Estresse financeiro: o que é, como identificar e superar o problema

Dois em cada três brasileiros sofrem com algum tipo de cansaço causado por problemas relacionados ao dinheiro. É preciso começar a olhar para essas questões o quanto antes.
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Você já se sentiu inseguro em relação ao seu dinheiro? Ou, até mesmo, com um medo um pouco mais forte de como serão os próximos anos, meses e dias? Pois saiba que você não está sozinha (muito pelo contrário)! Em 2020, aliás, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido da Xpeed (escola de educação financeira e negócios da XP Inc), mostrou que duas em cada três pessoas no Brasil sentem algum tipo de cansaço causado por preocupações financeiras. 

Dos brasileiros que responderam à pesquisa na época, 46% afirmaram ter frequentemente ansiedade em relação à situação financeira, enquanto 47% disseram se sentir inseguros em lidar com informações recebidas de serviços financeiros. Uma preocupação que antigamente era muito mais associada aos homens, hoje atinge mulheres em proporções muito similares.

Muito além de uma insegurança impalpável e figurativa, esses números trazem implicações bem precisas no dia-a-dia desses brasileiros. A pesquisa concluiu que o medo levava 21% das pessoas a evitarem abrir extratos bancários e 39% a adiar decisões financeiras pelo medo de encarar o orçamento.

E não se engane: esses sentimentos ruins em relação às finanças não ficaram apenas lá em 2020. Em abril deste ano, pesquisas da empresa GfK e da NielsenlQ apontam que 86% dos brasileiros têm cautela com o futuro econômico. O número por si só já é grande, mas, colocando ainda mais em perspectiva, esse valor dá ao Brasil uma cautela econômica 45% maior que a média mundial.

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Ufa! Os números não negam que a preocupação com as finanças é algo latente na rotina brasileira. Ela está tão presente, aliás, que já recebeu até alguns nomes, como “estresse financeiro” e “fobia financeira”. E, como qualquer tipo de sobrecarga, quando essa pressão começa a se tornar um peso alto demais, é preciso ficar de olho! Afinal, da mesma forma que outras questões psicológicas, esse estresse financeiro também impacta diariamente a rotina e a saúde (física e mental) de quem o sente.

Mas, afinal, como melhorar essa situação frente à realidade econômica não tão favorável em todo – ou boa parte – do mundo (principalmente depois da pandemia de covid-19)?

Não podemos cair no senso comum e na irresponsabilidade de dizer que o certo é tentar “relaxar” e “pensar menos” nisso. É preciso sim pensar – sempre que possível e saudável – no planejamento financeiro e no futuro pela frente. Mas, como tudo na vida, o segredo é saber balancear e o momento de parar para pegar um fôlego.

Sintomas do estresse financeiro na sua rotina

O primeiro passo para entender se a preocupação financeira está de fato se tornando um problema no seu dia-a-dia é olhar para os sintomas negativos que ela pode aflorar. Assim como uma doença física, que pode trazer febre, dores e quaisquer outros sintomas, problemas psicológicos como a fobia financeira podem trazer sintomas tanto quanto visíveis.

Para começar, ele pode prejudicar sua autoestima, fazer com que você realce suas imperfeições e trazer uma sensação constante de desespero. Quando esse estresse chega a um nível mais severo, ele pode prejudicar seu corpo, mente e vida social.

Alguns sintomas do estresse financeiro são:

● Insônia ou dificuldade para dormir

● Perda ou ganho de peso de forma incomum

● Depressão

● Ansiedade

● Dificuldade em se relacionar com as pessoas

● Distanciamento social, evitando lugares muito cheios ou até encontros casuais com poucos amigos

● Dores físicas, como dores de cabeça, problemas gástricos, diabetes, pressão alta, entre outros

O problema pode se tornar um ciclo vicioso

Uma grande questão em relação ao estresse financeiro é que, se não for observado com atenção e tratado com os devidos cuidados, ele pode levar a um ciclo vicioso.

Afinal, você começa a ficar mal por conta de problemas financeiros (seja pela falta de dinheiro ou insegurança em relação a um futuro). A partir daí, surgem alguns dos sintomas citados acima. Com esses sintomas aparecendo, é natural que seu rendimento profissional caia e você tenha dificuldade em organizar sua vida financeira, por simplesmente não se sentir bem para fazer isso. Essa mudança, por sua vez, pode levar a mais problemas financeiros, que agravam o estresse e aumentam os sintomas. E por aí vai.

Mas nem tudo está perdido. Se você faz parte do grande número de mulheres que, em certo nível, se identifica com esses problemas e sintomas, o lado bom é que tem como sim quebrar esse ciclo (sem gastar muito). O primeiro passo você talvez já tenha feito ao chegar até aqui: entender o problema e assumir que ele também acontece com você. A partir daí, é buscar soluções ativamente.

Como ‘furar’ a bolha do estresse financeiro e resolver esse problema

Se você se identificou com o problema de algum modo, chegou a hora de tentar resolvê-lo. Aqui vão alguns passos para te ajudar:

1. Converse!

Como todo e qualquer problema psicológico, o primeiro passo é sempre buscar ajuda conversando e colocando para fora tudo que está acontecendo aí dentro. Quando falamos de problemas relacionados ao dinheiro, é muito comum, principalmente entre as mulheres, que aconteça um movimento de simplesmente não falar sobre o que está acontecendo.

