Entenda o que levou as ações da Stone a despencarem mais de 88% em um ano

Além das maquininhas, empresa brasileira listada na Nasdaq também oferece empréstimos para pequenos e médios negócios
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Stone
Foto: Reprodução Stone

Depois de mais de três anos de sua estreia na Nasdaq, a principal bolsa de valores das empresas de tecnologia dos Estados Unidos, a empresa brasileira de pagamentos Stone, conhecida pelas maquininhas verdes, vive um dos piores momentos do ponto de vista de ações e de valor de mercado. A queda, explicam especialistas, foi impulsionada pela inadimplência dos brasileiros. 

Com base nos valores do fechamento de mercado desta segunda-feira (21), uma ação da companhia vale US$ 10,71, preço muito inferior aos US$ 24 que os papéis custavam em 2018, quando a Stone começou a negociar em território norte-americano com um valor de mercado de cerca de US$ 2,8 bilhões.

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Essa cotação representa uma queda acentuada de mais de 88% nos últimos 12 meses, ou uma baixa de R$ 132 bilhões em valor de mercado. Há um ano, uma ação da companhia era vendida por mais de US$ 90.

O que impulsionou os papéis da Stone?

Na época de seu IPO (abertura de capital, da sigla em inglês), a empresa atraiu a atenção de alguns dos principais investidores do mundo, inclusive de Warren Buffett, considerado o maior investidor pessoa física da atualidade. Até os primeiros meses de 2021, a companhia viveu uma fase de ótimos resultados em Wall Street, na esteira da preferência dos investidores por ações de tecnologia.

Os papéis do setor, conhecidos também como papéis ou ações de crescimento, são opções amplamente procuradas em momentos de juros baixos, uma vez que a facilidade de obter empréstimos e financiamentos baratos é um indicativo de que essas empresas podem crescer muito e rapidamente.  

Neste contexto, a Stone ganhou ainda mais destaque no mercado por oferecer um serviço promissor para o seu principal mercado de atuação, tendo em vista as perspectivas de que as operações com dinheiro físico sejam cada vez menos expressivas no Brasil.

LEIA MAIS: Brasil tem recorde de IPOs em 2021

Por que as ações da Stone despencaram?

Para entender o principal motivo por trás da desvalorização da empresa de maquininhas de cartões, no entanto, é necessário voltar um passo antes. Um dos serviços oferecidos pela Stone a fim de expandir seus negócios é  a concessão de crédito para pequenos e médios negócios. A companhia focou boa parte das suas atividades nesse novo serviço de empréstimos.

Segundo analistas ouvidos pela EQL, com o avanço da pandemia e todos os seus desdobramentos econômicos e sociais, somados a um forte avanço da inflação e, consequentemente, da subida dos juros a fim de controlar as altas nos preços, o nível de inadimplência cresceu significativamente no Brasil, afetando diversos bancos e instituições financeiras – inclusive a Stone.

Com mais pessoas e empresas deixando de pagar suas contas, a empresa travou, no segundo trimestre de 2021, novos empréstimos, que ainda não foram retomados, na tentativa de propor uma reestruturação para o negócio. 

O problema, porém, ainda não foi resolvido, o que impactou os resultados apresentados pela companhia no terceiro trimestre do último ano. Entre junho e setembro, a Stone registrou um lucro líquido de R$ 132,7 milhões, o que representa uma queda de 54% na comparação anual. Os resultados do último trimestre do ano ainda não foram divulgados.

Perspectivas de juros mais altos também contribuíram para a queda

Analistas apontam, ainda, o fato de o cenário macroeconômico ter se transformado nos Estados Unidos, onde a Stone está listada. Se, nos últimos anos, o mercado acionário norte-americano brilhou impulsionado pelas ações de tecnologia, que se beneficiaram dos juros baixos no país para impulsionar seu crescimento, a realidade agora é outra.

Após a retomada econômica que ganhou força com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a melhora no quadro pandêmico, a inflação virou um pesadelo para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A escalada dos preços é persistente e, olhando também para outros dados econômicos, a instituição já vem sinalizando nos últimos meses que deve elevar os juros do país.

Taxas mais altas nos Estados Unidos, além de encarecer os processos de financiamento para as empresas de tecnologia e outros setores de crescimento, também favorecem a renda fixa. Os títulos públicos norte-americanos são considerados os ativos mais seguros do mundo e, com uma rentabilidade maior, ganham destaque entre os investidores e deixam o mercado de ações a ver navios. 

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