O seu dinheiro é mesmo seu?

Para virar o jogo, é preciso encarar suas finanças
avatar Francine Mendes

Cara leitora, não podemos negar um grau de superioridade física masculina, característica sedutora a nós mulheres pelo senso de segurança aparente que durante anos foi responsável por nossa sobrevivência. 

O mundo mudou e muda numa velocidade atroz. Mas por que as percepções sobre nossa “fragilidade” ainda se fazem inertes? 

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Atualmente, a força física na espécie humana tem pouca ou quase nenhuma relevância para garantir nossa evolução e preservar a construção de um ambiente social decente às futuras gerações. 

Sabemos ser o conhecimento o ativo mais valioso num mundo globalmente conectado, porém, é o mesmo mundo que premia financeiramente e egoicamente o poder do sucesso. Poderosos e poderosas precisam existir na mesma proporção para equilibrar as forças subjetivas e garantir a manutenção do crescimento econômico no longo prazo.

Nossa cultura valida o dinheiro como instrumento de êxito. Quem aí já ouviu alguma vez a frase: “dinheiro é poder!”?

Segundo Nelson Rodrigues, dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro. E sabemos, nós mulheres, não ser bem assim. No entanto, ocorre que ainda estamos intoxicadas pela adoração aos homens e delegamos a eles a administração da nossa mais valiosa ferramenta de liberdade: nossas finanças. 

O desprezo pela informação útil tem consequências mais drásticas do que podemos imaginar.  

Achamos que um bom casamento ou um homem com um “dinheirinho” nos proporcionará conforto e segurança. Nos desvalorizamos com esse falso pensamento. 

Por exemplo, frequentamos muitas vezes ambientes em que somos colocadas numa posição leiloeira, nos submetemos a empregos que não nos valorizam, qualquer referência elogiosa do chefe, marido e filhos já nos satisfaz. Cultuamos à beleza, já que precisamos ser atrativas e fomos erroneamente ensinadas a adular o desejo masculino em detrimento dos próprios desejos. 

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 Eu lamento informar, mas quando ferimos a nós mesmas com medo de assumir a responsabilidade sobre si, comunicamos estar cientes acerca de nossa baixa autonomia e dependência financeira.

  •  O dinheiro da mulher 

A relação da mulher com o dinheiro é histórica e culturalmente opressora, com limitações e consequências ainda muito recentes.

Até 1962, por exemplo, mulheres não tinham acesso a CPF próprio — o que impactava, inclusive, a vida financeira já que, sem o registro, era impossível abrir conta no banco.

Nos dias de hoje, a situação é diferente. Como disse, o mundo mudou. No entanto, nossas “fragilidades” ainda se fazem inertes.

Mesmo quando ganhamos mais, nossa confiança para lidar com o próprio dinheiro não cresce em igual proporção. E a desconfiança feminina é generalizada.

Este problema está presente em todas as idades, classes e formações. Entre os possíveis motivos causadores da insegurança, entre outros, estão a falta de experiência e a ausência de estímulo social à educação e autonomia financeira

As mulheres são as que mais sofrem de “fobia financeira”, mal que pode impactar autoestima, salário e relações. 

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Em um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva é possível observar que, antes mesmo de entrar em qualquer tipo de relacionamento, boa parte das mulheres têm questões urgentes para resolver com o dinheiro: 

  • Adiar decisões financeiras por medo de encarar as finanças atinge 41% delas, contra 36% dos homens. 
  • E quase a metade das mulheres (46%) se sente mais culpada quando o assunto é dinheiro, percentual que cai a 30% em se tratando de homens.

Para virar o jogo, é preciso encarar suas finanças. Só o dinheiro que você cuida é 100% seu!

  • O caminho para a autonomia

 A autonomia e a independência financeira incentivam a nossa independência emocional e vice-versa! Ambas precisam caminhar juntas. 

Esse é um trabalho em equipe para encerrar esse ciclo vicioso, onde a falta de confiança da mulher com as finanças se traduz em falta de iniciativa para administrar o próprio dinheiro, e se encerra em resultados ruins, que retroalimentam a insegurança e a dependência do companheiro. 

Lógico que o casal pode e deve  construir uma vida juntos, porém, é preciso transparência. Regime de casamento não salva ninguém, nem tão pouco pensão alimentícia. 

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Qual dinheiro é do casal e qual dinheiro é dele e qual dinheiro é seu? Está bem claro? As decisões sobre esse assunto são suas, capacite-se para tomá-las em seu favor!

  • 4 passos para a liberdade financeira

Gosto de orientar as mulheres com quatro passos básicos e fundamentais para começar o processo de liberdade financeira. 

 1. Destine 20 minutos do seu mês para estudar produtos de investimentos mesmo que ainda não tenha mergulhado a fundo em sua situação financeira. 

2. Abra conta em uma plataforma/corretora e sinta o mercado financeiro por dentro. 

3. Defina um plano de investimentos, isso inclui pagar dívidas, sobretudo as com juros mais altos primeiro. Negocie, faça acordos. Inutilize o cartão de crédito por um tempo. 

4. Pague seu EU futuro primeiro. Para começar, automatize para sua conta na corretora ou pagamento de dívidas, caso tenha, o mesmo valor que você paga na conta de sua energia elétrica. Eu gosto dessa simbologia para que nunca esqueçamos, na mesma proporção, de usufruir do presente sem abrir mão do futuro e vice-versa para não ficarmos no escuro no campo da objetividade e subjetividade.  

É fundamental a manutenção da nossa luz própria, assim como somos obrigadas a pagar nossa conta de energia elétrica. Chegou o momento de apagar a luz da ignorância financeira para garantir poder sobre si e suas escolhas. 

Francine Mendes é autora do livro ‘Mulheres que Lucram’, fundadora da Femtech Elas que Lucrem e CEO do Ellebank, além de ser mãe, esposa, empresária, e mestre em Psicanálise.

O conteúdo expresso nos artigos assinados são de responsabilidade exclusiva das autoras e podem não refletir a opinião da Elas Que Lucrem e de suas suas editoras

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