Desde a Antiguidade, as mulheres se viram intuitivamente associadas à produção de objetos artísticos e às chamadas disciplinas clássicas, como pintura, escultura, gravura ou arquitetura. Entretanto, elas também permaneciam marginalizadas ou pouco consideradas como artistas.
Muitas vezes trabalhando no anonimato, como seus colegas do sexo masculino, a maioria delas permanecia confinada em atividades artesanais. Poucas foram as que conseguiram se afirmar em outros campos, ganhar reconhecimento e, principalmente, o status de criadora, de mulher artista.
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Com a carência de relatos históricos, falar sobre mulheres artistas não é fácil. Essa invisibilidade foi frequentemente explicada por questões culturais e políticas que evidenciam uma sociedade profundamente patriarcal. Era comum a falta de acesso das mulheres à formação. Por sua vez, elas eram consideradas apenas quanto à vocação para a maternidade e vida doméstica.
Minoria no espaço público, as artistas mulheres também foram proibidas de praticar o nu, considerado o gênero nobre da pintura histórica.
Mulheres artistas enfim visíveis
Desde 2020, vários museus de Paris têm organizado mostras para homenagear artistas mulheres, com destaque para a exposição que foi exibida no Museu do Luxemburgo, de maio a julho deste ano. A exposição intitulada “Mulheres pintoras – 1730 -1840” reuniu cerca de 80 obras de artistas como Elisabeth Vigée-Le Brun, pintora oficial de Maria-Antonieta, Marguerite Gérard, Marie-Guillemine Benoist e Constance Mayer, revelando uma verdadeira feminização das artes desde os anos pré-revolucionários até a Restauração.
A exposição destacou artistas plásticas celebradas numa época em que as escolas foram abertas para elas e a arte se tornou um dos únicos meios de promoção social. O objetivo da exposição foi o de ilustrá-las como verdadeiras conquistadoras que travaram múltiplas batalhas no mundo artístico.
Você sabia?
O período entre 1730 e 1840 representa um verdadeiro movimento de emancipação nascida pelas ideias do Iluminismo e imortalizada pela Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, de Olympe de Gouges. Por um tempo as mulheres puderam seguir a formação artística, contar com proteção durante o parto e pedir o divórcio, mas essas liberdades foram rapidamente restringidas pela Restauração no século 19. Neste período, a sociedade considerava que a criação deveria ser reservada aos homens e a imitação das obras às mulheres.
Edis Lima é guia conferencista formada pela Paris-Est Marne-la-Vallée
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