Hobby pode virar carreira? Veja como transformar uma atividade que faz por prazer em uma atividade remunerada

A busca pelo empreendedorismo tem sido cada vez maior entre as mulheres e, se você está pensando em se arriscar nessa área, é essencial se munir de informações e dicas
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Lucinei Sanjulião tem 58 anos e, ao longo de toda a vida, não consegue se lembrar ao certo quando começou a se interessar pela confeitaria. Hoje, ela considera que a arte de fazer doces sempre esteve presente ali, em algum lugar. 

O destino, porém, foi levando a mãe de duas filhas para outros caminhos. Durante boa parte da vida trabalhou como funcionária doméstica, cuidando da casa, cozinha, crianças, entre outras coisas. A confeitaria, no entanto, nunca deixou de estar presente, mesmo na rotina corrida. Era um hobby, algo que fazia de vez em quando para se entreter e encher as barrigas – e os corações – da família. Foi então que, entre um bolo e um brigadeiro, teve um estalo: talvez o açúcar pudesse se transformar em uma renda extra em casa, para complementar o salário dela e do marido e ajudar nas contas.

A história de Lucinei com os doces começou há alguns anos atrás, mas essa ideia de transformar hobbies em trabalho ou, pelo menos, tentar empreender de alguma forma, tem se tornado cada vez mais comum entre as mulheres, principalmente da pandemia de covid-19 para cá. Segundo dados divulgados pelo LinkedIn, a porcentagem de novas empreendedoras aumentou 41% em 2020, em comparação com crescimento de 22% em relação aos homens que começaram a empreender no mesmo período. E é natural que, para começar um negócio novo, seja como fonte de renda principal ou renda extra, você procure por algo que já goste e saiba fazer.

Transformar uma atividade que se faz por prazer em uma atividade remunerada pode ser uma ideia incrível, mas é preciso tomar certos cuidados e seguir alguns passos para conseguir fazer essa virada de entender que, a partir daquele ponto, esse hobby se transformará também em uma profissão. E, com essa mudança, vem junto deveres e responsabilidades, como todo trabalho.

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Mas, afinal, quais tipos de hobby podem virar uma fonte de renda?

Olhar para as coisas que já gosta e costuma fazer no seu dia-a-dia pode ser uma ótima forma de buscar por uma renda extra. Afinal, na teoria, você estaria apenas transformando algo que já faria por prazer de qualquer forma em algo que faz, gosta e ainda ganha dinheiro em cima! Mas, mais uma vez, é preciso ficar atento nas responsabilidades e necessidades que vêm junto com essa mudança.

A primeira coisa a se pensar é se essa atividade é realmente algo palpável para ganhar em cima. Para Alline Goulart, diretora de operações e sócia da Semente Negócios, “todo hobby que gere um produto ou um serviço pode virar uma fonte de renda”.

Como transformar meu hobby em uma fonte de renda?

Então você realmente está decidida a ganhar um dinheiro com seu hobby. E agora? O primeiro passo é entender quanto tempo você está disposta a gastar com essa atividade e quanto gostaria de ganhar com ela. Importante também não abrir mão do seu trabalho principal até que o extra esteja dando certo. Aí sim pode ser a hora de investir com tudo. 

No caso de Lucinei, a confeitaria chegou como uma possibilidade de renda extra. Ou seja: o tempo estaria limitado aos horários fora do comercial, que era quando se dedicava aos serviços de doméstica. Com isso em mente, começaram a aparecer os clientes, que ela aceitava ou não conforme as demandas diárias.

Hoje, a confeiteira não se lembra muito bem quem foi o primeiro cliente ou como começou, mas o que lembra claramente era a insegurança do começo, do medo das pessoas não gostarem ou de não atender as expectativas de quem estava pagando pelos doces. Essa insegurança é completamente normal e, aliás, esperada de quem está começando a se aventurar em uma atividade nova.

Para tentar sanar essa insegurança do começo, uma boa forma é começar buscando por pessoas próximas, que estão dispostas a te ajudar nesse processo e dar opiniões sinceras sobre a qualidade do seu serviço ou produto. Outra dica valiosa e essencial é começar a investir em cursos, principalmente aqueles mais rápidos. Assim, você poderá se sentir mais segura para fazer com propriedade aquela atividade, além de trocar informações com pessoas que já estão há um tempo na área.

