Empresa criada por jovem baiana é finalista da maior competição de startups do mundo

Criada por Ticiana Amorim, a plataforma de pagamentos especializada em Pix e open banking Aarin vai representar o Brasil no MeetUp Global
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Ticiana Amorim representou a Aarin e venceu o Desafio Like a Boss. (Foto: Divulgação)

Aos 31 anos, a soteropolitana Ticiana Amorim, CEO e cofundadora da Aarin, foi a única representante feminina a vencer o Desafio Like a Boss, iniciativa do Sebrae em parceria com o Instituto Inova Mais. O feito lhe garantiu o direito de representar o Brasil no MeetUp Global, do Get In The Ring, a maior competição de startups do mundo, prevista para 2022. 

“É uma conquista bastante significativa. Eu sou nordestina, mulher e tenho a mesma capacidade que qualquer homem do mercado financeiro. Além disso, ofereço uma solução para uma necessidade latente das empresas que querem ofertar serviços neste setor”, diz. 

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Ticiana explica que a Aarin é o primeiro hub tech-fin do Brasil, criado com o propósito de democratizar o mercado de serviços financeiros e bancários, tornando-o menos centralizado. Na prática, a ideia é empoderar empresas, mesmo que não financeiras, por meio da tecnologia, de forma que elas também possam atuar no segmento e ampliando, como consequência, o acesso da população.

“Ajudamos varejistas e trabalhadores informais, uma vez que o Pix não é gratuito para operações entre pessoas jurídicas. Os clientes crescem, em média, de 10% a 20% ao mês em volume de transações, o que mostra o potencial e a adesão ao meio instantâneo de pagamento eletrônico”, explica a CEO, esclarecendo que outro objetivo é substituir as maquininhas de cartão e os boletos nas transações entre pessoas jurídicas e físicas, bem como TED e DOC nas transferências bancárias.

Ticiana conta que a tecnologia desenvolvida pela startup possibilita, entre outras funções, a criação de um sistema de gestão integrado (ERP) para que estabelecimentos comerciais possam prestar serviços financeiros à sua base de clientes. “Não só solucionamos processos burocráticos de recebimento, como ajudamos as empresas no controle e repasse, conciliação bancária e estorno. Mas o principal é possibilitar uma nova fonte de receita.”

Com isso, é possível realizar vendas e ter a confirmação, em tempo real, de que o pagamento foi feito, independentemente do número de caixas do estabelecimento, sem a necessidade do acesso à conta bancária. De acordo com a empreendedora, o propósito é construir as pontes necessárias para o que é chamado de invisible banking ou banco invisível. “As pessoas não precisam mais ir às agências para ter acesso ao pool de serviços financeiros. É possível encontrá-los em lojas de vestuário, para o financiamento e parcelamento das compras, ou em redes de material de construção, para a concessão de crédito para reformas, e assim por diante”, exemplifica.

A empreendedora também alerta que a tecnologia reduz fraudes, uma vez que dispensa o cartão, e que a transferência do dinheiro é instantânea. “O risco das fraudes por NFC é menor, pois muitos cartões hoje têm a função de aproximação, sem necessidade de senha, o que possibilita que qualquer pessoa o utilize ou que alguém aproxime uma máquina da sua carteira e consiga realizar uma transação”, explica.

Em julho, a startup recebeu um aporte de R$ 2 milhões para aperfeiçoar a tecnologia e desenvolver produtos. Entre seus investidores estão RB3 Participações, Cubos Venture Studio e alguns executivos do Brasil, Estados Unidos e Espanha.

Criada no começo do ano, a Aarin já soma mais de 220 clientes no portfólio. Em menos de um ano de operação, registrou crescimento médio trimestral de 17 vezes e já  transacionou mais de R$ 100 milhões por meio de 500 mil transações Pix.

Veia empreendedora

Ticiana diz que sempre gostou de empreender, paixão que pode ter nascido ainda na escola, quando participava de gincanas e precisava lidar com problemas, com o inesperado e contar com pessoas para encontrar soluções. “Tudo isso tem muito a ver com o empreendedorismo, não é só abrir uma empresa. É você conseguir destinar esforços para solucionar um problema.” 

E a Aarin não é o seu primeiro negócio. Ticiana empreende desde 2012 e criou empresas de diversos setores, inclusive de soluções tecnológicas, como a Zigpay, plataforma de gestão de consumo e pagamento cashless para o mercado de live events. 

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Em 2021, ao lado dos sócios Lucio Cordeiro e Victor Tavares, decidiu criar o negócio, em um mercado que nem sempre é tão receptivo para as mulheres. Segundo o “Female Founders Report 2021”, produzido pelo Distrito em parceria com a B2Mamy e Endeavor, apenas 4,7% das startups brasileiras foram fundadas exclusivamente por mulheres e 5,1% por mulheres e homens. 

Ticiana conta que, entre as mais de duas centenas de clientes da Aarin, apenas uma é mulher. “Outras mulheres antes de mim precisaram lutar algumas batalhas na vida para que eu pudesse estar onde estou. Sinto a responsabilidade coletiva que carrego por ser mulher, por estar inserida nesse meio, consciente dos privilégios que tive ao longo da vida e de chegar a lugares que poucas mulheres, infelizmente, chegaram. Quero construir um mercado fértil para que elas possam se ver. Faltam exemplos.”

A executiva acrescenta que, quase sempre, nos 15 primeiros minutos de uma reunião precisa provar que é boa e falar de forma técnica para ganhar atenção das pessoas e respeito. “Já ouvi que era só uma menina verde e sem capacidade. Isso é muito comum acontecer, mas nunca vi um homem falar assim com outro. Tenho as mesmas condições para atuar neste mercado que qualquer homem do setor financeiro de São Paulo que trabalha na Faria Lima. Não basta só estar nos lugares, é preciso verbalizar o óbvio, para que possa ser normalizado.”Ticiana diz, ainda, que 80% do time de liderança da startup é composto por mulheres. “Somos cinco diretores: quatro mulheres e um homem. E foi essa empresa que venceu o desafio. Isso é muito significativo e espero que, de fato, seja apenas o começo, para que as pessoas não precisem olhar mais para isso, que seja só mais um fator e não o fator”, conclui. 

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