Tita Legarra: a vendedora da cultura pop que optou pelo capital humano  

Ela se consagrou na área comercial de empresa de entretenimento e em eventos como o badalado CCXP, mas escolheu mudar o rumo da carreira e se dedicar ao investimento em pessoas
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Tita Legarra dedicou 10 anos da carreira ao mercado de cultura pop e decidiu mudar para o segmento de investimento em capital humano (Foto: Divulgação)

Tita Legarra, 29 anos, passou quase 10 anos da carreira na área comercial do mercado de cultura pop.

Atuou no Grupo Omelete de entretenimento e participou intensamente da história do Comic Con, o famoso CCXP, onde atuou até 2019, na última edição presencial antes da pandemia.

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A missão que ela escolheu para a vida é vender diversão, ou melhor, felicidade. E o que poderia ser desafiador para qualquer profissional da área comercial de uma indústria tradicional, para Tita é algo muito tranquilo e natural. Ela vende um estado de espírito, simplesmente.

A conversa – e não uma entrevista convencional – é cheia de energia, testes e provocações. Tita tem suas ferramentas para provar que nossa cabeça é cheia de preconceitos e mitos a serem derrubados para um mundo melhor, mais igualitário e com mais oportunidades para o capital humano, que passou a ser seu foco atual.

Da indústria do entretenimento, ela migrou para a consultoria às empresas com a Fábrica de Criatividade, onde chegou como sócia para estruturar a área comercial.

Atende empresas como Disney, Itaú, Magazine Luiza e Vivo e as ajuda a ter funcionários mais felizes, motivados e, principalmente, capacitados.

Acompanhe os melhores momentos desta entrevista com uma profissional que transborda energia, usa todo esse potencial para as vendas e, como muitas mulheres, tem seus segredos [revelados aqui] para manter o alto astral.

Elas Que Lucrem: Como tudo começou?

Tita Legarra: Sempre fui uma criança muito comunicativa. Eu gosto muito de falar e de me conectar com pessoas e fazer amizades. Acho que isso acabou me levando para a área comercial. Tanto que meu primeiro estágio em Publicidade foi na área comercial do Omelete, um site de cultura pop, filmes e séries. Entrei como estagiária e fiquei lá quase dez anos. Fiz carreira lá evoluindo e crescendo na área comercial mesmo. Fui me apaixonando pele setor que, na época, tinha poucas mulheres. Agora, a representatividade das mulheres está muito mais evidente. Tem muito mais mulheres no mercado, na área comercial, inclusive como líderes. Na minha época, eu tive até muita sorte de ter uma líder mulher. Foi a pessoa com quem eu aprendi tudo o que pude. Trabalhei com filmes, séries, quadrinhos e atuei na CCXP, a Comic Con Experience, o maior evento de cultura pop do mundo. Foi maravilhoso.

Tita com amigos na CCXP – Comic Com Experience – edição de 2017 (Foto: Arquivo pessoal)

Trabalhei em todas a edições. Posso dizer que praticamente fundei a CCXP. Trabalhei da primeira até a última versão presencial, em 2019. Foi muito gratificante porque eu aprendi muito. Vendia patrocínio lá nos eventos. Eu pegava as marcas que queriam entrar neste território de cultura pop e as conectava de maneira fluida e orgânica para que não ficasse aquela coisa de que a marca estava só se aproveitando e com uma imagem oportunista. A gente fazia toda uma história, todo um contexto para conseguir conectar a marca com aquele universo. Eu era apaixonada e fazia isso muito feliz. Mas, como eu estava lá há quase dez anos, senti que era o momento de mudar. Foi quando eu tive uma oportunidade de vir para a Fábrica de Criatividade, entrando como sócia-diretora com uma oportunidade muito legal de construir a área comercial.

EQL: Você se identificou com a cultura pop. Qual a diferença entre atuar na área comercial da cultura e na área comercial tradicional de uma empresa para vender um produto ou serviço? O que seria mais desafiador?

TL: Eu nunca trabalhei em uma área comercial de produto convencional. É um pouco mais difícil de dizer sobre o outro lado onde eu nunca estive. Mas, o que eu sinto, é que a área comercial de cultura pop ou a área comercial de inovação, que é onde trabalho hoje em dia, é um serviço que capacita e desenvolve pessoas, são coisas que despertam a felicidade no outro, tocam e mudam a vida de uma pessoa. Eu comecei a perceber, trabalhando muito comigo mesma o autoconhecimento, que eu gosto muito de despertar o melhor do outro. Eu sou muito feliz naturalmente e as pessoas até acham que eu não posso ser feliz o tempo todo, mas eu sou. Que bom. Obrigada, Deus! Não sei como. Óbvio que eu tenho os meus momentos, mas naturalmente, consigo virar a chavinha. Vender felicidade, alegria e desenvolvimento é uma coisa que me brilha os olhos. É diferente de vender um produto e um serviço em que, de repente, você não acredita tanto. Ou algo que é muito mais para o seu dia-a-dia. A grande diferença é saber se aquilo que você vende também te move. É preciso achar um propósito maior.

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EQL: Como é conciliar toda a dedicação à carreira com a vida pessoal?

