Fim da era Girlboss e ascensão do fenômeno Soft Girl? O que esses movimentos nos dizem?

No panorama sociocultural contemporâneo, "Girlboss" e "Soft Girl" emergiram como escolhas de estilo de vida, refletindo complexas interações entre ambições profissionais, bem-estar pessoal e expectativas sociais.
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Expressões que já vem sendo utilizada há alguns anos representam estilos de vidas teoricamente opostos das mulheres

No panorama sociocultural contemporâneo, “Girlboss” e “Soft Girl” emergiram como escolhas de estilo de vida, refletindo complexas interações entre ambições profissionais, bem-estar pessoal e expectativas sociais.

A cultura “Girlboss” ganhou proeminência, promovendo poder feminino e assertividade na carreira. Entretanto, críticas surgem pela busca incessante pelo sucesso, impactando a saúde mental e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

A ascensão da “Soft Girl” representa rejeição à cultura do “sucesso a qualquer custo”, focando no bem-estar, introspecção e valorização de momentos significativos. Este movimento enfrenta críticas, sendo acusado de passividade e reforço de estereótipos tradicionais.

Mais que rótulos, “Girlboss” e “Soft Girl” são escolhas multifacetadas, exigindo análise cuidadosa enquanto as mulheres definem caminhos em um mundo diversificado e complexo.

O que é ser uma “Girlboss”?

O termo “Girlboss” não é novo, surgiu há quase uma década, em 2014. Ganhou força quando a businesswoman americana, Sophia Amoruso, fundadora da marca de fast fashion, Nasty Gal, lançou sua autobiografia intitulada “#GirlBoss”.

A expressão nasceu como uma representação do poder feminino no mundo corporativo. E isso se deve muito à trajetória da própria Sophia Amoruso, que viu seu pequeno negócio de moda vintage criado no E-bay, em 2006, se transformar em um negócio multimilionário. 

De acordo com a revista Forbes, as cifras da Nasty Girl chegaram a alcançar US$ 40 milhões em financiamento e clientes em 60 países.

Mas, a inspiração do “Girlboss” e seu estilo de vida não ficou restrita apenas ao livro lançado por Sophia. Ganhou proeminência em uma série lançada pela Netflix, em 2017, além de ter impulsionado uma série de conteúdos em redes sociais.

Toda a atmosfera das Girlbosses envolvia um perfil de mulheres que transpiravam confiança para perseguirem suas próprias ambições. 

O começo do fim?

O termo “Girlboss” surgiu em 2014 com a businesswoman Sophia Amoruso, representando poder feminino no mundo corporativo. Ganhou força com a Nasty Gal, atingindo US$ 40 milhões em financiamento e clientes em 60 países. Inspirou série na Netflix e conteúdos em redes sociais, promovendo mulheres confiantes em suas ambições.

Desde 2014, o conceito “Girlboss” sofreu revezes, com denúncias de ambiente tóxico na Nasty Gal, levando à falência e venda em 2017 por uma fração da avaliação máxima. Sophia Amoruso se afastou em 2020, marcando mudanças na aspiração em torno do termo.

O que aconteceu com o termo Girlboss? 

Nesses últimos anos, a utilização do termo Girlboss passou a ser visto de forma mais prejudicial do que benéfica para o gênero feminino em certos contextos. E há muitas razões para isso. 

Um artigo publicado, em 2021, pela edição portuguesa da revista Vogue aponta alguns caminhos para essa derrocada. O texto discute que o termo “Girlboss” perpetua estereótipos ao acentuar o emprego do gênero como relevante para o desempenho em um papel de gestão. 

Outras questões abordam uma certa infantilização ao empregar a palavra “girl” (garota) ao invés de “woman” (mulher). 

Em uma entrevista para a revista Forbes, a professora de linguística da Rutgers University, Kristen Syrett, disse que é preciso avaliar com cuidado o impacto do termo para a sociedade atual. 