Alline Goulart também listou algumas dicas valiosas para mulheres que querem começar um negócio novo, baseadas na metodologia do Caminho Empreendedor:

1) O caminho não é linear

A jornada de empreender um negócio ou um projeto não são lineares, assim como nossas trajetórias pessoais e profissionais. O desenvolvimento é contínuo e cada momento trará desafios específicos e demandará habilidades diferentes da pessoa que está empreendendo aquela iniciativa.

2) Feito é melhor que perfeito

Fortemente relacionado com o conceito de Effectuation, esse princípio nos lembra que os projetos se constroem a partir da prática. Ou seja, do “colocar a mão na massa!”

3) Saia do prédio

Criada por Steve Blank, a recomendação “get out of the building” refere-se à importância de conhecer profundamente quem são os seus clientes no seu próprio ambiente, conversando com eles e os observando, como uma forma de desenvolver o produto ou serviço baseado nas reais necessidades e desejos dessas pessoas – e não em uma ideia imaginária do que “achamos que eles querem”.

4) Falhar pode ser a base para o sucesso

O erro vai acontecer, ele é inevitável e, mais ainda, ele é importante, pois faz parte do nosso processo maior de aprendizado. Ao acreditar que “isso não vai acontecer”, impede que você esteja atenta e se prepare para os tropeços e – pior ainda – impede que você construa uma sistemática para aprender de maneira rápida e organizada com os seus erros.

5) Tudo é uma hipótese

No início de um projeto, tudo o que você sabe sobre o problema e sobre a solução que quer implementar são hipóteses,que podem ou não se concretizar.

Quais os cuidados necessários a se tomar ao transformar um hobby em carreira?

A vida de Lucinei, aos poucos, foi tomando um rumo diferente. Com o passar do tempo, a confeitaria passou a ser sua principal dedicação. Com as filhas já criadas, o trabalho de doméstica foi ficando de lado e a culinária tomou espaço. Primeiro, ela começou a trabalhar e tocar a cantina de uma escola da cidade onde morava. A vida foi trazendo novas reviravoltas e ela acabou saindo deste local.

Com o sonho ainda no coração, a energia na ponta dos dedos e a ajuda das filhas, Lucinei decidiu se arriscar a abrir o próprio café. Encontrou o espaço, pensou no nome, criou as redes sociais e logo o negócio começou a fluir. “Abrir um café era tudo que eu queria, mas a realidade não foi bem aquilo que imaginei”, confessa.

Os desafios do próprio negócio começaram a vir à tona. “Quando abri o café não imaginava que seria tão difícil. O comércio exige muito e quem toma conta acaba precisando fazer tudo. Afinal, por lá, não era apenas fazer um bolo, doce, ou café, era muito mais que isso. Tinha que servir as mesas, dar atenção aos clientes, no fim estava me dedicando inteiramente àquilo”.

A confeiteira, então, decidiu que era hora de dar um passo para trás para continuar caminhando para frente. Fechou o café e voltou a produzir em casa, mas dessa vez com os clientes mais consolidados, mais experiências e uma marca própria. Hoje, ela vê a decisão com bons olhos. “Hoje vejo que os benefícios de fazer em casa são muitos. Fugi do aluguel, tenho mais tempo para fazer as coisas de casa, consigo me programar para servir o pedido dos clientes”, aponta.

Saber a hora de mudar o rumo, aliás, é um passo fundamental na trajetória do empreender. Afinal, como a própria Aline ressaltou, o caminho nem sempre é linear e saber andar conforme a velocidade das coisas é essencial. 

Para seguir transformando um hobby em carreira, é fundamental fazer análises de tempos em tempos e chegar a conclusões de qual a melhor maneira de se seguir. Sempre lembrando que, a partir do momento que você começa a lucrar com aquilo, isso se transforma também em um trabalho. E trabalhar com o que ama é sim incrível e motivador, mas também carrega todas as dificuldades de qualquer outra profissão, seja ela qual for.

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