10 ações com melhor e pior desempenho em agosto de 2021

Conturbações políticas internas e restrições da produção chinesa impactaram o mercado acionário durante o mês
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Com o início do debate para o novo orçamento das contas públicas federais e declarações da alta cúpula do governo sobre o tema, “agosto foi o mês dos desafios políticos na economia”, segundo Marilise Andrade, especialista e assessora de investimento da Genial Investimentos. O temor de riscos fiscais fez a bolsa de valores brasileira sofrer com quedas. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, já apresenta um recuo de 3% em relação a julho. 

Mesmo com sinais de crescimento econômico, resultados positivos de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, diminuição da relação entre PIB e dívida pública e o anúncio de uma leve redução do desemprego no país, as incertezas predominaram. “Há uma série de discussões que envolvem o teto de gastos das contas públicas que geraram preocupações”, diz Marilise. 

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Por ser um elemento recente da gestão brasileira, estipulado em 2016, há ainda a desconfiança se o orçamento será cumprido, segundo a especialista.  “O teto é importante para dar equilíbrio e informar sobre as contas. A perspectiva de furar ou tirar o limite interfere na confiança dos investidores”. 

Dentre as preocupações que envolvem o teto de gastos do orçamento brasileiro, Marilise destaca a nova proposta de transferência de renda do governo, o Renda Brasil. O projeto ainda está sendo definido pelo Ministério da Economia e no Congresso Nacional, mas para a analista de mercado tudo indica que não encaixará no teto e, se aprovado, terá que ser financiado quebrando os limites estabelecidos ou por fora do orçamento da União . 

Outra questão que tumultuou o cenário político e econômico doméstico foram os precatórios, que são dívidas públicas do Estado sentenciadas pela Justiça que devem ser pagas de acordo com a fila de credores e que não podem ser retiradas do orçamento federal. “O valor dos precatórios para 2022 está realmente alto e há a discussão de poder parcelar esses valores, mas isso gera muita incerteza também. Uma solução seria tirar do orçamento, mas qualquer cenário que tire as contas do teto fragiliza o índice de confiança do país e fica a questão de por que fazer se não cabe”. 

“Um outro ponto foi a discussão das privatizações, que geram ânimos divergentes.  Há uma proposta de usar o dinheiro desse processo para financiar retornos no meio social, o que é até uma forma de incentivar parte das parcelas que não apoiam as privatizações. Mas há junto dele uma proposta de não incluir esses valores recebidos no controle do teto”, acrescenta.

As alterações nos maiores crescimentos e quedas nas valorizações das ações no mês de agosto foram bastante pautadas pela temporada de balanços financeiros trimestrais divulgados pelas empresas, explica a especialista. “As companhias que apresentaram bons lucros no segundo trimestre de 2021, tiveram uma alta valorização e o inverso também aconteceu”, explica Marilise. 

“O setor de varejo ainda sofre com as questões das lojas físicas. Mesmo com a reabertura, o consumo online é predominante e essas empresas ainda estão se adaptando à concorrência, então mesmo com balanços positivos em relação a 2020, ainda há instabilidade nesse mercado. Também existe ainda resquícios de dos prejuízos sofridos em 2020, em que as lojas físicas foram as que mais sofreram com os lockdowns”, diz. 

Cenário internacional

A apresentação de dados que demonstram que a alta da inflação nos Estados Unidos é transitória acalmou o mercado internacional. “A população norte-americana começou a voltar a consumir e está consumindo mais, pois havia uma demanda reprimida por conta dos impactos da Covid-19 e muito dinheiro foi injetado na economia, mas a tendência é que se normalize”, explica a assessora de investimentos. No entanto, os setores de commodities recuaram no mês de agosto, o que tem impactos diretos na bolsa brasileira. 

Uma série de restrições em alguns mercados na China, como os de videogames, somada a diminuição da produção siderúrgica do país preocupam os investidores e têm gerado reflexos nas exportações brasileiras. 

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“A gente teve uma alta demanda de ferro principalmente, e outras commodities como petróleo, que recuaram neste mês. É normal que tenha essa queda depois dessa corrida das commodities, mas houve um impacto maior por conta da diminuição da produção de aço do país, principalmente no setor de ferro. Essa queda acabou apagando a valorização conquistada até agora em 2021”, comenta Marilise.

Segundo ela, um dos motivos para o governo chinês realizar cortes da produção de aço envolve o preparo para as Olimpíadas de Inverno de Pequim, em 2022, como forma de melhorar a qualidade do ar até lá. 

A pandemia de Covid-19 e a disseminação da variante Delta foram preocupações menores durante o mês de agosto para a economia. Os rumores de quarentenas e lockdowns na Europa no início do mês não se concretizaram e isso tranquilizou as atividades dos investidores, tanto no mercado externo quanto no doméstico. Além disso, Marilise acredita que os países estão mais preparados para caso haja a necessidade futuramente. 

5 ações com melhor desempenho em agosto:

1. EMBR3:

Variação no mês: + 25,98%

A Embraer é a terceira maior fabricante de jatos comerciais de até 150 lugares do mundo, além de ser a maior exportadora de produtos manufaturados de alta tecnologia do hemisfério sul. 

