Busca da independência financeira como caminho para a mulher liderar na carreira e na vida. A partir de hoje, a EQL irá trazer uma série de entrevistas com mulheres em cargos de liderança. O objetivo é inspirar e mostrar o impacto positivo que essas mulheres causam na cultura das organizações.
Você vai conhecer nas próximas semanas, mulheres inspiradoras, que hoje assumem posições de liderança no mercado, porém, que tem muito mais história para contar do que o mercado quer saber.
Como acontece com todas nós, por traz da mulher poderosa, há uma série de sentimentos, conflitos e dificuldades que caminham sempre com a gente em todas as esferas da nossa vida. E é assim que conheceremos essas mulheres. Para além do mercado de trabalho, para além da sua posição, mas sim como mulheres reais com muito o que compartilhar.
A primeira delas é Mariana Dias Lucon, diretora executiva de Relacionamentos da Marsh Benefícios. A EQL bateu um papo com ela sobre sua trajetória, como é ser mulher neste mercado, sua visão sobre a independência financeira, seu relacionamento com sua família e consigo mesma. Vale a pena conferir.
EQL – Quem você pode dizer que é a Mariana em uma frase?
Sou uma pessoa resiliente. Quando penso que cheguei ao meu limite, sempre descubro que posso ir além.
EQL – Como aconteceu sua trajetória no mercado de trabalho? Poderia contar resumidamente para a gente um pouco sobre seus passos desde o início?
Comecei muito cedo, pois sempre quis ter independência financeira. Aos 17 anos, fui trabalhar como recepcionista com uma tia que tinha uma empresa de eventos. Na mesma época, entrei para a faculdade, e continuei trabalhando em uma agência de turismo. Depois fui para a Câmara de Comércio Brasil-Argentina, onde aprendi a falar espanhol.
No meu último ano de faculdade, entrei como trainee em uma seguradora americana, e estou há quase 22 anos neste segmento.
Sou formada em Administração, com ênfase em Comércio Exterior e Negócios Internacionais.
EQL – Você sente que teve dificuldades para chegar nesta posição sendo mulher? Isso interferiu em algo na sua carreira?
Eu nunca senti realmente dificuldade em relação a isso. Porém, hoje, quando olho para trás, vejo que talvez algumas portas teriam sido abertas se eu fosse homem. Mas, novamente, nunca me senti deixada de lado, sempre tive ótimas lideranças que me deram oportunidades e isso é muito importante.
Todas as empresas onde trabalhei, tive o privilégio de encontrar a grande maioria dos gestores com cabeça muito aberta.
EQL – Falando agora um pouco sobre sua vida fora do ambiente de trabalho. Você é casada, mãe de dois filhos (João Pedro, de 11 e Carolina, de 14 anos). Como é a Mariana em casa?
Eu sou casada há 20 anos com um médico e tenho dois filhos. Como sou uma pessoa agitada no escritório, é engraçado porque as pessoas me perguntam se também sou assim em casa. Mas, se você perguntar para os meus filhos e meu marido, em casa eu sou muito tranquila.
EQL – E qual o papel do seu parceiro nessa empreitada de filhos e carreira?
Eu posso dizer que eu tive a sorte de encontrar um parceiro de vida. Ele é o meu melhor amigo, o melhor pai que eu poderia dar para os meus filhos. É quem mais me incentiva na vida para o trabalho.
Quando converso com outras mulheres, vejo que tenho um tesouro. E olha que ele, sendo médico, tem uma carreira tão desafiadora quanto a minha. Mas ele sabe dar um passo para trás quando precisa me ajudar, e está sempre disposto a isso.
Nós dividimos as tarefas, ele faz supermercado, busca filhos na escola, leva ao médico. Mas isso não veio da noite para o dia, foi uma construção que está sendo pavimentada há mais ou menos cinco anos. Percebi que estava sobrecarregada, conversamos e hoje temos um bom balanço.
EQL – Qual é, na sua opinião, o maior desafio para conciliar maternidade e carreira?
Creio que o maior desafio seja com relação às logísticas: levar, buscar, levar na aula de judô, caratê, inglês.
Eu adotei uma posição desde que meus filhos eram pequenos, que existiam coisas que para mim eram inegociáveis: o primeiro dia de aula, as apresentações na escola, Dia das Mães, apresentações de balé. Isso 10 anos atrás, quando ainda não era tão comum mulheres terem licença para isso.
Hoje o desafio é mais mental: como educar nossos filhos para o mundo, fazendo com que sejam boas pessoas, que tenham empatia, consideração pelo próximo, que sejam generosos e saibam agradecer pelo que tem.
EQL – O que mais te desafia no papel de líder?
