Entenda como novas formas de consumo e produção podem ajudar a reduzir o impacto da indústria da moda

Segundo a Fundação Ellen MacArthur, consumidores descartam US$ 460 bi em roupas por ano
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Entenda como novas formas de consumo e produção podem ajudar a reduzir o impacto da indústria da moda
A moda circular, um novo modelo econômico, busca redefinir a noção de crescimento, de modo que toda a sociedade seja beneficiada pela produção nos aspectos econômicos, sociais e ambientais

A busca por hábitos de consumo mais sustentáveis é uma tendência que veio para ficar e sua força tem influenciado a indústria da moda.

Em pesquisa realizada pela Modefica, primeira plataforma de moda e comportamento transdisciplinar com foco em sustentabilidade e futuro, mostrou que 97% das pessoas acreditam que o setor tem sua parcela de impacto nas mudanças climáticas. 

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O mesmo estudo também revelou que 41% dos entrevistados acreditam que a sustentabilidade é “muito importante” para realizar compras e 44,7% levam em consideração a responsabilidade social da empresa. Assim,  38,4% estão dispostos a pagar um pouco mais por produtos com responsabilidade socioambiental.

Segundo a Fundação Ellen MacArthur, referência na pesquisa e promoção da moda circular, consumidores descartaram um total de US$ 460 bilhões anualmente em  roupas que poderiam continuar em uso.

A moda circular, um novo modelo econômico, busca redefinir a noção de crescimento, de modo que toda a sociedade seja  beneficiada pela produção nos aspectos econômicos, sociais e ambientais. Isso envolve dissociar as atividades da ideia de que os recursos são infinitos e eliminar a produção de resíduos, ou seja, daquilo que é produzido nas cadeias produtivas e não utilizado. 

A economia circular tem por princípio a transição para fontes de energias renováveis e se baseia em três pontos: eliminar resíduos e poluição desde o princípio; manter produtos e materiais em uso; e regenerar sistemas naturais.

Dados do relatório publicado pela fundação em 2017 apontam que as roupas estão sendo usadas 36% menos vezes do que 15 anos atrás. E os fatores que aceleraram  nossos hábitos de consumo estão relacionados ao aumento da classe média (principalmente na África e Ásia) e ao aumento da quantidade de compras por pessoa em países com economias mais estáveis e fortes, impulsionado pela fast fashion, ou “moda rápida”. 

Consumo fora de moda

O fast-fashion é um modelo de produção baseado em uma grande quantidade e variedade de produtos de vida útil curta, com constante aumento de demanda de forma acelerada e baixa remuneração aos trabalhadores da indústria têxtil e de confecção. 

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Os impactos dessa cultura do descarte e reposição rápidos afetam diretamente o meio ambiente. Dados divulgados pela Agenda Global da Moda em 2020 mostram que o setor produziu mundialmente em 2018 cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) que aumentam o aquecimento global. A quantidade representa  4% do total produzido por todas as atividades econômicas no mesmo ano.   

As novas tendências: moda circular e slow fashion

Com o crescimento das exigências ambientais e sociais dos consumidores, dois novos termos têm se tornado tendências dentro da indústria da moda: o slow fashion, ou “moda lenta”, e a moda circular. Ambos são novas formas de pensar a produção e o consumo de roupas. 

A moda circular é o redesenho do modelo produtivo da indústria com base nos princípios da economia circular, repensando os processos de criação desde o desenho da roupa até a fabricação e venda. 

Segundo a cartilha Moda Circular no Brasil, publicada em 2019 pelo Centro de Inovação em Economia Circular da Universidade de São Paulo (USP), alguns ações que o setor pode realizar para promover a moda circular são: redução do consumo de matérias primas; substituir o uso de materiais de origem fóssil, como plásticos; utilizar energia e insumos renováveis; e praticar o reuso, reparo e transformação de produtos anteriores. 

O slow fashion, como a tradução revela, é uma forma mais lenta de produzir e consumir roupas e se encaixa em alguns princípios da moda circular. Tem como base a produção num ritmo mais lento, focando na qualidade e atemporalidade, para que possam ser reutilizadas mais vezes. Assim, incentiva as empresas de moda a reduzirem a velocidade da produção e seus impactos. A revenda, ou venda de roupas usadas, é uma tendência promovida pelo slow fashion que cresce a cada ano.

Nos Estados Unidos, por exemplo, uma pesquisa realizada pela GlobalData e pela thredUp, uma dos maiores brechós onlines do país, revela que o mercado de revenda de roupas cresce mais que o varejo em geral. Em 2019, as vendas dos brechós nos EUA subiram 49% sobre o ano  anterior, enquanto que as do varejo cresceram 2%, segundo o estudo.

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