Não olhe para cima: os metais necessários para a indústria da tecnologia estão aqui

Básicos ou nobres, esses materiais são abundantes no planeta Terra, mas o acesso é difícil
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não olhe para cima terras raras
(Foto: Divulgação do filme “Não Olhe Para Cima”/Netflix)

Desde que foi lançado, em dezembro do ano passado na Netflix, o filme “Não Olhe para Cima”, dirigido por Adam McKay e estrelado por Jennifer Lawrence, Leonardo DiCaprio e Meryl Streep, tem gerado diversas discussões e questionamentos entre os telespectadores. 

O principal deles – cuidado com o spoiler! – é se realmente era tão necessário assim deixar que um meteoro de proporções suficientes para acabar com a vida na Terra atingisse o planeta. A justificativa utilizada, na obra, por um bilionário do ramo da tecnologia e seus apoiadores é de que naquele meteoro havia uma quantidade gigantesca de materiais essenciais para o avanço tecnológico.

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A produção de diversos aparelhos eletrônicos depende de algumas matérias-primas bastante específicas, divididas entre os metais básicos e os metais nobres, ou, utilizando o nome científico, as terras raras. Dos smartphones aos chips de cartões de crédito, passando por toda a indústria automotiva, os metais são, na verdade, materiais básicos para o funcionamento da vida e da economia moderna.

Metais básicos

Quais são os metais básicos?

Há diversos elementos que são classificados como metais básicos, mas, atualmente, os que têm mais destaque nas cadeias de produção são:

  • Cobre
  • Níquel
  • Alumínio
  • Chumbo
  • Zinco
  • Bauxita
  • Estanho
  • Lítio

Para que os metais básicos são utilizados?

Gabriela Joubert e Manuela Rosa, da equipe de equity research do Banco Inter, destacam em um relatório da sua autoria que, embora utilizados para muitos fins, os metais básicos no mundo moderno têm como principal destaque a composição de baterias.

“As recarregáveis, utilizadas em celulares e veículos elétricos, por exemplo, são compostas principalmente de níquel-cádmio, bem como de outros elementos como lítio, cobalto e carbono”, explicam as especialistas, que ressaltam que as perspectivas são de que a demanda por baterias deve subir muito nos próximos anos. 

Para a dupla de pesquisa, uma das indústrias que mais devem demandar os metais básicos é a de carros elétricos. Diversos países, sobretudo na Europa, já anunciaram um prazo de validade para os carros movidos à combustão em seus territórios, e a principal alternativa são, justamente, os veículos elétricos.

Nesse sentido, as especialistas destacam que grandes mineradoras e fábricas de veículos já operam em conjunto e realizam investimentos focados em fornecer uma melhor performance para a autonomia de baterias, como é o caso da Vale e da Tesla.

Onde estão os metais básicos?

As reservas desses produtos estão espalhadas por todos os continentes e a produção também é descentralizada. No caso do cobre, por exemplo, as três maiores reservas mundiais estão no Chile, no Peru e na Austrália. Já os três maiores produtores de cobre são China, Chile e Congo.

Segundo a Agência Nacional de Mineração, em 2020 o Brasil era responsável por cerca de 7% da produção mundial de cobre e, mesmo com essa pequena fatia, a produção brasileira naquele ano chegou a 1,3 milhão de toneladas. Ou seja: há sim bastante disponibilidade desse metal pelo mundo todo, assim como dos outros metais básicos.

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Metais nobres

Quais são os metais nobres?

  • Lantânio
  • Disprósio
  • Térbio
  • Neodímio
  • Cério
  • Hólmio
  • Érbio
  • Samário
  • Európio
  • Escândio
  • Itérbio
  • Lutécio
  • Túlio
  • Promécio
  • Gadolínio

Para que são usados os metais nobres?

Esses materiais de nomes estranhos são essenciais para a produção de diferentes itens que fazem parte do dia a dia da população mundial. São utilizados em computadores, celulares e outros aparelhos eletrônicos, painéis solares, chips de cartões, semi componentes usados em veículos e até em processos de produção de gasolina.

A utilização dos metais nobres em diversas cadeias produtivas é tão importante que, principalmente no último ano, o mundo passou por diversas dificuldades para entregar uma série de produtos ligados à tecnologia. 

Com a pandemia de Covid-19 e os longos períodos de lockdown e isolamento social em países dos cinco continentes, a produção dos metais nobres foi afetada e, assim, sua oferta mundial foi reduzida, gerando uma crise de semi componentes essenciais à indústria tecnológica.

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Onde estão os metais nobres?

Diferentemente dos metais básicos, as reservas de metais nobres – ou terras raras – estão centralizadas, em sua maioria, em um único lugar. No entanto, no relatório do Banco Inter as especialistas explicam que, apesar do nome, as terras raras existem em abundância no planeta, mas a maioria delas é radioativa e sua extração e processamento são bastante complexos, uma vez que sua mineração não ocorre individualmente.

“As maiores reservas de terras raras estão localizadas na Ásia, com liderança absoluta da China, dando ao país o título de maior produtor e exportador de insumos para a fabricação dos principais produtos eletrônicos do mundo. Isso tem causado certo desconforto nas demais economias, em especial na dos Estados Unidos, um dos maiores produtores de eletroeletrônicos do mundo”, afirmam as pesquisadoras.

De acordo com o Centro para Pesquisas e Estudos Estratégicos (CSIS, na sigla em inglês), o país asiático é responsável por cerca de 85% de todo o fornecimento mundial de metais nobres, além de deter, em seu território, dois terços das reservas globais destes produtos, o que equivale a cerca de 116 bilhões de toneladas.

As especialistas destacam, ainda, que recentemente o governo chinês confirmou intenção de consolidar mineradoras em duas grandes empresas, uma no norte e outra no sul do país, a fim de aumentar o poder de precificação de seus produtos. 

Relação com o filme “Não Olhe Para Cima”

O relatório explica que, por essa dependência da China, que incomoda o Ocidente, e a necessidade dos metais nobres para a vida e a economia moderna, o filme “Não Olhe Para Cima” coloca em discussão a não destruição de um meteoro que os cientistas alegam que vai causar a extinção do planeta, mas que pode servir de fonte de matéria-prima para uma indústria bilionária.

“Sabendo da necessidade futura deste tipo de insumo, companhias e países têm se movimentado para garantir o suprimento para suas operações, especialmente após 2021. O ano passado foi um bom exemplo de como a oferta mais limitada pode afetar a produção e, consequentemente, os resultados das companhias e da economia de um país”, finalizam as pesquisadoras.

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