Certificação de empresas não é algo novo. A partir da primeira metade do século XX, as indústrias e empresas passaram a se preocupar em certificar a qualidade dos produtos para os consumidores. De lá para cá, o mundo evoluiu, as preocupações são outras, e as certificações precisaram acompanhar essas mudanças, tornando-se cada vez mais completas e complexas.
Hoje, o consumidor não quer mais saber apenas se um produto é bom, ele também quer comprar de empresas comprometidas com a sustentabilidade, que não explorem o trabalho infantil, e, mais recentemente, que seja um ambiente seguro para seus colaboradores. Hoje é possível consumir de determinada empresa tendo assegurada que ela é um ambiente de prevenção, acolhedor e preparado para lidar com situações inesperadas como assédios psicológicos, físicos, abusos, agressões e desdobramentos a respeito do comportamento humano.
Ter empresas que se comprometam com essas questões traz benefícios não apenas para os consumidores, que ficam mais satisfeitos, mas também para os colaboradores, que ficam mais engajados.
“Empreender esforços para cuidar das situações de violência enfrentadas por colaboradoras e/ou clientes, pessoas e mulheres em nosso redor é agir em conformidade com uma nova visão de mundo que visa garantir um ambiente de trabalho saudável para todos e todas. E não apenas isso, há que se destacar que a violência contra as mulheres afeta sua capacidade laboral, sua produtividade, diminui as possibilidades de crescimento e desenvolvimento, repercutindo diretamente na performance do negócio. Dados do IBGE mostram que a ausência no trabalho devido à violência doméstica gera perda anual de R$ 1 bilhão na economia do Brasil”, explica a cocriadora do manual Selo EQL Aqui Protege, Mariana Suniata-Miranda.
Cartilha EQL Aqui Protege
Uma das certificações que garantem que uma empresa é segura para seus colaboradores, é o Selo EQL Aqui Protege.
Antes de certificar a empresa, o Selo EQL Aqui Protege pretende preparar o ambiente empresarial, para que ele esteja pronto para lidar com situações inesperadas como assédio psicológico, agressões físicas, abusos e as complexidades do comportamento humano.
Para isso, preparou um manual com a colaboração de dois profissionais capacitados e especializados em prevenção à violência. São eles Mariana Suniata-Miranda, é mãe do Igor, antropóloga, artista social, especialista em diversidade e inclusão, lidera diálogos multisetoriais e programas de inovação local e globalmente, tendo atendido 3 continentes, 8 países e mais de 50 organizações e movimentos que defendem os direitos das mulheres e das populações minorizadas e o professor Sérgio Flávio Barbosa, filósofo e Fundador de grupos reflexivos para homens autores de violência contra a mulher.
Além disso, Miranda Advoga por políticas públicas para mulheres e meninas desde 2006, e atualmente está como Coordenadora Psicossocial do Instituto MOVI o BEM e Diretora de Diversidade do SPORT Club de Recife.
Barbosa é cocriador da campanha do laço branco no Brasil- Homens pelo fim da violência contra a mulher. Coordenador de grupos reflexivos em São Paulo, Peruíbe. Formador de facilitadores para os grupos reflexivos para homens autores de violência contra mulher em Botucatu, Ourinhos, Leme, São Sebastião, Presidente Prudente. Desenvolve workshops sobre prevenção do assédio sexual e abuso sexual em várias empresas.
O manual se divide em duas cartilhas distintas, a primeira traz dados e reflexões sobre como transformar as estruturas, atitudes e comportamentos que perpetuam a violência em suas várias formas. Envolve uma análise profunda dos problemas, raízes, causas e impactos da violência, bem como a busca de alternativas e abordagens mais acolhedoras e respeitosas para lidar com as pessoas ao seu redor. A segunda propõe uma jornada reflexiva, incentivando a compreensão das experiências alheias e a formação de uma visão mais ampla sobre a masculinidade. A ideia é promover diálogos construtivos e sensíveis sobre esse tema importante, buscando contribuir para um ambiente mais inclusivo, respeitoso e igualitário.
“Sabemos que a EQL ocupa um papel de destaque na vida de nossas parceiras e clientes e queremos apoiar a todas(os), empreendedoras(es), empresas e funcionárias(os), a conviverem em um ambiente que proporcione acolhimento e proteção a todas as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis que frequentam os espaços comuns”, explica a antropóloga.
O SELO AQUI PROTEGE poderá ser contratado por instituições públicas e privadas, que, de forma comprovada, realizam e principalmente que se comprometem com ações efetivas em favor do desenvolvimento humano e financeiro de seus colaboradores e parceiros.
A empresa certificada poderá apresentar aos seus stakeholders o seu protagonismo e empenho em ações de boas práticas como educação e formação para o desenvolvimento pessoal e profissional, além de um ambiente saudável e seguro.
De acordo com o manual, “o papel das empresas não está ligado somente em atuar nos casos específicos de violência que chegam ao seu conhecimento. As empresas possuem um lugar estratégico na prevenção da violência, que pode ser realizada por meio de formações, treinamentos e espaços de sensibilização para todos os seus colaboradores e colaboradoras sobre o tema, desde a compreensão do fenômeno, como rapidamente apontamos aqui, como os homens podem e devem se envolver na causa, como funcionam os serviços de atendimento e acolhimento, entre outros. Além disso, com foco específico nos casos que lhe chegam, as empresas têm o compromisso de auxiliar suas colaboradoras e funcionárias para conseguirem romper com a violência vivida e que possam garantir sua permanência no trabalho”.