As pessoas. Fui gestora muito cedo, desde meu primeiro emprego já era gerente, aos 20 e poucos anos.
A cada dia que passa, eu começo a apreciar mais o que a pessoa tem de bom, e relevar o que ela tem de ruim. Tento construir um time em volta das qualidades, e não das ausências, sabendo que as pessoas têm limitações, são diferentes e que ninguém irá performar igual. Aprendi a puxar as alavancas de quem está disposto.
EQL – Você tem um conselho para as mulheres que desejam liderar?
Não desista, seja resiliente sempre. Procure uma rede de apoio dentro e fora da empresa. Tenha pessoas muito boas ou melhores do que você trabalhando junto com você.
EQL – Como é seu cuidado com a saúde física e mental?
Tem uma coisa que amo que é pilates. É meu momento de saúde mental, de respiração. Pratico duas vezes na semana, além de fisioterapia e acupuntura.
EQL – Uma experiência inesquecível para você
O parto dos meus dois filhos. Eu me lembro de cada segundo.
EQL – Um fato curioso sobre você que outras mulheres deveriam conhecer.
Adoro fotografia. Amo tirar fotos, fazer álbuns. Até uns anos atrás, eu ainda gostava de usar máquinas grandonas, mas agora já sucumbi ao celular.
Quando eu era pequena, morria de medo de andar a cavalo. Hoje, amo de paixão. É um programa em família muito gostoso.
Amo karaokê. Queria saber cantar bem, quem me ouve diz que eu canto mais ou menos, mas gostaria de ser melhor.
EQL – Você teria uma dica de viagem para algum lugar que toda mulher deveria fazer e que tenha excelente custo-benefício?
Viagem é muito particular, mas, para mim, qualquer viagem que seja para praia, é ótima. Ver o pôr do sol, com muitas amigas para contar boas histórias e dar boas risadas. Um lugar que acho mágico é a Bahia.
EQL – E Um livro que toda mulher deveria ler?
Vou falar do último que li, a história de uma mulher muito forte e inspiradora: A bailarina de Auschwitz.
EQL – Qual seu maior talento?
Cuidar das pessoas, principalmente família, no âmbito pessoal.
No profissional, a capacidade de construir áreas, estruturas, de criação e inovação. Percebi isso quando parei para refletir sobre os 22 anos de carreira, e vi tudo que criei.
EQL – Como você e seu parceiro cuidam da vida financeira de vocês?
Eu cuido do dinheiro que eu ganho, ele cuida do dinheiro que ele ganha. Eu tenho um jeito de fazer as coisas, e ele outro.
Tenho uma pessoa que me ajuda a fazer as escolhas, os investimentos, me orientando.
EQL – O que é independência financeira para você?
Quando eu era jovem, a independência financeira era não ter que pedir dinheiro para meu pai. Aos 30 e poucos, era saber que eu podia comprar ou fazer qualquer coisa sem pedir para o marido. Agora, aos 45, é saber que eu posso fazer o que eu quiser fazer, não dependo de ninguém. Olhando para o futuro, é poder ter uma aposentadoria tranquila.
EQL – Como aprendeu a lidar com o dinheiro?
Desde adolescente, queria ter independência financeira. Foi por isso que comecei a trabalhar mais cedo, e aprendi que não poderia gastar mais do que ganhava.
EQL – Você já se arrependeu de algum investimento financeiro feito?
Sim, me arrependo. Nunca consegui ganhar dinheiro na bolsa. Bolsa não é comigo.
EQL – Um traje que você investiu e não pode faltar no seu armário para vida?
Sou zero consumista. Se eu tiver que falar algo que eu acho que vale a pena investir, seria uma boa joia, uma bolsa coringa, sandália idem, um casaco atemporal.
EQL – Uma dica para lidar com tentações de consumo que toda mulher deveria saber.
Se eu tenho alguma tentação, vejo se é algo mais atemporal, que posso usar sempre, não apenas uma moda passageira.
Por eu ter começado mexendo com seguros e previdência, isso é algo que tem sempre aquela voz falando: “e o futuro?”.
EQL – Qual investimento toda mulher deveria ter?
Tem que ter um pouco de tudo, se possível: seguro de vida, que tem proteções adicionais que podem ajudar a mulher. Plano de previdência, investir em fundos de investimento, imóveis, variar as estratégias.
EQL – Qual sua maior ambição?
Ter minha família sempre ao meu lado.
Tranquilidade financeira para poder viver em paz e harmonia. Dinheiro não traz felicidade, mas a falta dele traz problemas e perrengues.
EQL – Qual conselho você daria hoje, a você mesma, dez anos atrás?
Para nunca subestimar o poder de uma boa rede de contatos.
