Mônica Sampaio e Santa Resistência estreiam na 52ª edição da SPFW com coleção que destaca a história das mulheres negras

Peças trazem elementos da cultura do Recôncavo Baiano, onde nasceu a estilista
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Santa Resistência
Cartela de cores da coleção tem verde floresta, o azul royal, o laranja, o amarelo queimado e branco
(Foto: Mônica Sampaio/ Divulgação)

Inspirada na ancestralidade da mulher negra e nas características únicas do Recôncavo Baiano, “Joias do Recôncavo”, coleção da estilista Mônica Sampaio, celebra a primeira participação da Santa Resistência na São Paulo Fashion Week. O desfile será realizado hoje (19), às 15h, com casting composto totalmente por mulheres negras e ao som do grupo Afrodescendentes. 

Em 17 peças, a criadora conta a história de resistência das figuras femininas que vivem ou já viveram na região que dá nome à coleção. “A ideia é narrar como mulheres pretas com fé mantiveram os laços familiares, construíram sua história e deixaram um legado cultural que hoje é patrimônio imaterial da humanidade”, conta Mônica Sampaio. 

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A apresentação da nova linha da Santa Resistência é dividida em três blocos. O primeiro, batizado de “Memórias de Oya”, busca representar as paisagens das cidades do Recôncavo, e, para isso, utiliza cores fortes, estampas e a técnica colo de fuxicos, criada pelas artesãs do lugar. Em seguida vem ”Mulheres do Recôncavo”, com itens que carregam imagens da cidade natal da estilista e possuem azul royal e tons de laranja como cores predominantes. Por fim, “Transmutação de Iansã” espelha-se nas filhas de santo e no orixá Iansã para demonstrar a fé local. 

Além da trilha sonora temática, o desfile também conta com a cenografia de Nádia Taquary para estabelecer ainda mais a atmosfera da coleção. No espaço, haverá esculturas e instalações da artista visual, produzidas com base na história do Brasil e em aspectos da tradição e ancestralidade africana. 

Diversidade na moda 

O desfile da Santa Resistência na 52º edição do SPFW vai além da estreia da marca em um grande evento. Ele representa a expansão dos espaços alcançados pela cultura negra na moda brasileira e destaca o talento de designers e estilistas que têm o propósito de levar essa pluralidade cada vez mais longe. 

Para Mônica, a participação é uma oportunidade importante de falar sobre o contexto no qual está inserida. “Há bem pouco tempo, esse tipo de cuidado com a inclusão não existia e, hoje, estamos no maior evento de moda da América Latina. Uma mulher preta trazendo uma moda dessa forma engajada como é a Santa Resistência.” 

Santa Resistência
Mônica Sampaio na cidade de São Félix (Foto: Divulgação)

Apesar de estar orgulhosa por ampliar o alcance do propósito de diversidade da marca, a fundadora acredita que a situação ainda está longe do ideal. “Nós não podemos nos contentar com uma diversidade superficial, porque por muito tempo tivemos um padrão de moda. Então, nós fazemos parte de um grupo de marcas que está promovendo essa mudança, tão necessária, mas que ainda caminha a passos lentos”, analisa. 

Mônica reforça, ainda, que é fundamental haver diferentes tipos de corpos, etnias e culturas no universo da moda. “As pessoas precisam se ver na passarela e se reconhecer nos bastidores dessa indústria, como criadores, editores, stylists. Como as pessoas que movem toda essa engrenagem.”

Processo de criação 

Foi no Recôncavo Baiano, onde Mônica nasceu, que a estilista encontrou grandes referências para criar a coleção. O local foi berço de artistas como Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso, e também serviu de ponto de partida para uma série de cultos afro. Mas a maior inspiração de Mônica veio da luta e do legado das mulheres da região. Dois aspectos que incentivaram a personalidade dada às peças desenvolvidas e permitiu que ela contasse a própria história por meio delas. 

“A minha família é do Recôncavo Baiano, mais precisamente da cidade de São Félix. É de lá, das mulheres de lá, que tirei essas joias. Então, esse mergulho que eu já faço normalmente foi bem mais intenso, porque envolveu memórias afetivas. Para a construção de cada peça, de cada look, busquei referências no meu próprio imaginário e nas minhas memórias. Trouxe para a coleção personagens que realmente existiram na minha vida, juntei elementos das roupas que elas realmente usavam e fiz uma releitura. Meu processo criativo funciona muito dessa forma, é assim que busco minha paleta de cores. Mas tudo sempre nasce de uma grande pesquisa histórica”, conclui.

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