Plataforma de aluguel de casas para temporada fundada por mulheres pretende honrar as belezas brasileiras

Holmy, criada por três jornalistas especializadas em viagens, tem foco, por enquanto, no Sudeste do país
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Laura Alzueta
Virginia Falanghe, Tati Sisti e Anna Laura Wolff (da esquerda para a direita, respectivamente) (Foto: Laura Alzueta)

Durante a pandemia, Anna Laura Wolff, jornalista e criadora do blog de viagens “Carpe Mundi”, foi convidada por uma agência de turismo para conhecer uma parte do Brasil que ainda não havia cogitado visitar. Entre Bahia, Goiás e Minas, fazendo um safári pelo cerrado em busca de lobos-guará, a viajante sentia estar do outro lado do mundo. Talvez na África do Sul, país tão conhecido pelo safári, principalmente no Kruger National Park. “Eu trabalho no setor e não sabia que esse passeio existia, imagina quem não tem proximidade com o assunto?”, pergunta ela, que se deu conta da importância de incentivar – mais do que nunca – o turismo no Brasil. 

De certa forma, a experiência conversa perfeitamente com a nova iniciativa empreendedora de Anna. Junto de mais duas amigas jornalistas, Virginia Falanghe e Tati Sisti, ela fundou, em novembro, a Holmy, uma plataforma especializada em curadoria de aluguel de casas para temporada. Com foco inicial no Sudeste, a ideia é expandir a atuação pelo Brasil inteiro, indicando estadias ao redor do país. “O Brasil é tão grande… Nosso foco é aqui, então não sei se chegaremos um dia a países vizinhos”, revela. 

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Para ela, essa percepção de que uma viagem nacional pode ser tão enriquecedora quanto uma para o exterior se fortaleceu durante a pandemia de Covid-19, quando o aluguel de imóveis afastados das capitais virou o refúgio de quem não podia mais sair de casa. “Quando as fronteiras foram fechadas, eu percebi que também adorava fazer viagens curtas e relaxantes. Além disso, esses passeios abrem oportunidade para que a gente conheça outros lugares do nosso país”, diz. “Não podemos esquecer disso quando as viagens internacionais voltarem por completo.”

Entregue ao conceito de aluguel de casas, Anna passou boa parte de 2020 participando do programa de afiliados no Airbnb, no qual influenciadores eram comissionados pelos aluguéis das casas que divulgavam. Para blogueiros de viagem, que precisaram parar de produzir conteúdos novos por um tempo, essa era uma ótima forma de conseguir renda extra. O programa, no entanto, foi encerrado em março de 2021, sem aviso prévio. “Aconteceu do nada. De um dia para o outro o serviço deixou de existir e muita gente ficou na mão”, conta. O desconfortável episódio, no entanto, lançou Anna no caminho do empreendedorismo. 

“Já estávamos acostumadas a fazer curadoria de casas nos nossos perfis do Instagram e no Airbnb. Então por que não transformar esse serviço em negócio?”, questionou Anna às suas sócias. Foi a partir daí que, em março de 2021, a Holmy começou a ser desenvolvida. Como jornalistas especializadas em turismo, Anna, Virginia e Tati avaliaram com cautela cada casa que seria listada. Afinal, o grande diferencial da plataforma é a curadoria de pessoas que entendem do assunto. “Queremos conectar os hóspedes a grandes experiências em estadia. Os últimos anos trouxeram uma necessidade maior de autocuidado, inclusive na busca por um lugar com boas energias”, explica Anna. 

As 200 casas registradas atualmente na plataforma estão divididas e categorizadas de acordo com 12 filtros: apartamentos, barns, cabanas e chalés, casas na árvore, casas charmosas, design e arquitetura, domos, flutuantes e barcos, glamping, sobre rodas, vilas de luxo e yurts. Assim, fica mais fácil oferecer exatamente o que os clientes procuram. “Além disso, outra coisa que buscamos é uma taxa de serviço mais baixa do que a de outras plataformas, que normalmente ficam em torno de 20%. Nós vamos cobrar apenas 10% sobre o valor total da compra.” 

Após pouco mais de um mês do início das operações, Anna já enxerga com bons olhos o futuro da empresa. Para ela, o único arrependimento foi não ter percebido o potencial deste mercado antes. “A primeira vez que eu fiquei em uma casa de aluguel foi em 2018, em parceria com o Airbnb. Era uma casa na árvore em Ubatuba, litoral de São Paulo, e minha foto viralizou tanto que a hospedagem ficou lotada o ano todo”, conta. “Na época, acho que eu não me dei conta do tamanho dessa conquista profissional. Foi uma parceria incrível, que mostrava o quanto esse mercado ainda ia crescer. Podia ter enxergado antes.” 

Anos antes, no entanto, Anna acertou em cheio ao criar a sua plataforma de conteúdo voltada para viagens. “Em 2015, os blogs de moda eram os mais disseminados, mas os de turismo não. Foi a época perfeita para criar minha página, porque dois anos depois tivemos um boom sobre o assunto.” Hoje, com mais de 500 mil seguidores no Instagram, a página é o local ideal para a influenciadora transmitir as suas impressões dos locais que conhece – e ainda ganhar para isso. 

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“Eu sempre soube que queria trabalhar conhecendo o mundo. Quando comecei a cursar jornalismo, tinha o sonho de ser correspondente internacional em Nova York. Esse era o auge profissional que eu imaginava”, brinca. No meio do curso, suas ambições mudaram um pouco. Durante o período de estágio em um portal que falava apenas sobre turismo, ela descobriu uma paixão: fotografar e escrever sobre diferentes culturas, pessoas e lugares. Foi por conta dessa experiência que, ao se formar, decidiu criar um blog sobre o assunto – e o resto da história já conhecemos. 

De certa forma, essa iniciativa de trabalhar por conta própria já era uma faísca da veia empreendedora de Anna. Além disso, o gosto pelos negócios sempre esteve presente na vida das mulheres de sua família. “Minha bisavó teve quatro filhos, divorciou-se, mudou de cidade e começou a sustentar a casa sozinha como massagista. Isso em uma época em que poucas mulheres trabalhavam fora”, destaca. “A minha avó, que também foi massagista por um tempo, começou a comercializar roupas e acabou criando uma marca de peças plus size. Chegou a ter mais de 10 estabelecimentos. Com o tempo, ela acabou deixando a marca de lado, mas é legal saber que temos essa força feminina na família.” 

Como representante da quarta geração, Anna espera honrar esse legado com seu novo negócio. Feito por mulheres, a intenção da Holmy é transmitir aos clientes o amor que suas fundadoras sentem pelo turismo. “Em janeiro, queremos expandir nossa atuação para Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Estamos fazendo tudo gradualmente porque nossa pesquisa é cuidadosa e relevante. Precisamos honrar as belezas que o Brasil oferece”, conclui.

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