Isso porque fomos ensinadas a ver problemas financeiros como um fracasso na vida no geral e, para todo ser humano, assumir fracassos não é uma tarefa fácil. Além disso, no caso das mulheres, existe um outro agravante que é o simples fato de nunca termos sido acostumadas a falar sobre dinheiro em rodas de amigas. Esse hábito precisa mudar e tudo começa com uma uma simples tentativa.

O primeiro passo para tomar coragem de se abrir e falar sobre os problemas que você vem enfrentando em relação às finanças é se basear nos números citados no começo desta reportagem. Você não está sozinha. Muito pelo contrário: os dados mostram que a grande maioria das pessoas enfrentam problemas similares, apenas não conversam sobre eles.

E essa sensação pode ser um grande alívio. Já parou para pensar que, talvez, ao começar um desabafo desses com alguma amiga ou familiar, essa pessoa pode aproveitar o gancho para contar o que vêm passando também? Talvez uma consiga trazer possíveis soluções para o problema da outra, mas não o fazem por pura falta de diálogo.

E, claro, conversar com sua roda é um primeiro passo. Caso o problema continue se agravando e você veja a necessidade, buscar ajuda terapêutica para encontrar soluções para as questões psicológicas é sempre recomendado. E o lado bom é que hoje você não precisa gastar horrores para conseguir isso, afinal, existe uma série de projetos governamentais e não governamentais que oferecem esse tipo de tratamento gratuitamente ou por valores acessíveis.

2. Olhe de forma prática para suas finanças

Tentar colocar o problema na ponta do lápis também é uma dica essencial para começar a lidar com ele e, em muitos casos, se acalmar. Normalmente, questões como a do estresse financeiro estão ligadas à ansiedade, já que o maior medo é em relação ao futuro ou de até onde você iria aguentar as pontas com as finanças que tem agora.

Se você está lidando com problemas financeiros, pode pensar que a forma mais fácil de lidar com isso é simplesmente parar de abrir extratos, olhar contas e ver quanto deve. Esse caminho, no entanto, só vai piorar as coisas no longo prazo. Sendo assim, o primeiro plano para solucionar seu problema financeiro é detalhar suas receitas, dívidas e gastos ao longo de, pelo menos, um mês.

A melhor forma para fazer isso vai de você: dá para usar de aplicativos que ajudam a  organizar as contas ao clássico caderninho com extratos impressos. Seja qual for o modo que você escolher, fazer um inventário das suas finanças vai te ajudar a ter uma ideia mais clara de onde você está.

E, por mais que isso possa parecer assustador, organizar as contas e ganhos dessa forma poderá te ajudar a encontrar um senso de controle sobre sua situação. Essa lista deverá conter:

● Todas suas fontes de renda;

● TODOS os seus gastos – desde uma xícara de café de manhã às compras de mercado;

● Suas dívidas no momento e o prazo para pagá-las;

Com isso em mãos, é possível ter uma visão mais clara e enxergar onde podem ser feitos cortes de gastos com impulsos ou coisas fúteis, além de identificar possíveis gatilhos que te fazem comprar mais ou receber menos.

3. Faça um plano e se mantenha firme nele

Depois de analisar sua vida financeira e entender os problemas psicológicos, é hora de mudar na prática! Procure estabelecer um plano para melhor lidar com a situação e se mantenha firme nele.

Esse plano pode ser diferente e específico em cada situação: você pode buscar diminuir os gastos, encontrar formas efetivas e possíveis no momento para aumentar a renda, ou criar um combo com os dois, tudo dependendo da sua realidade financeira no momento.

Apesar de diferir de pessoa para pessoa, você pode criar seu plano seguindo esses passos:

1 – Identificando seu problema financeiro e porquê ele aparece.

2 – Elaborar uma possível solução com o problema em mãos

3 – Com a ideia no papel, colocar o plano em ação

4 – Monitorar, com frequência, como está o andamento do plano e os frutos que ele está trazendo.

4. Crie um orçamento mensal

Agora que você conseguiu encontrar formas de resolver a questão no momento, é preciso olhar para o futuro, para evitar chegar nessa situação novamente. Para isso, mantenha um plano de orçamento mensal, buscando, sempre que possível, guardar um pouco de dinheiro para os próximos meses.

Olhar com cuidado e apreço para as finanças mensalmente é essencial para entender até onde pode gastar, sempre buscando pensar em possíveis problemas que podem vir a aparecer no futuro.

5. Fique de olho na sua saúde mental

Muito além de um problema relacionado ao dinheiro, o estresse financeiro também é uma questão ligada à saúde mental. Por isso, lembre-se de sempre manter um olhar para seu autocuidado e encontrar formas de lidar com esse estresse. Você não precisa esperar pela próxima crise para voltar a olhar para sua saúde mental. Muito pelo contrário, é essencial fazer disso um cuidado diário e básico, para melhor lidarmos com as questões que venham a surgir.

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