Jornada de liderança: como treinar líderes para dar feedbacks aos seus colaboradores?

Entenda como essa poderosa ferramenta de troca entre colaboradores pode fazer a cultura da sua empresa e os resultados do seu negócio irem mais longe.
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Feedback é um termo muito usual no ambiente corporativo, que no Brasil já foi praticamente incorporado ao nosso idioma. O significado é composto pela junção de feed, que significa alimentar, e back, que traz a ideia de volta. E é nesse movimento de retroalimentar que empresas estão induzindo a sua cultura corporativa para um ambiente rico de troca de experiências e avaliações.

Porém, a prática não é tão simples como a teoria desse conceito. E entre pontos fortes e fracos, muitos feedbacks acabam se perdendo dentro do verdadeiro propósito. 

Partindo dessas considerações, neste artigo vamos entender como você pode treinar a sua equipe de liderança para que apliquem feedbacks consistentes e com resultados eficientes para a sua empresa. 

Me dá um feedback?

Se você ainda considera que os momentos de feedbacks são tensos para os colaboradores das suas lideranças, é melhor repensar. Pois, de acordo com estudo publicado em 2022 pela empresa Õfficevibe, de softwares de pesquisas, 96% dos funcionários respondentes dizem que receber feedback regularmente é bom e 83% dizem apreciar receber um feedback, independentemente de ser positivo ou negativo.

Outros números interessantes nessa pesquisa mostram que:

  • 63% dos colaboradores sentem que não recebem elogios e reconhecimentos suficientes;
  • 32% dizem esperar mais de 3 meses para receber um feedback da sua gestão;
  • 37% relata que não se sente próximo à sua liderança; 
  • 1 em cada 5 colaboradores não percebe transparência por parte do seu gestor; 
  • 64% acreditam que a qualidade do feedback que recebem precisa ser melhorada;
  • 62% também gostariam de receber feedback dos seus colegas de equipe;
  • 1/4 dos respondentes desconhecem a missão da empresa ou são indiferentes;
  • 47% sente-se estressada com o trabalho;
  • 57% não recomendaria a empresa que trabalha para outras pessoas.

Analiticamente é fácil entender que a cultura do feedback é distante em grande parte das empresas e isso não está relacionado à opção dos colaboradores em geral. 

E tudo isso, nos abre espaço para perceber que o feedback é uma ferramenta de oportunidade de criar uma cultura de mais diálogo e um ambiente mais positivo. 

Para Rê Proença, 61 anos, mentora e coach de carreira, o feedback é como se fosse um mapa da nossa carreira: “o feedback nos proporciona saber aonde estamos indo muito bem e onde precisamos melhorar e desenvolver. É uma alavanca para impulsionar atitudes que devemos seguir e um esclarecimento que nos ajuda a superar novos desafios pela frente.”.

Em outras palavras, o feedback é um direcionamento personalizado e individual que nos ajuda a compreender melhor a nossa atuação e para onde queremos ir de acordo com os objetivos de negócio da empresa. Além disso, traz clareza e significado para o que cada colaborador está entregando. 

O líder tem um papel fundamental nessa engrenagem, pois é a pessoa que está na ponta, representando a empresa nesse pilar de comunicação e engajamento. 

“Diante disso, é muito importante que as empresas, e as equipes de recursos humanos, insistam na cultura do feedback, realizando treinamentos de capacitação para orientar melhor os seus líderes, até que se crie uma intimidade maior com essa ferramenta e com a sua estrutura. Assim, os feedbacks se tornam mais parte da rotina, sem dificuldades.”.

7 dicas para dar um bom feedback  

Como vimos na pesquisa, 64% dos colaboradores entrevistados acham que os feedbacks que recebe precisam ser melhorados. 

Feedback precisa ser algo recorrente 

Para ser algo dentro da cultura da empresa e alcançar resultados mais assertivos, os feedbacks, ou os conhecidos 1:1, precisam acontecer com determinada frequência. 

Um modelo que acostume tanto o líder quanto o colaborador a incluir na rotina e a fazê-los sempre melhorarem a cada troca. Essa forma rotineira irá, inclusive, dar mais naturalidade e tranquilidade para as conversas. 

“Os colaboradores precisam compreender que o feedback é um ato de generosidade, que vai ajudá-lo a se desenvolver melhor. O RH das empresas também podem ajudar nessa educação a respeito da prática, com treinamentos e ações que façam o feedback se tornar uma oportunidade.”, completa Proença. 

Feedback é sinônimo de segurança

Para ter assertividade e uma funcionalidade efetiva, o feedback tem que ser considerado um ambiente seguro, para que a troca aconteça sem constrangimentos e com conforto. 

Se o colaborador temer sofrer qualquer consequência por abrir questões que estão o incomodando, esse processo deixa de ser eficiente. 

“A grande dificuldade de um feedback ser algo que faça parte da cultura do dia a dia das empresas e das equipes, é porque as pessoas não se sentem à vontade para apontar os erros, problemas e fazer críticas. Elas preferem evitar uma possível rejeição ou cancelamento, como na linguagem atual, e até mesmo tem medo de perder o emprego”, finaliza Proença.    

O feedback pode ser um lugar de apoio, de escuta e uma ótima oportunidade para o líder mapear problemas identificados pela sua equipe, que muitas vezes ele não está vendo e que ele, muitas vezes, pode ajudar a melhorar. 

Tenha agilidade

Um erro comum cometido pelos líderes é deixar passar muito tempo entre um feedback e outro, e mais ainda entre um acontecimento importante que pode vir acontecer no percurso e que mereça esse momento de troca. 

Isso não significa resolver problemas de cabeça quente ou ser precipitado, mas sim estar atento ao momento coerente com as atividades, que exigem uma conversa, uma motivação positiva ou uma correção de comportamento que pode determinar um resultado de mais sucesso em alguma atividade lá na frente, por exemplo. 

Argumente com clareza e use fatos

Um bom feedback não é feito com suposições. Ele é construído com base em acontecimentos, resultados e exemplos reais. 

Tenha clareza na sua fala e não deixe as coisas subjetivas ou implícitas, pois isso pode gerar ainda mais dúvidas no colaborador, e aí será a vez dele começar a supor coisas que não são exatamente verdadeiras. 

Escuta ativa

Assim como o líder deve ter cuidado para falar, ele precisa também ser cauteloso para saber ouvir. O feedback é um movimento – de retroalimentar, como iniciamos o artigo – e todos precisam ter a hora de ouvir e de falar. 

Além disso, é muito importante que você demonstre que está com a sua escuta ativa. Todos nós gostamos de perceber que estamos sendo ouvidos e que a nossa fala é importante. 

Registre e acompanhe o que ficou combinado 

Se o propósito do feedback é desenvolver pessoas, nada melhor do que você acompanhar o resultado dessa prática ao longo dos encontros. 

Não fique apenas preso a trazer os pontos positivos e os de melhoria, faça em conjunto planos de ação que podem ser mais facilmente percebidos em uma curva de evolução profissional. 

Inclusive, vale considerar começar um novo feedback sempre retomando os aspectos trabalhados no anterior, e assim sucessivamente. 

Individualize e personalize

Se hoje em dia muito se discute sobre a importância de termos equipes com pessoas diversas para melhorar o desempenho nas entregas, por que você deveria fazer o feedback de maneira engessada e padrão? 

Cada colaborador está em um momento profissional diferente e exigindo atenções diferentes, e, por isso, o feedback precisa ser individual e personalizado. Não sistematize o processo, adapte de acordo com as necessidades que cada perfil exige.

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