Ju Ferraz: Precisamos saber a hora de parar

Entender que o descanso não é perda de tempo se torna cada vez mais necessário em uma sociedade acelerada como a nossa
Juliana Ferraz: Nordestina, mãe, executiva e uma mulher livre

Enfrentamos a pandemia há um ano e oito meses. Depois de todo esse tempo, as coisas, principalmente para o mercado de eventos, começaram a acelerar e aumentar a temperatura. Essa retomada é como um sopro de esperança para o futuro.

Claro que a notícia é muito boa, tendo em vista o modo como estamos vivendo sob o efeito da crise sanitária. Entretanto, não significa que não exista uma pessoa cansada e esgotada do outro lado. Sei que a vontade de sair e aproveitar a liberdade – dentro das limitações e recomendações de segurança – é imensa. Mas como equilibrar essa aceleração com tudo que passamos ao longo desses quase dois anos?

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Ainda temos um excesso de cansaço, vindo do volume de trabalho através das telas, das incertezas, inseguranças e um pouco de medo de como vai ser essa volta. O medo deixa de ser só pela infecção do vírus, que tem nos assombrado por mais de um ano, e torna a ser, também, sobre como voltar às velhas rotinas. Como conviver com pessoas fora da minha bolha? Como voltar a trabalhar presencialmente? Como fazer o que eu fazia antes? Como agir depois de ficar tanto tempo em casa? Temos falado tanto sobre o “novo normal” que, pela lógica, deveríamos estar preparadas para encarar as consequências que esse novo estilo de vida nos trouxe. 

Mas a verdade é que não estamos prontas para sair dos nossos mundos, criados a partir do conforto das nossas casas, onde estivemos reclusas por tanto tempo. Sair da zona de conforto não é fácil, ainda mais depois de tudo que tem acontecido desde março do ano passado.

O meu lado otimista ainda me faz pensar que tudo vai ser muito positivo. Que vamos conseguir nos adaptar às novas realidades. O problema é a aceleração que toma conta de nossos corpos.

Estamos vivendo rápido demais, tentando desesperadamente compensar todo o tempo que, de certa forma, foi perdido durante a quarentena, querendo fazer o dobro do que faríamos em tempos normais, e isso, sem dúvida, tem sido implacável para a saúde mental de muitas de nós. Ao mesmo tempo que queremos viver como antigamente, também temos receio de tomar essa atitude.

Precisamos aprender que é possível trabalhar de maneira mais equilibrada e saudável, como também é possível parar e não se sentir culpada por isso. É necessário entender que o descanso não é perda de tempo! 

Nossa saúde, não só física, mas também a mental, é importante para que possamos seguir em frente. Falo por mim: tenho estado mais frenética do que o costume. Tenho acordado de madrugada para escrever coisas que tenho medo de esquecer durante o dia, mandado mensagens e e-mails de forma descontrolada, raciocinado mais do que o normal, corrido com o time, com os planos, com os projetos – e acabei não percebendo antes o quanto essa rotina me deixa ansiosa.

É assim que eu tenho vivido. E eu sei que não tem sido saudável. Eu tive que parar, pensar e avaliar o quanto meu estilo de vida tem causado danos à minha saúde. Consegui compreender a urgência de mudar meus hábitos. Voltar a treinar, para que minha cabeça fique bem e, principalmente, ter o prazer de parar e descansar. Conto isso aqui porque imagino que vocês, que estão lendo essa coluna, também estejam vivendo esses tempos esquisitos. É por isso que digo: vocês não estão só.

Por mais que estejamos nesse ciclo há um bom tempo, ainda não estamos acostumadas com todas as “novidades” do mundo exterior. É normal passarmos por esses momentos turbulentos, depois de presenciar todas as mudanças drásticas dos últimos tempos, mas podemos e vamos superar esses obstáculos.

Como o ditado diz: “Tudo que é demais, sobra”. Precisamos parar e nos respeitar. Temos que encontrar o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Penso que o primeiro passo é identificar e reconhecer essa aceleração como um todo. Depois, é preciso assumir o controle, respirar fundo e recalcular a rota, tentar descobrir o caminho que leva a águas mais tranquilas.

Tenho fé e clareza de que estamos no fim da travessia desta ponte de incertezas que foi a chegada do coronavírus, e acredito muito em dias melhores. Vamos passar por isso juntas!

Ju Ferraz é jornalista e diretora de novos negócios e relações públicas da Holding Clube

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