Criada pelo Governo Federal, em 1969, como Empresa Brasileira de Aeronáutica, a companhia foi privatizada em 1994 e possui capital misto e controle estatal. O governo brasileiro é detentor de uma Golden Share, que lhe dá o direito de veto sobre determinadas decisões estratégicas na companhia

2. CPFE3:

Variação no mês: +14,69 %

CPFL Energia é uma holding de distribuição e comercialização de energia elétrica, além de prover serviços relacionados ao setor elétrico. Uma holding é um tipo societário de gestão em que a empresa exerce controle sobre outras, com objetivos administrativos. 

A empresa possui 5 distribuidoras de energia, que atendem a 679 municípios nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais. Além disso, detém participação em 8 usinas hidrelétricas e duas termelétricas. Também investe em energia renovável como eólica e biomassa, por meio da empresa CPFL Renováveis.

3. BRKM5:

Variação no mês: +14,27%

A Braskem está entre as seis maiores empresas do setor químico e petroquímico do mundo. Com mais de 40 unidades industriais em quatro países, a companhia é capaz de produzir 9 milhões de toneladas de resinas termoplásticas e é uma das maiores produtoras do material nas Américas. Também produz mais de 10 milhões de toneladas de químicos básicos.  Além disso, é a maior fabricante mundial de biopolímeros, com capacidade anual de 200 mil toneladas de polietileno feito a partir de etanol de cana-de-açúcar.

4. CMIG4:

Variação  no mês: +13,15%

A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais S.A) é uma estatal brasileira que atua na produção e distribuição de energia elétrica. Presente em mais de 20 estados brasileiros, a companhia também atua no setor de telecomunicações e gás, sendo proprietária de parte das empresas Gasmig e Cemig Telecom.

5. SUZB3:

Variação no mês: +12,82%

A Suzano S.A. atua na produção na produção de papel e celulose a partir do plantio de eucalipto. Dentre os produtos fabricados estão o papel revestido e não-revestido, papel cartão, papel tissue, celulose de mercado e celulose fluff. Com estratégia de flexibilidade da produção,  a estrutura da companhia inclui três fábricas de celulose e papel em São Paulo e Bahia. Possui uma fábrica de papel não integrada em São Paulo e uma de produção de celulose no Maranhão. Além disso, detém a FuturaGene, empresa de melhoramento genético.

A Suzano é uma das maiores distribuidoras de papéis e produtos gráficos da América do Sul, com presença nos Estados Unidos, Suíça, Argentina e Áustria.

5 ações com pior desempenho:

1. CSAN3:

Variação no mês: -21,21%

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é uma empresa que atua nos setores de siderurgia, mineração, logística, cimento e energia. Sua atividade vai desde a extração do minério de ferro até a produção e comercialização. Sua linha de produtos possui alto valor agregado, incluindo aços planos revestidos galvanizados e folhas metálicas. 

2. VIIA3:

Variação no mês: -17,47%

A Via Varejo atua no setor varejista e está entre os maiores comercializadores de eletrodomésticos no mundo. Administra as redes Casas Bahia e Ponto Frio, com lojas físicas em 20 estados brasileiros e no Distrito Federal. A empresa também é responsável pelas lojas virtuais das duas redes, assim como o comércio eletrônico do site da Extra.

3. UPGA3:

Variação no mês: -17,25%

O Grupo Ultra, também conhecido como Ultrapar, é uma companhia que atua em diferentes segmentos do varejo, indústria e logística. No varejo, o grupo é dono da rede de postos de combustíveis Ipiranga, da distribuidora de gás GLP Ultragaz e da rede de farmácias Extrafarma. 

No setor industrial, produz especialidades químicas com a por meio da empresa Oxiteno, líder na produção de tensoativos e produtos químicos especializados, que possui 12 unidades industriais e está presente em 9 países. No setor de logística, possui a Ultracargo, que atua com armazenagem de granéis líquidos e presença nos portos de Aratu, Santos, Suape, Rio de Janeiro, Paranaguá e Itaqu

4. QUAL3:

Variação no mês: -17,01%

A Qualicorp Consultoria e Corretora de Seguros S.A. atua na administração, gestão e vendas de planos de saúde empresariais e coletivos por adesão, além de prestar serviços em saúde. Pioneira no ramo de planos coletivos, seu modelo de negócio reúne pessoas a partir da profissão ou área de atuação, em parceria com entidades de classe negociação junto às operadoras.

As cinco principais empresas controladas pelo grupo são a Qualicorp Administradora de Benefícios e a Qualicorp Corretora de Seguros, que atuam respectivamente com a administração e a comercialização de planos. O Clube Saúde é uma administradora voltada para planos de baixos custos, enquanto que a Aliança é especializada no segmento do setor público. A Gama é especializada em planos de pós-pagamento e compartilhamento de rede médica e hospitalar.

5. IGTA3

Variação no mês: -16,26%

Pertencente ao Grupo Jeseissati, a Iguatemi é uma empresa que atua na concepção, planejamento, desenvolvimento e administração de shopping centers voltados para os públicos de classe “A” e “B”, presente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país.Também opera outlets e complexos imobiliários com torres comerciais, além de desenvolver projetos multiuso no entorno de alguns de seus empreendimentos. Possui participação em 16 shoppings centers, dois outlets e três torres comerciais. 

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