Saiba escolher o melhor método contraceptivo para você

A contracepção é uma escolha da mulher que deve ser feita com parceria e acompanhamento médico
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Os métodos contraceptivos são estratégias desenvolvidas e usadas para impedir a gravidez. Com o avanço da medicina e estudos sobre a reprodução humana, muitos produtos de contracepção foram criados e desenvolvidos com o tempo. 

Atualmente, os métodos contraceptivos são facilmente encontrados, sejam eles hormonais ou naturais. No entanto, escolher o mais adequado é uma tarefa que não envolve apenas conhecer quais deles estão disponíveis no mercado. 

A EQL conversou com a ginecologista do Sírio Libanês, Silvana Chedid, especialista em reprodução humana, sobre o tema. Logo de início, ela dá o alerta: “Não existe um método que seja considerado o ideal para todas, porque a escolha precisa ser individualizada.  Para cada mulher há um [método] mais adequado e a escolha é feita por ela e seu médico.”

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Isso porque, segundo a médica, todos os métodos têm vantagens e desvantagens diferentes para cada mulher, dependendo de seus históricos de saúde, exames, hábitos e até a fase da vida. “Às vezes, a mulher tem uma necessidade para a contracepção em determinado momento que muda mais para frente”, comenta Silvana.  

Por isso, é importante sempre visitar um profissional da ginecologista e conversar sobre esses tópicos. Dessa forma, a mulher será examinada e orientada sobre quais as melhores opções para ela. No mais, ter em mãos informações sobre quais métodos existem ajuda na hora de conversar com seu médico sobre o tema, para decidirem em conjunto a melhor estratégia para cada caso.  

A doutora Silvana explicou que os métodos são divididos em dois tipos: os naturais e os hormonais. A diferença entre eles é o uso ou não de hormônios femininos para interferir no ciclo menstrual e impedir a gravidez.

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“Toda mulher produz hormônios nos folículos ovarianos, bolsas que contém os óvulos. Todo mês eles crescem e são liberados no útero. Essa é a ovulação e é nela que temos chances de engravidar”. É nesse processo que as estratégias hormonais atuam, interrompendo o ciclo. 

Há também os métodos definitivos, que são realizados por meio de pequenas cirurgias. Eles podem ser reversíveis, mas, para isso, é necessário passar por novas cirurgias e, geralmente, são indicados para mulheres e homens que não desejam mais ter filhos. 

À EQL, Silvana explicou os tipos de contraceptivos que existem, como funcionam, suas vantagens e desvantagens gerais. 

Veja a seguir os principais métodos contraceptivos disponíveis no mercado:

Métodos naturais

Tabelinha e coito interrompido: 

A tabelinha consiste em acompanhar o ciclo menstrual da mulher e identificar o período fértil dela, para não ter relações sexuais nesses dias, evitando uma possível gravidez. Mas o método é falho. 

“As mulheres muitas vezes apresentam ciclos irregulares. Em um mês o ciclo pode ter 28 dias, no outro pode ser 30 e, dependendo do intervalo, o dia da ovulação também varia”, afirma Silvana.“Se a mulher achar erroneamente que ovula sempre no mesmo dia, o método pode falhar”

Outro método pouco seguro é o coito interrompido, que é quando o homem interrompe o ato sexual e ejacula fora do canal vaginal. Silvana explica que “antes da ejaculação, o homem produz uma secreção que é eliminada pelo penis e que contém espermas em pequena quantidade. Mesmo assim, esses espermatozóides podem penetrar o colo do útero e gerar uma gravidez”.

Segundo a médica, esses dois métodos não são eficientes e previsíveis, por isso não são recomendados pelos médicos como estratégias seguras. 

Preservativos

Os preservativos, comumente chamados de camisinhas, são métodos muito recomendados para evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DST). Podem ser considerados um método contraceptivo desde que usados da maneira correta. 

Segundo a médica, para serem usados na prevenção da gravidez, a mulher ou o casal precisa usar o preservativo em todas as relações, mas, mesmo assim, ainda podem ocorrer falhas. 

Existem preservativos tanto para homens como para mulheres e ambos funcionam da mesma forma. São barreiras mecânicas feitas de compostos de látex, mesma matéria prima da borracha, que impedem os espermatozóides de chegarem ao colo do útero e ocasionar uma possível fecundação. No homem, a camisinha é colocada por cima do pênis e na mulher, introduzida na vagina antes da relação sexual. 

“É necessário checar se não há furos ou rasgos no material e ter a certeza de que não há bolhas de ar dentro do preservativo, pois a pressão do ato sexual pode estourar a proteção e a eficácia cai”, comenta a ginecologista.

Diafragma, geleias espermicidas e esponjas

O diafragma é um anel de silicone maleável e que possui diversos tamanhos no mercado. “O dispositivo é introduzido na vagina antes da relação sexual e cobre o colo do útero, oferecendo uma proteção mecânica”, explica Silvana. 

“Não tem uma alta taxa de eficácia, porque depende de ser usado em toda relação”. Ainda segundo ela, é preciso ir ao ginecologista antes de utilizar o diafragma, pois é preciso fazer uma avaliação do tamanho do útero para escolher o tamanho certo para cada mulher. 

Os diafragmas podem ser combinados com as geléias espermicidas, produtos para serem introduzidos na vagina antes da relação sexual e que atuam quimicamente sobre os espermatozóides. 

