As 10 ações com os melhores e os piores desempenhos em setembro

Frigoríficos ganham destaque, enquanto minério de ferro e varejo sofrem
JOB_03_REDES_SOCIAIS_EQL_AVATARES_QUADRADOS_PERFIL_v1-02
(Foto: Rawpixel/EnvatoElements)

O mês de setembro foi marcado por tensões políticas locais e crises internacionais que provocaram queda no mercado brasileiro de ações. Nas últimas semanas, o principal índice da B3, o Ibovespa, foi duramente impactado, vivenciou recuperações sutis, mas terminou com perdas acumuladas de 6,68%, encerrando o terceiro trimestre aos 110.842,49 pontos. O resultado fechou três meses consecutivos no negativo.

Segundo Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, o mercado como um todo diminuiu. No cenário doméstico, o risco fiscal, a inflação e o aumento da taxa básica de juros são os principais motivos que atrapalham a economia brasileira, com impactos diretos no desempenho das ações.

OLHA SÓ: Apesar da queda de 13,7%, desemprego no país ainda atinge mais de 14 milhões de pessoas

No dia 22 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o aumento da taxa básica de juros, fazendo a Selic saltar de 5,25% para 6,25%, numa tentativa de frear a inflação brasileira, calculada em 1,1% no mês, segundo o último Boletim Focus. A entidade também indicou que a taxa deve continuar subindo na mesma intensidade: 1%.

“O setor de varejo é o que mais está sofrendo com a inflação alta e os juros. O mercado atacadista pode estar repassando um preço melhor para o consumidor final e sendo menos atingido em seus papéis, mas de modo geral o segmento tem sido penalizado pela alta da Selic e da inflação”, comenta a especialista. Viviane também destaca que ações – como as da Lojas Americanas e Via Varejo – têm apresentado quedas mensais constantes devido a problemas internos de organização e governança. 

O impasse na resolução do orçamento da União e o temor de que o país não consiga manter suas despesas dentro do teto de gastos também são preocupações que afetaram a economia brasileira ao longo dos últimos 30 dias, com impactos na cotação do dólar. A fuga da moeda norte-americana fez com que atingisse a maior alta desde abril e terminasse o mês cotada a R$ 5,44. 

O setor de tecnologia também apresentou desvalorização e, segundo Viviane, foi em escala global. “Acredito numa correção desses papéis, que estavam muito altos e eram considerados muito seguros antes do caso Evergrande. O impacto disso no crescimento da China, além dos aumento dos riscos fiscal e político, também afetou o setor.” A Evergrande, segunda maior incorporadora imobiliária chinesa, declarou neste mês que havia risco de não conseguir arcar com suas dívidas, estimadas em US$ 300 bilhões.  

“A alta do dólar influenciou muito o mercado de commodities, com forte presença dos frigoríficos. Houve uma grande entrada estrangeira no setor, o que acaba em uma valorização desses papéis. O dólar alto também influencia no rendimento das exportações, com demandas altas da China”, diz a especialista.

JÁ VIU ESSA?: Especial A Queda da Bolsa: entenda por que não há motivo para pânico

As commodities minerais ainda sofrem impactos de novas políticas ambientais da China, que está restringindo a produção siderúrgica e o uso do carvão. O minério de ferro acumula quedas há semanas mas, para Viviane, é possível que ainda haja uma valorização. Além disso, ela destaca que o anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sobre diminuir a produção, ajudou o mercado petrolífero a apresentar alta neste mês. “No entanto, os investidores estão procurando papéis mais seguros, não ligados ao Governo Federal, por medo dos riscos fiscais.” 

Outro fator que intensificou a alta do dólar durante o mês foi o receio do banco central dos Estados Unidos, o Fed, de retirar os estímulos aos títulos públicos do país antes de dados mais sólidos sobre a retomada econômica. Viviane explica que, durante a pandemia, a produção mundial parou, então é normal que haja alguma inflação, já que o mercado ainda está num processo de retomada. “O Fed deve iniciar a queda dos juros com cautela. A perspectiva é que ocorra sim um ciclo de inflação curta até a normalização das atividades, mas não é algo que esteja previsto para o longo prazo.”

Para outubro, a perspectiva ainda é incerta. Mesmo com o Dia das Crianças, que impulsiona o varejo, a situação do setor é difícil. “No ano passado, a gente tinha juros mais baixos, mais liquidez e auxílios econômicos, mas as lojas estavam fechadas. Agora, as lojas estão abertas, mas os juros estão altos, a inflação também e nenhum benefício de consumo. O sucesso vai depender de preços mais atrativos.” 

Também não há previsão para que o país resolva seus problemas orçamentários, como os altos precatórios, o incentivo ao novo programa de distribuição de renda do governo (Auxílio Brasil) e a reforma tributária. Para Viviane, a volatilidade relacionada aos rumos da próxima eleição vai aumentar. Somada aos impasses e riscos do gasto público, ainda é arriscado prever boas notícias que impactem o desempenho econômico brasileiro no próximo mês. 

Veja as ações com o melhor e pior desempenho em setembro:

5 ações que mais valorizaram no mês:

1. PRIO3

Variação: + 30,52%

A PetroRio é uma empresa especializada na gestão de reservatórios de petróleo e no redesenvolvimento de campos maduros, com foco no investimento e na recuperação de ativos em produção. A empresa desenvolve o Campo de Polvo e o Campo de Frade, ambos no litoral do Rio de Janeiro. Também está presente no Campo de Manati, no litoral da Bahia, e na Bacia da Foz do Amazonas.