TL: Realmente, equilibrar os pratinhos não é uma coisa fácil. Todo mundo tem essa dificuldade. Mas uma coisa que eu comecei a reparar é que eu preciso cuidar de mim antes de fazer qualquer coisa. Eu preciso estar bem. Então, eu criei uma rotina matinal. Todas as manhãs, eu tenho meu tempo que eu chamo de Golden Hour e coloco isso na minha agenda, por exemplo, das 5 às 9 da manhã. É até um período longo na minha agenda, mas eu tenho para mim. Não é sempre que acordo às 5 da manhã (risos). Eu vou para a academia, medito, faço ioga ou faço dança que eu gosto muito e é uma terapia para mim. Tomo meu café da manhã com calma porque eu gosto muito. É a refeição que eu mais gosto. Depois das 9h, consigo focar no trabalho. À noite, eu deixo um período para estudos e faço alguns cursos porque nesta área a gente tem que se reciclar o tempo todo. Os nossos clientes estão muito atualizados e a gente precisa estar à frente e correr atrás. E faço tudo na agenda. É o que me rege. Se algo não está na minha agenda, eu não faço. Isso vale até para compromissos pessoais. Senão, eu acabo me esquecendo.

EQL: Como foi a transição da área comercial da cultura pop para o investimento em capital humano com o seu ingresso na Fábrica de Criatividade?

TL: Foi uma transição leve. Sou uma pessoa muito da sororidade. Acredito muito em mulheres e gosto muito de trabalhar com mulheres. Sempre gostei. Mulheres são organizadas e incríveis. E, até hoje, ouço de muitas mulheres que não gostam de trabalhar com outras mulheres. Mas a gente precisa se ajudar. A gente tem muito medo de se posicionar. De como a gente vai chegar para falar com o nosso chefe, o nosso líder. A minha transição foi muito bacana porque eu tinha uma boa moral lá no Omelete. Entrei com 10 pessoas e saí de lá com 200. Houve um aumento exponencial. E sei que fiz muito parte desse aumento com o meu trabalho. Eu era muito respeitada por todos os meus líderes lá. Seis meses antes de sair, comentei com meu líder que eu queria fazer uma transição mais lenta para não deixá-los na mão. Fiz toda uma negociação com eles. Eu tinha uma carteira muito grande e forte na minha mão porque eu era a executiva mais antiga na casa. Eles contrataram uma outra pessoa para quem eu fui passando o bastão, passando os clientes, em uma transição mais lenta e tranquila. Em paralelo, eu também ia dando uma consultoria para a Fábrica {de Criatividade] nas horas vagas. Eles não tinham uma área comercial estruturada porque eram uma consultoria muito boutique que atuava apenas por indicações. Tudo pelo boca-a-boca. Mas tive medo de sair do Omelete e não ser mais a ‘Tita do Omelete’, medo das pessoas se esquecerem de mim. Mas Deus sabe de tudo. Entrei na Fábrica em 2020, logo no primeiro trimestre com aquela loucura de início de pandemia. Não tive muito tempo para pensar. Tive que estruturar a área comercial e começar a criar processos. Aproveitei muitos dos contatos na Omelete e, hoje, meu time aqui na Fábrica é feminino.

Tita Legarra: “Eu comecei a perceber, trabalhando o autoconhecimento comigo mesma, que eu gosto muito de despertar o melhor do outro” (Foto: Arquivo pessoal)

EQL: Como pode ser feito um investimento em capital humano? Que tipo de ajuda vocês dão a empresas como Magazine Luiza, Itaú e Disney? Como essas companhias investem no capital humano?

TL: A gente trabalha com duas vertentes: consultoria e treinamento. Nas duas, a gente consegue trabalhar com o capital humano de diferentes maneiras. Na consultoria, os projetos são mais ‘tailor made’ – feitos sob medida. A gente cria dinâmicas e story telling para que as pessoas entendam o que a empresa espera delas. No pilar de treinamento, já trabalhamos com Bosch, TermoFisher, Bayer, Itaú, Sicred, Magalu e Disney com workshops e palestras sobre ‘comunicação não violenta’, ‘diversidade’, ‘o fator uau’ que é o diferenciale também sobre o ‘protagonismo’. São vários temas muito bacanas. A gente entra para capacitar as pessoas com temas específicos.

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EQL: Você vende um produto que é o investimento em capital humano. Mas as empresas acabam deixando isso um pouco de lado diante das circunstâncias econômicas. Como é para você vender a importância disso, da empresa investir nos seus funcionário? E que retorno essa empresa pode ter?

TL: O que a gente percebe é que as empresas grandes já entendem a necessidade de capacitar e investir no capital humano. Isso é muito positivo porque o nosso perfil de cliente ideal já entende essa importância. A gente não precisa muito convencê-lo, mas ainda tem muita empresa menor que a primeira coisa que congela é esse tipo de investimento. E a gente fala muito é o seguinte: de que adianta ter funcionários dentro da empresa que não capacita e eles se tornarem profissionais ruins, desatualizados, que acabam não rendendo e que geram um turnover para aquela empresa porque é um profissional que não está satisfeito e não se sente estimulado. Existe muito ônus em você não investir nas pessoas porque, no final do dia, dizem as pesquisas que as pessoas nem se importam tanto com salário, mas sim com o reconhecimento.

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