”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira que o pagamento integral dos precatórios calculados para 2022, da ordem de R$ 90 bilhões, atingiria as despesas federais como um todo, e não só o programa Bolsa Família, e admitiu que o governo já redigiu esboço de Proposta de Emenda à Constitucional (PEC) para instituir uma nova dinâmica de pagamento.

Para Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, a impressão que fica é de que essa é uma forma de acomodar medidas populistas do presidente Jair Bolsonaro com a retirada de componentes importantes do teto de gastos: “Isso tende a elevar o risco fiscal e gestão da divida pública”, afirmou.

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A notícia sobre os precatórios vem em meio à grande pressão do presidente da República por um novo Bolsa Família mais alto. Ortiz disse à Reuters que “elevar (o valor do auxílio) é a última tentativa de Bolsonaro para manter sua popularidade”.

Copom em foco

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dá início nesta terça-feira a seu encontro de dois dias para decidir o novo patamar dos juros básicos, e boa parte dos agentes do mercado aposta numa elevação de 1%. Caso se confirme, essa será a quarta alta consecutiva da taxa Selic e a mais acentuada desde fevereiro de 2003.

A decisão tem potencial para pressionar o dólar contra o real, uma vez que juros mais altos tendem a tornar a moeda brasileira mais atraente para o investidor estrangeiro, mas a conjuntura política e fiscal pode limitar a desvalorização, disse Stefany Oliveira.

Na segunda-feira, a moeda norte-americana spot fechou em queda de 0,84%, a R$ 5,1654 na venda.

(com Reuters)

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