Em menos de dois anos, empreendedora gaúcha multiplica por nove faturamento de fintech

Aos 28 anos, Maria Kopacek é CEO e cofundadora da iDez, startup que ajuda empreendedores a digitalizarem operações financeiras
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Maria era a única mulher do curso de engenharia de controle de automação da UFRGS (Foto: Divulgação)

“Podia dar muito certo ou muito errado.” A frase é da gaúcha Maria Kopacek sobre a própria jornada no empreendedorismo. CEO e cofundadora da iDez, startup que se auto-intitula uma “experiência financeira conectada”, a executiva colhe os resultados de ter posto os sonhos à prova. Em 2020, um ano após a fundação, o negócio contava com seis funcionários, dois clientes e um faturamento anual de R$ 330 mil. Hoje, já são quase 50 contratantes, 27 colaboradores e um ganho estimado de R$ 3 milhões até o final de 2021. 

Filha de empreendedores, a executiva de 28 anos já pensava na possibilidade de abrir o próprio negócio quando entrou na faculdade de engenharia de controle de automação.  “Sempre fui muito criativa, mas optei pela engenharia por ser uma área mais tradicional e segura”, explica. Na sala de aula, ela era a única mulher da sua turma da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e apesar de algumas piadas e comentários machistas vindos dos professores, ela revela que nunca se vitimizou. “Usei isso para me alavancar”, diz. 

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Ainda durante a graduação, a gaúcha fez um intercâmbio de dois anos na Alemanha ao lado do então futuro sócio, Pedro Oliveira. O período no exterior não só abriu seus olhos para o que estava acontecendo no setor da tecnologia, como ajudou a dar forma às suas ideias. Foi no período de estágio na Associação Fraunhofer, organização alemã de pesquisa, que Maria teve seu primeiro contato com o desenvolvimento de softwares, sua porta de entrada para o mundo dos negócios. Naquele período, chegou a receber uma proposta de emprego para permanecer no país, mas decidiu que se fixaria no Brasil e apostaria no mercado nacional. “Tinha tudo certo para permanecer lá, mas percebi que existiam muitas possibilidades de crescer aqui”, diz. 

A ideia que nasceu de uma enrascada

Foi assim que, em 2018, Maria e Pedro deram início a uma software house, batizada de Lab Ventures. O nicho escolhido foi o de logística, mesma área em que a família da executiva já atuava. “Eu acompanhava o trabalho dos meus pais e via que esse setor era uma bagunça do ponto de vista da programação”, diz.

Os negócios iam bem, mas um pedido inesperado de um cliente fez com que o projeto inicial precisasse ser repensado. “Atendíamos um proprietário de um clube de benefícios que tinha uma demanda muito específica sobre uma política de compra e desconto que ele mesmo havia criado”, conta Maria. Preocupados em desvendar aquele quebra-cabeça, os sócios chegaram a admitir que não sabiam o que fazer. “Sou persistente, em situações como essa fico ainda mais motivada. Foi correndo atrás dessa solução que acabamos nos especializando no segmento de finanças e fundando a iDez”, resume a CEO.

Sob uma nova marca, a dupla passou a atuar exclusivamente como banking as a service, oferecendo soluções low-code para empresas de grande e médio portes. Nessa expectativa de auxiliar o processo de digitalização de operações financeiras, a startup foi evoluindo e, atualmente, já oferece soluções como pagamentos, cashback, gestão de vendas e crédito. 

Para Maria, a maior dificuldade do setor foi lidar com a própria inexperiência. “Nunca tinha atuado nessa área e, mesmo assim, decidi empreender, então no começo era comum que fizéssemos algumas negociações ruins”, admite. E, apesar das pedras no caminho, a engenheira afirma que sempre se manteve otimista, afinal, se tudo desse errado ela teria, na pior das hipóteses, uma história para contar e uma bagagem à qual se apegar. 

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Herança cultural

Jovem e feminina, Maria é tudo o que o estereótipo dos engenheiros e empreendedores não é. Sempre rodeada de homens – 99% de seus clientes são do sexo masculino -,  ela acredita que se destaca exatamente por mostrar o outro lado da moeda. “Sinto que saio ganhando por ser mais articulada e  dar conta de várias coisas ao mesmo tempo”, diz. 

Atualmente, as brasileiras representam apenas 26% dos trabalhadores formais no mercado de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, de acordo com estudo financiado pelo International Development Research Centre (IDRC) e realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Dados que, para a executiva, refletem uma cultura impregnada na maior parte da população. “É cultural achar que a engenharia não é para mulheres. Por isso, a maioria delas prefere seguir em áreas ligadas à saúde ou ciências humanas, onde sabem que terão a presença de outras iguais.” 

Na iDez, 50% do time é feminino. Apesar disso, a fundadora admite que não é fácil encontrar programadoras no mercado e que a maior parte das vagas do grupo é preenchida para posições administrativas ou na área comercial. 

Para a empreendedora, a próxima parada é o sucesso. Maria espera um crescimento vertiginoso do negócio, que inclui, no primeiro trimestre de 2022, o fechamento de uma rodada de investimentos de R$ 6 milhões para ampliar o portfólio de serviços. “Quem empreende precisa arriscar”, finaliza. 

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