Annalisa Blando Dal Zotto: uma trajetória de autodescoberta profissional até o sucesso

Conheça a história da mulher da estrela do vôlei Renan Dal Zotto que se casou aos 17 anos e perseguiu a independência financeira até se tornar empresária bem-sucedida do mercado financeiro
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Annalisa Dal Zotto: “Uma mulher não deveria correr o risco de não ser financeiramente independente para poder fazer suas escolhas” (Foto: Divulgação)

Annalisa Blando Dal Zotto se casou aos 17 anos com Renan Dal Zotto, estrela do vôlei brasileiro nos anos 1980, e escolheu o caminho da independência financeira para ser feliz e manter a harmonia na relação.

No comecinho da vida a dois, acompanhou o marido em uma temporada na Itália, mas logo procurou emprego como modelo para ter a própria renda.

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Aos poucos, descobriu a aptidão com números e gestão financeira e, com os anos, passou a concentrar esta função na família para o bem de todos. “É mão aberta total. Se eu deixasse, a gente não teria um real guardado”, brinca, ao se referir ao marido.

Do controle das finanças familiares, Annalisa seguiu uma trajetória de autodescoberta no segmento de planejamento financeiro em busca de capacitação e acumulando experiências até se tornar uma empresária de sucesso.

Ela é fundadora e CEO da ParMais – empresa de administração patrimonial com R$ 600 milhões sob gestão e mais de 1.600 clientes de diferentes perfis na carteira.

Annalisa ainda consegue tempo para integrar diferentes entidades, como o prestigiado Mulheres do Brasil, fundado por Luiza Trajano, e o Winning Women Brasil, da Ernst & Young.

Conheça a envolvente história da mulher que – ao longo dos anos e sem interferência do marido jogador – aprendeu o ataque contra a dependência financeira, o bloqueio ao endividamento familiar, o levantamento de novas possibilidades profissionais e a fazer saques certeiros para o sucesso empresarial no setor de finanças.

EQL – Como tudo começou?

Annalisa Blando Dal Zotto – Começou com a necessidade de organização financeira do casal. O Renan estava pensando em parar de jogar e começando a faculdade. Ele nunca teve muita aptidão com finanças e delegou a tarefa para mim. A gente tinha que economizar porque foi morar na Itália, tinha que fazer um pezinho de meia e aproveitar para investir estes recursos. Acho que acertei mais do que errei. Quando me casei, ainda não tinha começado uma carreira profissional, tinha 17 anos, então o acompanhei por muito tempo. Fiz quatro anos de direito na Itália, mas não me formei. Fiquei grávida e a gente voltou para o Brasil. Acabei cursando administração e, quando estudei juros compostos, pirei.

EQL – Nascia aí a ideia da consultoria financeira ParMais?

ADZ – Tínhamos juros muito altos no país. Eu estava trabalhando com construção e incorporação em negócios cheios de riscos e, quando descobri as taxas de juros do governo brasileiro – acima de 20% naquela época -, pensei: “Meu Deus, investimento financeiro é muito mais fácil do que empreender”. Eu gostava e era bastante organizada. Desde 2003, fazia planilha de controle financeiro e, antes, já investia no Tesouro Direto. Buscava consultoria financeira, mas achava importante remunerar pelo serviço. Fiz um MBA em gestão financeira e mercado de capitais na Fundação Getulio Vargas. Aos 39 anos, consegui meu certificado de planejadora financeira CFP® e fundei a ParMais.

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EQL – Uma vocação descoberta aos poucos com as experiências da vida.

ADZ – Eu não achava no mercado alguém que fizesse uma consultoria e, ao mesmo tempo, tinha uma aptidão enorme para ser planejadora financeira, porque não é só cuidar dos ativos de terceiros. É saber como fica a parte tributária, sucessória, além da organização das rendas e despesas para ajudar as pessoas a gastarem melhor e, assim, terem maior controle de sua vida financeira com o objetivo de acumular patrimônio. Você tem que adquirir um conhecimento. E a ParMais foi isso desde o primeiro dia. Eu queria fazer uma empresa que tivesse valor de mercado e, agora, a gente acabou de se unir ao grupo 2TM para esta jornada por mais alguns anos com eles.

Annalisa: “Quando a gente foi para a Itália, eu “modelava” em Milão porque queria ser independente, não queria depender de marido” (Foto: Divulgação)

EQL – Como foi esta operação?

ADZ – Em abril, a gente assinou o memorando de entendimentos e fez o fechamento no dia 30 de julho. Eles eram clientes nossos e nos conhecíamos muito bem. Então, resolvemos embarcar na nave e fazer parte deste unicórnio. Agora, ele tem o mercado Bitcoin e a ParMais.

