O dólar fechou em alta hoje (11), depois de furar o suporte de R$ 5 e novamente não se sustentar abaixo dessa marca, num dia de força da moeda norte-americana contra a maioria de seus rivais e novas quedas nos mercados de ações, reflexo do sentimento ainda frágil do investidor em meio à guerra na Ucrânia.
A ansiedade de investidores antes de uma semana carregada de decisões de política monetária lá fora – os BCs de EUA e Inglaterra decidem juros – e aqui colaborou para a postura mais defensiva do mercado nesta sessão.
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O dólar à vista subiu 0,74%, a R$ 5,054 na venda.
A moeda bateu a mínima do dia ainda no começo dos negócios, em queda de 0,68%, a R$ 4,983. Mas logo na sequência as compras apareceram, e de forma gradual e estável o dólar foi ganhando força ao longo do pregão, até fechar perto da máxima intradiária, de R$ 5,0605, alta de 0,87%.
O dia foi fraco também para moedas emergentes em geral, que caíam 0,3% no fim da tarde, segundo índice do JPMorgan. Enquanto isso, o dólar seguia para cima, em forte alta de 0,8% contra uma cesta de seis divisas de países ricos, mantendo-se perto de máximas em quase dois anos.
A disparada nas expectativas globais de inflação causada pelo rali das commodities como resultado da guerra na Ucrânia e das sanções à Rússia tem ampliado apostas de que o banco central dos EUA precisará ser mais duro no combate aos preços.
Ainda que o Fed deva se ater a uma alta de 0,25 ponto percentual no juro na próxima semana, como esperado, a dúvida é a duração do ciclo, se em algum momento o banco central precisará ser mais agressivo e em que velocidade reduzirá o balanço do Fed – o que seria, na prática, um verdadeiro enxugamento de liquidez.
O economista-chefe do BV, Roberto Padovani, disse que a guerra na Ucrânia não é a “principal história de 2022” e, sim, a mudança das políticas monetárias no mundo desenvolvido.
“O mercado (doméstico) agora está animado, mas historicamente esses efeitos de insegurança global (por causa da guerra) e aperto monetário acabam compensando a melhora dos termos de troca e dos juros”, afirmou.
O BV baixou suas estimativas para o dólar ao fim de 2022 e 2023, mas segue prevendo depreciação cambial frente aos patamares atuais, em função das incertezas eleitorais e da menor liquidez internacional.
E a força do dólar contra outras moedas tende a se estender ao real. A correlação entre o euro e as moedas emergentes, por exemplo, recorrentemente opera próximo a +1 – ou seja, se o euro cai, as divisas emergentes também se desvalorizam.
O Bank of America rebaixou seu cenário para o euro a US$ 1,05 no término do ano, ante US$ 1,10 – o euro era cotado em torno de US$ 1,09 nesta sexta. O BofA projeta que o Fed elevará os juros sete vezes neste ano e mais quatro no próximo. Por ora, a taxa norte-americana segue próxima a zero.
No acumulado da semana, o dólar no Brasil ainda caiu 0,48%. Em março, a cotação recua 1,98% e em 2022 cede 9,32%. O real segue na liderança do desempenho global neste ano.
O UBS BB – que vê o juro no Brasil batendo 13,75% em maio – acredita que a taxa de câmbio deverá encontrar suporte nas altas de juros domésticas e também nos fluxos estrangeiros de capital e nos superávits na balança comercial. O banco calcula dólar em torno de R$ 5,25 neste ano e em cerca de R$ 5,00 no primeiro trimestre de 2023.
(Com Reuters)
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