2. MRFG3

Variação: + 25,23%

A Marfrig, multinacional do setor de alimentos especializada em carne bovina, é a segunda maior produtora de carne do mundo. Sediada na cidade de São Paulo (SP), atua nos segmentos de food service, varejo e processamento, com 36 unidades de processamento, primárias e secundárias, além de dez centros de distribuição. Também produz industrializados, como carne enlatada, beef jerky, molhos e sachês. A produção é comercializada internamente e exportada para diferentes mercados. 

3.  BEEF3 

Variação: + 25%

A Minerva Foods é uma empresa de produção e comercialização de carne, com atuação também na exportação de gado vivo . Possui 11 frigoríficos e uma planta industrial de processamento de carnes no Brasil, mas tem presença no Uruguai, Colômbia, Paraguai e Argentina, onde possui mais duas bases de processamento. Com 14 centros de distribuição pela América do Sul e 13 escritórios comerciais, a companhia exporta seus produtos para mais de 100 países. A empresa também controla outras companhias nas áreas de logística, comercialização de energia e transporte, entre outras. Listada na B3, as ações BEEF3 se referem aos papéis ordinários da companhia. 

4. JBSS3 

Variação: + 18,93%

A JBS opera no processamento de carnes bovina, suína, ovina e de frango, com atuação na produção de alimentos com valor agregado de conveniência. Detentora da marca Seara, Swift e Friboi, a empresa possui várias unidades de negócio no Brasil e nos Estados Unidos.  Em 2020 possuia  mais de 400 unidades, das quais mais de 230 estavam relacionadas à produção de carnes e produtos de maior valor agregado. Segundo a companhia, seus ítens foram ofertados para mais de 190 países. No mesmo ano, a capacidade de produção diária era de mais de 75 mil bovinos, 14 milhões de aves, 115 mil suínos e 60 mil peças de couro. Comercializa também produtos de couro, higiene e limpeza, colágeno, embalagens metálicas e biodiesel, entre outros.

5. BRFS3

Variação: + 15,67%

Formada pela fusão entre Sadia e Perdigão em 2012, a BRF Foods é uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com uma variedade de mais de 5.000 produtos de 30 marcas em seu portfólio, entre elas Sadia, Perdigão e Qualy. A empresa está presente em mais de 140 países, com cerca de 40 plantas industriais no Brasil e exterior, assim como 47 centros de distribuição. Suas ações, todas ordinárias, são comercializadas na bolsa brasileira e na bolsa de Nova York. 

5 ações que mais desvalorizaram no mês:

1. BIDI11 

Variação: -31,18%

O Banco Inter é um banco de varejo que se destaca por sua plataforma digital com isenção de tarifas. Atua com crédito, investimentos e câmbio em todos os municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes, totalizando mais de 4.000 cidades. Entre 2018 e 2019, registrou crescimento de 261% em sua base de clientes. A instituição financeira está listada na B3 com ações preferenciais (BIDI4), ordinárias (BIDI3) e units (BIDI11), que representam um “pacote” que une benefícios dos dois tipos. As ações ordinárias da empresa dão direito a voto nas assembleias de acionistas. 

2. BIDI4

Variação: -28,84%

As ações preferenciais do Banco Inter também sofreram grande desvalorização, seguindo movimentos de correções dos papéis e uma tendência geral de queda do setor de tecnologia. Os papéis preferenciais dão preferência ao acionista no recebimento dos lucros da empresa, proporcional à quantidade de ações que o investidor possui.

3. VIIA3 

Variação: -25,79%

A Via Varejo está entre os maiores comerciantes de eletrodomésticos do mundo. Administra as redes Casas Bahia e Ponto Frio, com lojas físicas em 20 estados brasileiros e no Distrito Federal. A empresa também é responsável pelas lojas virtuais das duas redes, assim como pelo comércio eletrônico do site do Extra.

4. AMER3

Variação: -25,24%

No varejo físico, a Lojas Americanas está presente em mais de 600 cidades, comercializando diversos tipos de produtos. No mundo online, possui um marketplace próprio, que engloba os sites de compra Americanas.com, Submarino, Shoptime e Sou Barato. Possui mais de uma dezena de centros de distribuição em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pernambuco. A empresa comercializa mais de 8 milhões de produtos em diversas categorias e trabalha o conceito online to offline, no qual o cliente compra online e retira em uma das lojas físicas da rede. O controle acionário pertence a Lojas Americanas S/A, dona de mais de 60% do capital social, composto exclusivamente por ações ordinárias (AMER3). Os papéis AMER3 são referentes aos negócios digitais da Americanas S/A, que dão direito a voto aos acionistas. 

VALE3

Variação: -22,74%

Maior produtora de minério de ferro do mundo, a Vale é uma empresa brasileira que também atua nos setores de logística, energia e siderurgia. Produz níquel, carvão, cobre, manganês e ferroligas. Foi criada em 1942 como estatal com o objetivo de explorar o minério de ferro em Itabira (MG). Inicialmente, era chamada de Companhia Vale do Rio Doce e foi privatizada em 1997. Dez anos depois alterou o nome para Vale S.A. 

Fique por dentro de todas as novidades da EQL

Assine a EQL Newsletter

Baixe gratuitamente a Planilha de Gastos Conscientes

Participe da live Meu Primeiro Investimento

Compartilhar a matéria:

×