Sabe aquela ideia boa que já ventilaram, mas ninguém havia tido coragem de colocar em prática?
Isso aconteceu com o Nubank e a iniciativa de dar um recibo de ação (BDR) negociado na bolsa brasileira correspondente a uma fração de 1/6 de ADR negociada nos Estados Unidos para clientes que aderirem ao programa a partir de 9 de novembro. Este único título a que o correntista terá direito tem valor estimado entre R$ 9,35 e R$ 10,29.
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Segundo o banco digital, este “presente” poderá variar de acordo com a autorização da operação por parte dos órgãos reguladores no Brasil e nos EUA, no caso a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a U.S. Securities and Exchange Commission (SEC), respectivamente.
A estratégia foi anunciada no início desta semana junto com os detalhes da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do Nubank na bolsa de valores de Nova York, a NYSE. A operação ainda não tem data prevista e espera pelas autorizações oficiais. Estima-se que o Nubank estreie na bolsa norte-americana avaliado entre R$ 258 bilhões e R$ 274 bilhões.
Além de condições aos clientes para a adesão ao programa – como estar ativo e não ter contas atrasadas no cartão de crédito do banco -, o Nubank estabeleceu um limite de R$ 180 milhões para esta partilha que poderá ser ampliado em 25%. Se o valor chegar a R$ 225 milhões, representará 0,08% do capital da empresa. Caso a adesão ultrapasse o montante, o banco terá “fila de espera” de clientes interessados em receber a fração de BDR.
Depois que o cliente ganhar a fração de seu BDR, só poderá operar após 12 meses. Antes, o Nubank tem planos de realizar um trabalho de educação dos novos investidores. O cliente não será obrigado a ter conta de investimento e o banco poderá ser seu comissário mercantil, depositando o valor equivalente na conta de pagamentos.
Antes, empresas como a GoPro já haviam sinalizado incluir clientes e fãs em programa semelhante durante processos de IPO, mas não chegaram a concretizar a ideia. Corretoras digitais norte-americanas de ações também têm iniciativas de oferecer algumas poucas ações para novos clientes. No entanto, entre companhias do porte do Nubank, a partilha de ações é uma prática desconhecida até momento no mercado.
Base de clientes como investidores em potencial
Desde a compra da plataforma de investimentos Easyinvest, em setembro de 2020 por US$ 451,50 milhões (equivalente a R$ 2,57 bilhões), o Nubank vem estudando internamente estratégias para oferecer o serviço. O anúncio da possibilidade de operar pelo aplicativo do banco só aconteceu quase um ano após a aquisição, quando a Easyinvest foi rebatizada de Nu Invest.
De acordo com participantes do mercado, a oferta de BDRs em uma base de clientes composta por 48 milhões de pessoas (até o final de setembro) é uma estratégia para doutrinar correntistas a uma iniciação no mercado de renda variável. Em uma adaptação do ditado popular “melhor não dar o peixe, mas ensinar a pescar”, o Nubank oferece ao correntista um peixe bem pequenino para que ele pegue o gosto pela atividade e siga em frente pescando, ou melhor, operando via plataforma.
Além de fisgar novos investidores, a iniciativa do Nubank tem o objetivo de chamar a atenção dentro e fora da companhia aqui no Brasil e no exterior para seu IPO. Segundo fontes no mercado, o custo da partilha de BDRs até o limite de R$ 180 milhões fica muito mais barato do que o investimento em estratégias de marketing em escala global. Só para a garota-propaganda do banco, a cantora Anitta, o Nubank teve que desembolsar R$ 36 milhões.
Luciene Miranda é repórter especial na Elas Que Lucrem.
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