EQL – Você teve uma trajetória diferente de muitas mulheres que se capacitam profissionalmente primeiro e se casam depois.

ADZ – Eu sempre busquei a independência financeira, era um sonho na minha vida. Mas eu me casei muito cedo. Quando a gente foi para a Itália, eu “modelava” em Milão porque queria ser independente, não queria depender de marido. Até para termos uma diversificação de risco, já que o Renan se tornou técnico depois que acabou a carreira como jogador. Ora tem trabalho, ora não tem. Não é racional a gente depender de uma única fonte de receita. Só que não foi fácil. Logo que a gente veio morar no Brasil, eu estava casada havia cinco anos, fiquei grávida do Gianluca e, em seguida, abri uma loja da Giovanna Baby no Shopping Ibirapuera. Mas o Gian teve leucemia aos dois anos e meio e tive que parar com tudo para me dedicar a ele. Foi super certo, porque ele sobreviveu e está ótimo. A gente mudava muito de cidade também com o Renan assinando aqui e ali. Com o nascimento do Enzo, veio a decisão de nos fixarmos em algum lugar para eu estudar e começar a trabalhar. Já tínhamos 10 anos de casados.

Annalisa, Renan, Gianluca e Enzo: “O Renan sempre me apoiou e nunca controlou o dinheiro. Sou eu quem controlo. Ele é extremamente generoso comigo e com os meninos” (Foto: Divulgação, 2005)

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EQL – Qual o perfil do marido que apoia uma mulher a se descobrir profissionalmente?

ADZ – O Renan sempre me apoiou bastante e também nunca controlou o dinheiro. Sou eu quem controlo. Ele é extremamente generoso comigo e com os meninos. Mão aberta total. Se eu deixasse, a gente não teria um real guardado. E ele sempre querendo entrar em um monte de negócios. Eu que segurava um pouco as contas. Tocamos o negócio das construções, administramos um time de vôlei juntos, já que eu tenho perfil administrativo e ele técnico. Ele que bancava a família. No início da ParMais, eu trabalhei em casa por um ano e ele me bancou por cinco anos. Ele sempre confiou muito em mim para isso. Só abri escritório quando peguei um cliente maior.

EQL – Você me descreve uma parceria total com o Renan, uma perfeita harmonia baseada na confiança.

ADZ – Tanto que, pelas bobagens que eu fiz, ele nunca brigou. O combinado é assim: a gente vai junto. Se eu faço e ele não me ajuda, também não pode reclamar se não sair bem feito. Esse é o combinado de total confiança entre nós.

Annalisa Dal Zotto: “É claro que eu e Renan sentamos para discutir finanças. Mas é uma, duas, três vezes ao ano, no máximo” (Foto: Divulgação)

EQL – Vocês são um caso à parte. Não é todo casal que consegue conduzir junto matrimônio e trabalho de maneira harmônica.

ADZ – O mais interessante é que ele nunca interferiu. A gente nunca teve problema com isso. Na maioria dos casais, quem toda a decisão de investimento é o homem. As decisões de longo prazo, a exemplo de previdência, aposentadoria e investimentos, quase sempre são conduzidas pelos homens. Mas, no nosso caso, logo que a gente se casou, meu sogro me entregou a pastinha do imposto de renda. E era na Itália, complicado pra caramba. Não havia internet. Então, uma coisa diferente no nosso relacionamento e que não é clássica é que a mulher cuida do dinheiro e das finanças da família. Não é trivial. É por isso que a gente acaba acertando mais do que os homens. As mulheres têm a característica de serem mais conservadoras. Estudam mais antes de tomar uma decisão de investimento. É claro que eu e Renan sentamos para discutir finanças. Mas é uma, duas, três vezes ao ano, no máximo.

EQL – Você acha que a independência financeira da mulher está totalmente atrelada à independência emocional?

ADZ – Não concordo. Acho que a independência financeira é fundamental para um relacionamento e para a mulher. Para ela estar casada porque quer estar casada. Não porque precisa estar casada. No grupo Mulheres do Brasil, do qual sou líder em Florianópolis, a gente tem os comitês de violência contra a mulher. É muito triste ver quantas mulheres sofrem violência e não podem largar seus parceiros porque não têm como viver. E acabam se submetendo. Mas tem muita mulher que depende do marido e é feliz porque tem uma relação bacana. Mas uma mulher não deveria correr o risco de não ser financeiramente independente para poder fazer suas escolhas. Ser livre.

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