Síndrome da impostora: o que é e como se livrar dela

Victória Vitrio, especialista no assunto, dá dicas para se livrar do sentimento de fraude e explica a importância da IE nesse cenário
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Entenda como a síndrome do impostor e a inteligência emocional estão ligadas no dia a dia
(Foto: Envato Elements)

“A síndrome do impostor e a inteligência emocional andam em paralelo.” A afirmação é de Victória Vitrio, head of people na Avenue, corretora de valores nos Estados Unidos. Formada em relações públicas e com diversos cursos e especializações nas áreas de metodologia ágil e coaching, a executiva teve passagens pela Kimberly-Clark e Mercado Livre, sempre na área de relações humanas. Mas, para entender o posicionamento da especialista, é necessário rebobinar um pouco a fita. Afinal, você sabe o que é a síndrome do impostor?

De forma simples e direta, Victória explica: “É, basicamente, quando nos sentimos uma fraude. Quando exercemos uma tarefa, mas nunca achamos que está bom, quando sentimos que o que fazemos não está certo ou que não merecemos estar na posição que alcançamos”. 

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Segundo ela, é comprovado que a síndrome do impostor atinge mais as mulheres do que os homens. Para Victória, essa disparidade está relacionada, simplesmente, à história. “As mulheres sempre conquistaram seus direitos muito depois dos homens, seja direito de trabalhar, de votar ou até mesmo de estudar. É muito diferente dos homens, que sempre conviveram com liberdade de fazer o que quisessem.”

Por isso, de acordo com ela, a diferença da presença feminina e masculina em cargos de liderança e até a disparidade salarial entre os gêneros são fatores que impulsionam a síndrome da impostora, com “A” no final. Em resumo, um cenário corrobora para que as mulheres sejam as maiores vítimas desse padrão de comportamento.

No ambiente de trabalho, Victória explica que a síndrome do impostor toma a forma de autossabotagem. Isso ocorre, segundo ela, por meio da comparação, muitas vezes, com o homem, afinal, é ele quem está no cargo de maior liderança. “É este o meio no qual fomos criadas e é onde trabalhamos desde sempre. A gente se autossabota porque a maioria das mulheres acha que é inferior aos homens do ponto de vista profissional. Este é um resquício do machismo no nosso dia a dia.”

Segundo ela, nesse processo de autossabotagem acabamos minando nossas chances de crescimento nas empresas. “Existem vários tipos de síndrome do impostor, mas tem um que se encaixa nesse contexto: a síndrome do gênio natural”, explica ela. Mulheres que se encaixam nesta categoria tendem a sentir necessidade de fazer tudo com muita facilidade e, quando se deparam com desafios, acreditam não serem capazes ou não terem talento para cumpri-los.

No entanto, existem outros tipos de síndrome do impostor, e que se manifestam de maneiras diferentes. Uma delas é a chamada síndrome do expert. “Basicamente, é quando a pessoa precisa saber tudo sobre qualquer coisa. Ela fica muito envergonhada quando perguntam algo sobre o qual não sabe a resposta”, explica.

Entenda como a síndrome do impostor e a inteligência emocional estão ligadas no dia a dia
Victória Vitrio, head of people na Avenue, corretora de valores nos Estados Unidos (Foto: Reprodução)

Além dessas, há ainda a síndrome do impostor solo, que, como o próprio nome diz, refere-se às pessoas que acabam centralizando tarefas para si. “É aquela que precisa fazer tudo, que não delega tarefas, que precisa dar conta de todos os afazeres. Essa pessoa acredita que faz tudo isso melhor do que os outros e essa centralização de tarefas pode, inclusive, gerar um Burnout”, diz Victória. 

Outro tipo de síndrome do impostor é a síndrome do super-herói. Segundo a especialista,  as mulheres acometidas desse mal acreditam que são imbatíveis e, a qualquer sinal de fraqueza, não conseguem lidar com a situação. São pessoas que, geralmente, têm dificuldade de encarar críticas construtivas.

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Por último, a especialista alerta que a perfeccionista também é acometida de uma espécie de síndrome de impostor, por acreditar que nada está bom o suficiente, o que acaba levando à estagnação. “No mundo corporativo, o feito é melhor que o bem feito. O perfeccionista acaba fugindo disso, porque sempre quer entregar algo perfeito e acaba não entregando nada.”

Como se livrar da impostora

Para entrar em 2022 sem esses padrões de comportamento tão comuns entre as mulheres, a especialista entende que o primeiro passo é entender o básico: somos pessoas únicas. “A comparação não é bem-vinda. A gente precisa entender que enquanto o outro possui características fortes em um certo âmbito, nós podemos ter em outro, e que isso na verdade nos complementa, até como profissionais.”

Além disso, Victória explica que, a partir do momento em que compreendemos que possuímos a síndrome do impostor, é importante contar com ajuda profissional. “Acredito que a terapia comportamental funciona de acordo com os pensamentos e os gatilhos que geram a autossabotagem e podem ajudar muito a trabalhar essas questões.”

Por último, a especialista aponta a mudança de pensamento: “Mesmo que a gente pense em frases positivas para uma determinada situação, a pessoa que possui a síndrome do impostor não vai, de fato, acreditar nela, afinal está sempre pensando no pior. Mas, com o tempo, essa reafirmação positiva pode ter impacto na hora de se livrar desses padrões de pensamentos negativos” 

Para Victória, a inteligência emocional também faz a diferença na hora de tentar se livrar da impostora que habita em nós. “Desenvolver esse aspecto pode ajudar muito no conhecimento sobre as situações. Com uma IE desenvolvida, você consegue analisar o momento de forma mais clara. Então, com certeza, essa é uma soft skill que pode ajudar se você tem a síndrome do impostor”, explica.

Por isso voltamos à frase que abriu a matéria: a síndrome do impostor e a IE andam paralelamente. “Uma pessoa que possui a síndrome do impostor muito descontrolada dificilmente consegue ter uma inteligência emocional mais apurada”, completa. Ou seja: trabalhar a IE, entender os gatilhos e as emoções auxilia também a trabalhar a síndrome do impostor no dia a dia. 

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