Basta uma breve ida ao supermercado para que o consumidor perceba a diferença – para cima – no preço de alguns alimentos. Por motivos que vão da inflação a danos à safra, produtos básicos como café, cenoura e mandioca viram seus valores dispararem recentemente. Além disso, nas últimas semanas, outro item também passou a integrar a lista dos itens que ficaram bem mais caros: o pão.
Protagonista no cardápio dos brasileiros, o alimento sofreu reajuste devido à diminuição da oferta do seu principal ingrediente, o trigo. Como duas das principais fornecedoras mundiais da commodity, Rússia e Ucrânia, estão envolvidas em um conflito armado há mais de 25 dias, a safra do produto acabou prejudicada pela falta de mão de obra e escassez de insumos.
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Só para se ter uma ideia, o item acumula alta de quase 15% em 12 meses até fevereiro, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos (Abimapi), o quilo do pão deve chegar a R$ 20 nas próximas semanas. Outros alimentos que levam trigo na composição, como macarrão e biscoitos, também devem ser impactados.
Para especialistas, cortar o pão da dieta não é necessariamente ruim, visto que o item é composto principalmente por carboidratos. A nutróloga Roberta Genaro explica que, além do alto índice calórico, a maior parte do trigo disponível no Brasil contém glúten, tipo de proteína digerida com dificuldade pelo organismo humano. Assim, a importância do alimento para o prato do brasileiro não está necessariamente ligada à saúde, mas sim a fatores culturais. “O ‘pãozinho’ remete a comida afetiva, aquela que ativa memórias positivas no nosso cérebro e nos traz sensações de bem-estar como recompensa imediata”, destaca.
Por outro lado, o pão também acaba sendo uma opção coringa para o preparo mais rápido de refeições no dia a dia, como cita a nutricionista Luna Azevedo. “Devido à carga horária de trabalho, afazeres do lar e cuidado com a família, muitas pessoas optam por esse alimento por ser algo fácil de ser inserido na rotina”, afirma. Dessa forma, o desafio na hora de substituir o item acaba sendo duplo – tanto nutricional, quanto culturalmente.
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Para facilitar a economia e o remanejo no planejamento doméstico, a Elas Que Lucrem pediu para que as especialistas sugerissem alimentos capazes de ocupar o lugar do pão no dia a dia. Veja os sete indicados:
- Aveia
O cereal é uma ótima opção para quem busca uma alternativa mais saudável, segundo Luna. Com praticamente a mesma quantidade de carboidratos e proteínas de um pão, a aveia sai ganhando pela alta concentração de fibras, compostos que auxiliam no sistema digestivo. No dia a dia, é possível consumi-la com iogurtes, frutas, sucos ou, ainda, inseri-la em receitas de preparo de massa no lugar do trigo.
- Frutas
Outras fontes bem-vindas de carboidrato são as frutas. Diferente do pão, esse grupo também contém glicídios (açúcar) e lipídios (gordura), além de vitaminas, ferro e cálcio. Portanto, tudo vai depender de qual fruta e de como ela será introduzida no cardápio. Como fonte de energia, as opções mais viáveis são banana, manga e açaí.
- Grão de bico
O grão de bico é outra opção que se mostra mais vantajosa do que o pão quando levamos em consideração a base nutricional do alimento. Além de ser rico em carboidrato, como o trigo, a leguminosa apresenta uma quantidade razoável de proteína, o que a torna ainda mais completa para o organismo. Uma maneira prática de introduzir seu consumo no dia a dia é por meio de pastas ou snacks, exemplifica Luna.
- Bolacha de arroz
Chamadas de “sembei” no Japão, as bolachas de arroz são nutricionalmente bem semelhantes ao pão, mas com a vantagem de ter mais fibras e não conter glúten. Além das opções prontas disponíveis no mercado, é possível fazer a versão caseira e acrescentar oleaginosas e outros tipos de grãos, como a chia.
- Panqueca (sem farinha)
Enquanto o pão francês domina o café da manhã da maior parte dos brasileiros, em países como os Estados Unidos as panquecas costumam ser uma opção mais comum. Atualmente, não faltam receitas na internet de massas saudáveis que dispensam o trigo como ingrediente, principalmente as que são feitas à base de aveia ou banana. A depender do recheio e dos ingredientes, ela pode aparecer em quase todas as refeições do dia.
- Cuscuz de milho
O cuscuz de milho já faz parte dos pratos brasileiros, mas, com a alta do pão, pode e deve ganhar ainda mais espaço. Com alto teor de carboidratos, a única ressalva a respeito do seu consumo fica por conta das calorias a mais, que podem acabar resultando em ganho de peso. No mais, o item não contém glúten e acaba sendo uma opção versátil do café da manhã ao jantar.
- Pão à base de oleaginosas
Se o pão encareceu por causa do trigo, ainda é possível optar pelas versões que dispensam o ingrediente – como é o caso da receita à base de oleaginosas, destaca Roberta. No entanto, por dispensar a farinha, o item é considerado low carb, possuindo baixa concentração de carboidratos. Dessa forma, apesar de deixar a desejar no quesito de fonte de energia, a receita adaptada serve como consolo para quem sentir falta do gosto e do conforto presente em uma fatia de pão.
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