Burnout atinge mais mulheres

Burnout atinge mais mulheres que homens. Dupla jornada e desigualdade de gênero no ambiente de trabalho causam esgotamento
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Dupla jornada e desigualdade de gênero no ambiente de trabalho causam esgotamento

Chegar em casa depois de um dia exaustivo de trabalho e deitar no sofá para assistir uma série. Essa não é a realidade da maioria das mulheres do país, que sofrem com a dupla jornada de trabalho, um dos responsáveis pela Síndrome de Burnout (ou Esgotamento Profissional). 

Grande parte dos afazeres domésticos são realizados por mulheres, mesmo as que trabalham fora de casa: elas trabalham oito horas semanais a mais que os homens.

O Brasil ocupa o segundo lugar em casos diagnosticados do transtorno, apenas atrás do Japão, onde 70% da população sofre do problema, de acordo com um estudo da International Stress Management Association (Isma).

Um estudo realizado pela FIA Employee Experience, realizado com 188 mil pessoas de 419 empresas brasileiras, aponta que índices de estresse excessivo, assim como a Síndrome de Burnout, impactam mais mulheres e pessoas não-binárias.

De acordo com o levantamento, três a cada dez profissionais sofrem com a Síndrome do Esgotamento Profissional, sendo que as mulheres representam 12% a mais dessas cargas mentais do que homens, e 73% mais casos de burnout.

Soma-se tudo isso à desigualdade de gênero no ambiente de trabalho:  o rendimento das mulheres representa, em média, 77,7% do rendimento dos homens (R$ 1.985 frente a R$ 2.555), conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2019.

O que é Burnout?

O Burnout, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), é “uma síndrome conceituada como o resultado de um meio ambiente do trabalho dotado de estresse crônico, que não foi gerenciado com sucesso”. 

De acordo com o psicanalista Igor Capelatto, ele foi incluído na Classificação devido ao crescente número de casos que vem aparecendo nas clínicas médicas, psiquiátricas, psicológicas e psicanalíticas e “por uma necessidade de licença médica e tratamento psicológico”, diz.

“O burnout é uma síndrome que afeta a saúde física e psicológica. Ela causa o esgotamento mental, vem de um acúmulo de cobranças” explica Capelatto. Segundo ele, o burnout afeta os trabalhadores contemporâneos, onde os salários não são compatíveis com os impostos e custos de alimentação, saúde, moradia, etc. “Para dar conta do mínimo necessário para sobreviver, as pessoas estão buscando segundos empregos e rendas extras. Estão ocupando, assim, o tempo que seria para cuidar da casa, da família, de si. Os empregos estão cada vez exigindo mais demanda e muitos não oferecem o cuidado físico e da saúde mental”, conta.

Para as mulheres, Igor reconhece que o mundo econômico social as manteve com as responsabilidades domésticas, mesmo após elas terem conquistado o direito de trabalhar.

“Elas se veem obrigadas a ‘dar conta’ dos ofícios, da casa, dos filhos, de fazer a comida, além de toda a jornada exaustiva de trabalho. São faxineiras, motoristas, babás, cuidadoras, pois muitas cuidam dos pais idosos. Além disso, muitas não são reconhecidas no mercado de trabalho e acabam não recebendo promoções por conta de seu gênero”, explica a psicóloga Bruna Silva.

Como se manifesta o Burnout?

Burnout é um sobrecarregamento físico mas, principalmente, mental. “É quando a mente não tem tempo para descansar. É o pensamento acelerado e constante. Transforma o desejo de uma profissão em um trabalho focado apenas no produzir e nas exigências que estão acima do limite”, explica Capelatto.

Fatores como bullying, assédios e abuso de autoridade são agravantes do burnout. E assim surgem sequelas, sintomas decorrentes como pânico, baixa autoestima, depressão, além de doenças autoimunes, entre outras.

Nas mulheres, agravam-se também doenças que alteram os hormônios femininos.

Como evitar o burnout?

 O Burnout pode ser combatido com:

  • Melhores condições do ambiente de trabalho e salários;
  • Política econômica que facilite às necessidades básicas;
  • Cultura de saúde mental e física;
  • Equidade nas divisões de tarefas.

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