“Quando você modifica algo como o termo ‘chefe’, e não existe um ‘Boyboss’ ou ‘Maleboss’, se torna incrivelmente evidente que ainda estamos, como mulheres, lutando contra [uma imagem] que não é moldada por nós”, avalia. 

Para ela, o termo lembra a todos que existe um estilo de ser chefe: que existe “um chefe homem e uma chefe mulher”. “E não importa o quanto você trabalhe, você ainda é uma garota – você é uma garota em um mundo de homens”, complementa. 

Um nova era: “soft girl” 

A discussão sobre a relevância atual das “Girlbosses” deu margem a um novo capítulo, ou quem sabe, a uma nova era: a “Soft Girl”. 

Enquanto a cultura Girlboss enfatiza a ascensão corporativa através do esforço árduo, muitas jovens agora almejam passar seus dias aprimorando sua forma no Pilates, cuidando de sua pele e apreciando tarefas tradicionais de dona de casa. 

A ideia, no entanto, divide opiniões. Para muitos, é sinal de avanço, já para outros, um retrocesso. A verdade é que a “Soft Girl” representa, hoje em dia, a escolha de um estilo de vida que muitas jovens mulheres consideram ideal. 

O que é soft girl?

O termo “Girlboss” passou a ser visto prejudicialmente para o gênero feminino, perpetuando estereótipos e infantilizando mulheres. A Soft Girl surge como nova era, enfatizando estilo de vida tranquilo, autocuidado e rejeição à cultura de esforço. A discussão levanta críticas sobre financiamento e independência financeira.

Embora a Soft Girl represente rejeição da cultura “Girlboss”, questionamentos surgem se é um oposto. A popularidade da vida “mais suave” pode reforçar normas de gênero e questionar a negatividade associada à vida corporativa, enquanto outros defendem o equilíbrio entre construir riqueza e objetivos saudáveis.

Soft Girl: fim da emancipação feminina?

Apesar do fato do estilo de vida da “Soft Girl” possa ser visto como uma rejeição da cultura “Girlboss”, alguns questionam se esse movimento representa, de fato, um oposto. 

À medida que uma vida “mais suave” se torna popular, algumas integrantes da geração Z estão questionando as mensagens mais extremistas associadas a ela. 

Algumas opiniões apontam que essa tendência pode reforçar normas de gênero tradicionais e questionam a ideia de rotular como negativo algo naturalmente saudável para as mulheres, como a vida corporativa.

Já outros argumentam que as mulheres podem buscar o equilíbrio, construindo riqueza e conquistando objetivos de maneira saudável, sem abandonar a ideia de serem líderes em suas áreas. 

Uma vida de equilíbrio

Opiniões buscam o meio-termo, destacando a abordagem Soft Girl como equilíbrio entre vida pessoal e profissional, priorizando alegria, realização, limites saudáveis, introspecção, pedir ajuda e bem-estar físico e mental.

A “revolução Soft Girl” busca equilíbrio entre realização pessoal, bem-estar e objetivos, afastando-se do extremo nocivo da aspiração “Girlboss”. Integrar elementos positivos de ambas as culturas pode ser uma opção saudável para sucesso e bem-estar.

Girlboss x Soft Girl?

Girlboss ou Soft Girl? O fato é que é impossível cravar o que contribuiu para um movimento ter perdido força em detrimento ao outro.

A chamada “revolução Soft Girl” pode, nesse momento, ser vista como um movimento que busca um equilíbrio entre a realização pessoal, o bem-estar e a busca de objetivos, afastando-se de um extremo nocivo cultivado pela aspiração “Girlboss”. 

Ambas as abordagens têm seus extremos. Uma abordagem equilibrada que integra elementos positivos de ambas as culturas pode ser uma opção mais sadia para alcançar sucesso profissional e bem-estar pessoal.

Apesar das mudanças culturais, a luta pela igualdade de gênero persiste. Um caminho sustentável e significativo envolve priorizar vida, contentamento e realização.

O debate continua: e você, o que acha?

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