“As geléias não devem ser usadas sozinhas, pois a eficácia é considerada baixa, é recomendado que se use junto com o diafragma, assim a eficiência passa a ser considerada alta”. Os dois métodos usados juntos oferecem uma proteção mecânica e química, o que deixa a eficácia um pouco mais alta

Já as esponjas contraceptivas não são encontradas no Brasil, mas funcionam de forma muito parecida com o diafragma em conjunto com a geléia. “São como pequenas esponjas de banho que contém o gel dentro dela”. São colocadas dentro da vagina antes da relação e podem ser descartadas depois. 

“São bons métodos porque não tem contraindicações, mas as taxas de sucesso em termos de proteção são consideradas pouco alta”, afirma a ginecologista.

Hormonais

A médica ginecologista explica que os métodos hormonais funcionam da mesma forma: fazem uso de hormônios que já são produzidos pelos ovários femininos para interromper o processo de ovulação e, consequentemente, os períodos férteis. “Todos têm um alto grau de eficácia e são métodos temporais, ou seja, só fazem efeito enquanto estiverem em uso”. 

A médica ressalta que os contraceptivos são medicamentos e por isso podem apresentar alguns efeitos colaterais que vão aparecer durante o uso. Além disso, há também contra-indicações para casos específicos, como mulheres com problemas renais, hepáticos ou predisposição para trombose. 

“Por isso que as mulheres nunca devem se automedicar e começar a utilizar esses métodos sem uma consulta. Como existem diversos tipos, uma indicação que pode funcionar para para uma mulher, pode não ser eficaz para outra. O método certo é aquele que for ideal para aquela mulher.”

Pílulas

Criada na década de 1960, a pílula anticoncepcional começou a ser fabricada com altas dosagens de hormônios, o que gerava mais efeitos colaterais. Atualmente as dosagens são muito baixas, mas igualmente eficazes. “A pílula não é agressiva à saúde se for bem indicada”, avisa Silvana. 

A pílula é um comprimido oral que deve ser tomado de acordo com as indicações do ginecologista. O número de comprimidos podem variar de uma marca para outra, mas é importante seguir com o uso diário. “As pílulas dependem da mulher ter disciplina de tomar sem interrupção. Com a falta de uso os níveis hormonais caem e a mulher não vai manter o nível adequado para inibir a ovulação”

Algumas pílulas são usadas como tratamentos hormonais. “Nesses casos, o ideal é que a mulher passe numa consulta, faça exames laboratoriais. Em geral é assim que é recomendado antes de qualquer tratamento hormonal”

Adesivos, anéis, injeções e implantes subcutâneos

Atualmente, há outros tipos de anticoncepcionais hormonais no mercado, que não são usados pela via oral, como o adesivo, o anel vaginal e as injeções. No entanto, a médica afirma que “todos têm um alto grau de eficácia e são métodos temporais, ou seja, só fazem efeito enquanto estiverem sendo usados”. 

Ambos liberam hormônios na corrente sanguínea que vão interromper a ovulação. O adesivo é grudado na pele em regiões específicas e deve ser trocado regularmente também. A periodicidade é um pouco maior do que a pílula, podendo variar de acordo com a composição.  

Já o anel vaginal é um anel de silicone introduzido na vagina e que deve ser substituído todo mês. Há também as injeções hormonais, que são aplicadas mensalmente ou a cada três meses, dependendo da composição hormonal aplicada. 

Outras inovações criadas no campo dos anticoncepcionais são os implantes subcutâneos. São pequenos dispositivos colocados embaixo da pele, no braço ou nas nádegas, por meio de uma pequena cirurgia não invasiva. Esses implantes liberam os hormônios e tem uma durabilidade maior, podendo variar de um a três anos.

DIU

O DIU (dispositivo intra-uterino) é um pouco diferente dos demais. Como o nome sugere, ele é colocado dentro do útero pelos ginecologistas. O método atua no endométrio, tecido que reveste o útero. Esse tecido fixa o óvulo quando há a fecundação e é eliminado na menstruação. 

“Há dois tipos de dispositivos: o de cobre e os hormonais. A durabilidade dele é um pouco maior, podendo variar de cinco a 10 anos de acordo com o tipo de DIU”, conta Silvana. 

Os de cobre,  são com um filamento de cobre, ou uma combinação de cobre e prata.  “O dispositivo libera o elemento e altera quimicamente o endométrio, que forma uma barreira, dificultando a entrada dos espermatozóides no útero. Além disso, reduz o tempo de vida dos gametas masculinos nesse ambiente”. 

Esse tipo possui uma durabilidade maior, de até 10 anos. No entanto, a ginecologista explica que há efeitos colaterais: “O DIU de cobre altera a menstruação, podendo aumentar as cólicas e o fluxo de sangue”. 

Já o DIU hormonal libera hormônios que podem ser um pouco diferentes dos outros métodos, por agirem diretamente no tecido do endométrio. Não possuem a ação espermicida do DIU de cobre, mas são tão eficazes quanto ele e os outros métodos hormonais.  A durabilidade deste dispositivo é de cinco anos. “São interessantes para mulheres com muitas cólicas e fluxo intenso, pois leva à diminuição do fluxo”

Métodos definitivos

O método definitivo é a laqueadura, uma cirurgia em que a ligação entre úteros e ovários é cortada Assim, o óvulo não chega ao útero e não pode ser fecundado.

Segundo a médica, é possível reverter o processo com novas cirurgias, mas geralmente o método é recomendado para mulheres como uma medida definitiva para não ter filhos. 

Pela lei brasileira, a cirurgia só pode ser realizada em mulheres com mais de 25 anos ou, pelo menos, com dois filhos vivos.

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