Estudo mostra que pandemia agravou esgotamento das mães

Pesquisa mostrou ainda que 89% das mães relataram dormir menos de oito horas por noite, principalmente por causa da carreira, dos afazeres da casa e dos cuidados com os filhos
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Estudo mostra que pandemia agravou esgotamento das mães
Cerca de metade das mães (48%) que estão trabalhando consideraram deixar o mercado de trabalho por causa dos cuidados com os filhos

Cansaço, dificuldade para conciliar trabalho, cuidados com os filhos e afazeres domésticos, menos horas para dormir e até a falta de sexo. Essas são as principais queixas das mães millennials em 2021. É o que revelou a quarta edição da pesquisa “State of Motherhood” (“Estado da Maternidade”, na tradução livre), conduzida pelo portal especializado Motherly.

O levantamento, que ouviu mais de 11 mil mulheres e foi feito entre 1º e 14 de março de 2021, em parceria com a Edge Research, revelou que as mães vivem um momento agudo de esgotamento. O estudo foi analisado junto aos dados demográficos do censo dos Estados Unidos, com o intuito de garantir que os resultados sejam uma representação estatística das mães millennials no momento.

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Também conhecidos como geração Y, os millennials representam os nascidos entre o período da década de 1980 até o começo dos anos 2000.

Com a pandemia da Covid-19 e a rotina muito diferente em diversos aspectos, 93% das mães relataram que se sentem esgotadas, pelo menos ocasionalmente. Isso representa um aumento de 7% em comparação com a pesquisa do ano passado. As mães também estão se sentindo esgotadas com mais frequência (43%, contra 35%) ou o tempo todo (16%, contra 6%).

O estudo destaca que o principal motivo para esse esgotamento é que elas não se sentem apoiadas em casa, principalmente pelos companheiros, já que 45% das mães relataram ser as principais cuidadoras das crianças durante o dia, sendo as mães negras as mais prováveis ​​de dizer isso com 53%. Enquanto 26% tem um provedor de cuidados infantis para apoio, apenas 4% têm um parceiro que assume a função de cuidador principal ou mesmo compartilha a responsabilidade em igualdade (10%).

Menos horas de sono e muitas jornadas

A falta de apoio dos maridos faz com que as mães assumam todo o trabalho de cuidar dos filhos e das tarefas domésticas. Segundo o levantamento, 89% das mães afirmaram dormir menos de oito horas por noite, principalmente para dar conta da carreira ou acordar mais cedo para organizar a casa e cuidar dos filhos. A falta de sono adequado também é mais comum entre as mães não brancas. 41% das mulheres negras relatam dormir cinco horas ou menos por noite, em comparação com 27% das mães brancas.

Elas também não têm tempo suficiente para si mesmas. Quase 64% dizem que nas últimas 24 horas que antecedeu o dia da pesquisa, tiveram menos de uma hora para cuidar de si, sem trabalho ou obrigações familiares.

As mães que trabalham querem igualdade salarial. Mas elas também querem se sentir apoiados de outras maneiras. 92% das mães acham que a sociedade não faz um bom trabalho de compreensão ou apoio à maternidade. Esse é um sentimento que tem se fortalecido a cada da pesquisa, de 74% em 2018, 85% em 2019, 89% em 2020, até a máxima deste ano.

Mães estão fazendo menos sexo

Das mulheres ouvidas pela pesquisa, 41% dizem que também estão fazendo menos sexo como resultado da pandemia.

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A incapacidade de encontrar tempo para ficar com o parceiro é o principal fator para isso. A vida sexual (ou a falta dela) é a segunda.

Isso porque, em muitas famílias, por causa do isolamento social, muitos casais não conseguem organizar encontros ou apenas um tempo para ficar a sós. A pandemia também fez com que as mães reavaliassem seus planos de ter filhos.

No geral, apenas 39% das mães dizem que pretendem ter mais filhos, 12% menos que em 2019. Embora a maioria (40%) diga que a pandemia não afetou seu planejamento familiar, quase 1 em cada 5 afirma que sim e 13% dizem que estão esperando a resolução da pandemia antes de ter mais filhos. Já 6% dizem que não planejam mais conceber ou adotar.

Um outro fator para que as mães tenham menos relações sexuais é porque também estão menos interessadas em engravidar durante uma pandemia.

Equilibrar maternidade e vida profissional ainda é um desafio

Unir o lado mãe com o profissional não é uma tarefa fácil. São desafios que surgem após o retorno da licença-maternidade ou até mesmo do nascimento do filho.

Os dados históricos mostram que no topo hierárquico das empresas, a presença delas ainda é minoria e o caminho a ser percorrido para essa equiparação ainda é longo.

A pesquisa da Motherly revelou que as mães lutam para equilibrar as necessidades emocionais e físicas com suas carreiras. Sessenta e um por cento delas retornaram ao trabalho após a licença-maternidade antes de se sentirem emocional ou mentalmente preparadas.

Já 30% das mães acreditam que é possível combinar carreira e maternidade de forma criativa. Mas 34% dizem que estão frustradas: elas querem fazer as duas coisas, mas simplesmente não conseguem. 17% das mães dizem que fazer malabarismos com os dois é “impossível”. Apenas 6% das mães se sentem fortalecidas e dizem que ser mãe as ajudou em suas carreiras.

Quando questionadas sobre como os empregadores podem apoiá-las melhor, as mães que trabalham são claras: licença-maternidade remunerada mais longa (64%), maior flexibilidade de cargos (58%) e apoio para creches, seja no local ou por meio de subsídios (53%).

Cerca de metade das mães (48%) que estão trabalhando consideraram deixar o mercado de trabalho por causa dos cuidados com os filhos.

“Por muito, tópicos como saúde materna e creches acessíveis foram rotulados como ‘questões das mulheres’ e não priorizados pelos líderes do governo. As mães precisam de voz, de um lugar à mesa. Precisamos que os legisladores entendam que o que eles chamam de ‘questões das mulheres” realmente afetam a todos”, enfatiza trecho da pesquisa usada nesta reportagem.

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