Quando se abordam as questões universais que circundam as mulheres de todos os lugares, gerações e classes, é difícil não tocar no assunto maternidade. Apesar de comum a todos os seres humanos, o tema continua sendo um tabu para a grande parcela da sociedade que cresceu acostumada com a imagem romantizada da mulher que comanda uma família perfeita.
Assim, nove meses depois da concepção, inicia-se um processo que poucas vezes vai se assemelhar a um conto de fadas. Dificuldades na amamentação, noites mal dormidas, sentimento de exaustão (física e mental), cobranças desenfreadas e mudanças no próprio corpo são alguns dos dilemas com os quais elas precisam lidar enquanto cuidam de uma nova vida. De acordo com uma pesquisa do hospital Orlando Health Winnie Palmer, 60% das mulheres com menos de 45 anos se sentem ansiosas ou deprimidas nos primeiros três meses após o nascimento do bebê.
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Principalmente nos primeiros anos, as consequências esbarram na autoestima, vida amorosa e carreira. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em março deste ano mostrou que apenas 54,6% das mães brasileiras com crianças de até três anos de idade estão empregadas. E, apesar das garantias legais, 48% das mulheres que desfrutam da licença-maternidade são demitidas até 24 meses depois do nascimento dos filhos, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Já na vida íntima, 61% delas afirmam que passaram a sentir menos desejo sexual depois da gestação, sendo que 63% também confirmam que é difícil ter privacidade com um bebê para cuidar, conforme mostra um estudo britânico publicado no portal “Leesa”, em 2018.
Infelizmente, a maioria dos fatos dessa longa lista de dilemas não tem uma solução mágica. No entanto, se não dá para resolver, é possível pelo menos aliviar o desconforto ao saber que as dores dessa fase são vividas de maneira semelhante por todas as mulheres que fizeram essa opção. Sob essa perspectiva, um estudo do portal “Trocando Fraldas” mostrou que 70% das brasileiras não se sentem representadas pela imagem de maternidade compartilhada pelas influenciadoras digitais. De acordo com o mesmo levantamento, essa falta de identificação causa sentimentos negativos em pelo menos 40% das seguidoras.
Pensando nisso, a Elas Que Lucrem fez uma retrospectiva com o posicionamento de cinco celebridades que já declararam, publicamente, os obstáculos enfrentados durante a gravidez e a criação dos filhos e desconstruíram a romantização da maternidade. Veja, a seguir, quem são elas:
Samara Felippo, atriz
Mãe de duas meninas, Alícia e Lara Barbosa, de 12 e oito anos, respectivamente, Samara Felippo é uma das celebridades que mais aparece na mídia falando sobre maternidade. Desde 2014, quando se divorciou do pai das garotas, o jogador de basquete Leandrinho Barbosa, a atriz cuida sozinha das filhas – tarefa que ela faz questão de não romantizar. “Amo minhas filhas, mas detesto ser mãe”, disse pelo Instagram.
Em 2019, Samara estreou a peça “Mulheres que Nascem com os Filhos”, produção que aborda os dilemas da maternidade na rotina feminina, incluindo o empoderamento e a quebra de padrões. Pelas redes sociais, a atriz também já dividiu suas dores sobre a solidão e as angústias que permeiam essa fase, incluindo a necessidade de se tornar um modelo constante para as meninas. “Me sinto cansada psicologicamente nessas decisões da vida das duas, mas sigo meu instinto. Não o materno, porque pra mim isso não existe, mas da minha sabedoria e força de mulher para guiá-las”, escreveu.
Rafa Brites, apresentadora
Mãe de Rocco, de quatro anos, e esperando a chegada do segundo filho, que deve se chamar Leon, Rafa Brites é casada com o também apresentador Felipe Andreoli. Pelas redes sociais, a apresentadora compartilha sua rotina sem filtros pelas mídias sociais. Em outubro, por exemplo, disse que não dormia uma noite completa desde que o primogênito nasceu, já que o pequeno tem dificuldade para cair no sono. “Eu mostro essas coisas porque é desesperador. Várias pessoas passam por isso, mas nós [mães] achamos que não, que ‘só o meu filho não dorme’. Cada vez que eu escrevo sobre isso, milhares de mulheres me dizem que têm o mesmo problema”, disse.
Antes ainda das dificuldades com a criação do menino, Rafa também chegou a relatar problemas na época da amamentação. “Eu tive muita dificuldade, meu peito doía, sangrava, fazia casca”, escreveu no Instagram. “Todas as imagens que eu tinha disso na cabeça eram de uma mãe linda, com rímel, de branco, e o bebê mamava”, completou. Além disso, a apresentadora disse que o período foi de desprendimento total com a própria vida, já que precisava estar sempre à disposição da criança. “É uma prisão emocional”, concluiu.
Mari Bridi, atriz
Casada com o ator Rafael Cardoso, Mari Bridi passou a ganhar cada vez mais seguidores ao abrir o jogo sobre a rotina com a família e a autoestima após a gravidez. Depois do nascimento dos filhos Aurora e Valentim, de cinco e dois anos, respectivamente, a YouTuber e atriz chegou a receber críticas por ser esposa de um “galã global” e, ainda assim, estar acima do peso. Desde então, passou a compartilhar a ideia de que as mães deveriam se cobrar menos em relação ao corpo pós-parto.
Outra questão levantada por ela foi a depressão. Após a chegada do caçula, Mari afirmou ter sentido muitas dificuldades emocionais. Na época, ela creditou a sensação à mudança hormonal, resistindo à ideia de procurar ajuda médica. “Ficamos às vezes em um lugar muito escuro, sombrio, e as pessoas não entendem isso”, escreveu. De acordo com ela, a rede de apoio da família e dos amigos foi essencial para superar esse momento e voltar a se dedicar às crianças.
Giselle Itié, atriz
Mãe solo de Pedro Luna, de um ano e cinco meses, Giselle Itié vive com o bebê na casa dos pais desde o início da pandemia. Nas redes, a atriz relata a culpa que sente ao ver os parentes ajudando na criação do menino. “Eu estou sempre agradecendo, pedindo desculpa, agradecendo, pedindo desculpa. Eles não fizeram um filho, entendeu?”, declarou durante uma live ao lado de Samara Felippo.
Apesar da rede de apoio, as dificuldades não se mostraram menores. Constantemente a atriz aparece falando sobre a exaustão física e emocional da maternidade, além de relatar episódios de privação de sono e dificuldades na vida sexual. “Ser mãe é ser bipolar”, declarou no Instagram.
Titi Müller, apresentadora
A ex-apresentadora da MTV mantém seu estilo direto e engraçado também para falar sobre maternidade. Mãe de Benjamin, de um ano, ela mostrou todo o processo desde o início da gravidez até o parto de 31 horas pelas redes sociais, incluindo o divórcio de Tomás Bertoni. “Todas as mulheres que em mim habitam estão exaustas. E inchadas. E famintas. Com uma pontada de dor de cabeça, aquela que começa depois de umas duas semanas sem dormir”, escreveu no Instagram.
Poucos meses depois do nascimento do filho, Titi também acabou dando uma bronca nos seguidores que elogiaram o apoio do seu então companheiro durante o puerpério. “Quem está do seu lado não está ali para ajudar, está ali para dividir mesmo”, disse. Além da rotina atarefada e exaustiva, a apresentadora também expôs problemas com a falta de libido e autoestima nesse período, questões que, segundo ela, foram decisivas para o fim do casamento.
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