Dólar sobe e defende linha dos R$ 5,20 em semana marcada por tensão político-fiscal

Na semana, a cotação valorizou-se 0,50%; em 2021, acumula alta de 0,82%
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O dólar subiu ante o real hoje (6) e acumulou alta ao fim de uma semana marcada pela rápida escalada de tensões fiscais e políticas no Brasil, com o cenário para o câmbio pressionado também por fortalecidas expectativas de que os EUA cortem oferta de dinheiro barato no mundo, o que pode gerar impacto em moedas emergentes como um todo.

O dólar à vista fechou em alta de 0,35%, a R$ 5,2343, depois de oscilar entre R$ 5,2763 (+1,15%) e R$ 5,2056 (-0,21%).

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Na semana, a cotação valorizou-se 0,50%. Em 2021, acumula alta de 0,82%.

No exterior, o dólar saltava 0,55%, puxado por fortes dados de emprego nos EUA que renovaram apostas de redução de estímulos pelo banco central norte-americano.

Num intervalo de apenas alguns dias o mercado teve de lidar com sustos como novas pressões por aumento do Bolsa Família, estimativas de precatórios para 2022 na casa de R$ 90 bilhões, propostas entendidas como calote desses precatórios e discussão de um novo Refis que poderia pressionar mais os cofres do governo.

Além disso, a atribulação entre os Poderes parece ter chegado a seu momento mais agudo, com ataques explícitos do presidente Jair Bolsonaro a ministros do STF. Falas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nesta tarde ajudaram a amenizar no mercado o efeito da tensão em Brasília, mas a temperatura segue bastante elevada, com riscos ao andamento da agenda de reformas.

“Apenas está tudo muito ruim”, resumiu o gestor de uma grande instituição financeira em São Paulo. “O Guedes até pode tentar barrar o novo Refis, mas acho que não vai conseguir”, completou. O texto ainda precisa passar pela Câmara após ser aprovado pelo Senado.

A volatilidade do real, já a mais alta dentre as principais moedas emergentes, subiu ainda mais:

O câmbio chegou a reagir positivamente na quinta-feira à dura retórica do Banco Central, que na noite anterior acelerou o passo de aumento de juros, melhorando a atratividade do real para investimentos. Mas os ganhos intradiários evaporaram com a forte instabilidade político-fiscal.

“Os riscos continuam na frente política. As manchetes negativas podem sobrepujar o fascínio do ‘carry’ e levar o dólar a subir contra o real”, disse o Citi em nota a clientes, acrescentando que as carregadas posições locais favoráveis à moeda brasileira são outra fonte de preocupação. Para profissionais do banco, isso explica parte da realização de lucros vista na véspera e que impulsionou o dólar do meio do dia até o fechamento.

Por ora, os estrategistas do banco privado ainda veem o real performando bem em relação a divisas emergentes e mantêm recomendação de compra da moeda brasileira versus peso chileno.

Enquanto o real perde 0,82% ante o dólar no acumulado de 2021, ganha 9,9% frente ao peso chileno.

(Com Reuters)

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