Marina Farias: da infância pobre à missão de educadora financeira

A influenciadora digital que conquistou o público nas redes sociais com seus ensinamentos sobre gestão financeira vai estrear coluna em poucas semanas aqui na EQL
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Marina Farias: A influenciadora digital que conquistou o público nas redes sociais com seus ensinamentos sobre gestão financeira vai estrear coluna em poucas semanas aqui na EQL (Foto: Divulgação)

Ela nasceu em Aracaju, capital de Sergipe, como primogênita de um casal que teve outros seis filhos. O pai sabia ganhar dinheiro, mas gastava tudo sem pensar no dia de amanhã. A mãe era o oposto, guardava tudo o que conseguia e não sabia usufruir.

Em meio a esta dualidade, Marina Farias cresceu, estudou para ter uma vida melhor, ingressou no mercado financeiro e, aos poucos, se preparou para ajudar outras pessoas a mudarem de vida por meio do planejamento financeiro.

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Eloquente e simpática, ela cativou o público das redes sociais e virou influenciadora digital. Junto com a experiência de vida, nos bancos onde trabalhou e a formação que inclui uma pós-graduação em Neurociência, ela desenvolveu o próprio método de ajudar as pessoas a conquistar o equilíbrio das finanças pessoais.

Em poucas semanas, ela estreia uma coluna na Elas Que Lucrem com dicas de educação financeira para as leitoras. Não vemos a hora!

Acompanhe os melhores trechos da entrevista e descubra o que Marina Farias está preparando para trazer ao público da EQL.

Elas Que Lucrem: Conte-nos um pouco sobre sua história.

Marina Farias: Assim como a maioria dos brasileiros, eu não nasci em uma família rica. Eu me lembro que, quando era criança, falava para minha mãe que eu odiava ser pobre. ‘Mãe, eu quero ter uma casa bonita, quero ter carro, viajar, ir para esses lugares da televisão’. Minha mãe falou: ‘Estude’. Então, eu sempre estudei em escola pública, fiz faculdade pública. Durante a faculdade, consegui um estágio no banco Itaú. Aí, eu pensei: ‘Agora, eu fiquei rica. Estou trabalhando no banco, estou muito rica’. Eu lembro que, no estágio anterior, eu ganhava R$ 500 e entrei no banco ganhando R$ 1.000, além de R$ 600 de ticket alimentação. Só que, aí, o que eu fiz? Gastei esse dinheiro todo na primeira semana. Gastei o ticket todo para comer em todos os lugares em Aracajú. Engordei em um mês até dar para ver a papadinha aparecendo. No final, pensei: ‘Se eu continuar assim, vou morrer pobre. Eu não quero morrer pobre. Vou me organizar financeiramente. Vou guardar um pouquinho desse dinheiro. Vou procurar saber como se faz e, já que estou no banco, vou aprender’.

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O banco foi uma grande escola. Fiz vários cursos internos, além do aprendizado com outras pessoas que já estavam no mercado financeiro e das certificações que precisei conquistar para estar dentro do banco. Mas, com o passar do tempo, percebi que o pessoal lá dentro não dominava muito sobre educação financeira. Então, comecei a perceber, ainda no Itaú, que existiam dois perfis de pessoas: as que investiam e as que pegavam empréstimos. Comecei a estudar e perceber que já tinha gente pesquisando isso desde que o mundo é mundo, desde Napoleon Hill (autor do século 19). Eu queria ajudar as pessoas e ensinar, mas não havia espaço no banco. Eu tinha meta pra bater. Quando um idoso ia lá e falava assim: ‘Tem uma margem de consignado aí? Minha filha está precisando de dinheiro, minha cunhada está precisando de dinheiro’.  Eu respondia: ‘Mas o senhor já estourou aqui, vamos olhar se o senhor pode realmente pagar isso aqui’. ‘Não, mas minha filha disse que vai pagar’. Aí, você empresta. Empresários que chegavam lá totalmente no limite e você tem que emprestar porque tem meta para bater. Aquilo estava me fazendo mal. Eu estava ganhando dinheiro, gostava do que fazia, mas não me sentia realizada.

Com o pai, Washington Silva Santos: “Na minha infância, era engraçado porque meu pai era o cara que sabia fazer dinheiro demais. Mas era melhor ainda em gastar”. (Foto: Arquivo pessoal)

Fui chamada para trabalhar no Santander, mas era a mesma coisa. Ainda não sentia o senso de propósito. Foram três anos lá e fui fazendo meu planejamento financeiro para sair do banco. Em 2019, eu brinco que juntei dinheiro para me manter por dez anos, escrevi minha ‘carta de alforria’. ‘Não vou mais trabalhar aqui. Obrigada por tudo, beijos e tchau’. Fui trabalhar na XP Investimentos por um ano. Foi muito legal, só que lá eu só tratava com gente que já tinha dinheiro, todo mundo tinha milhões. Os mais quebrados tinham R$ 100 mil, que era o mínimo para ter um assessor de investimentos. E aí a linguagem não era a mesma porque, quem já nasceu com milhões na conta, tem uma perspectiva de vida diferente. Eu queria falar para as pessoas que estavam crescendo na vida. Saí da XP e me tornei educadora financeira. Fiz uma pós em Neurociência pela PUC. Hoje, todo o meu método é baseado no que eu aprendi no Itaú, no Santander, na XP Investimentos e na pós graduação. Hoje, eu ajudo as pessoas a saírem do zero, a fazerem um planejamento financeiro e se organizarem para conseguir investir.

EQL: Conte um pouco mais sobre sua infância.

MF: Meus pais não tinham educação financeira. Em todo o país, é algo que está crescendo só agora. E a Elas Que Lucrem é fundamental nesse papel de expansão da educação financeira no Brasil, mas é algo que está em construção. Eu espero que, daqui a dez anos, todos estejamos em outro nível. A gente está engatinhando. Naquela época, era menos ainda.

EQL: Quantos irmãos?

MF: Eu tenho seis irmãos que eu saiba (brinca). E eu sou a mais velha. Na minha infância, era engraçado porque meu pai era o cara que sabia fazer dinheiro demais. Mas era melhor ainda em gastar. Ele era o cara que que tinha ideias para levantar a quantia que fosse necessária. Mas, sem um objetivo para o dinheiro ganho, ele gasta ainda mais. Minha mãe, em contrapartida, é a pessoa que esconde dinheiro, guarda, não gasta e também não vive. Ela não usufrui do dinheiro. Meu pai usufrui demais e minha mãe usufrui de menos. Eu pensava: ‘A gente poderia ter um equilíbrio nesta casa’. E foi assim que fui construindo a minha vida financeira e também os meus métodos. A gente tem que viver o hoje, mas lembrar que existe o amanhã.

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Meu pai era autônomo e ganhava a única renda da casa. Eu me lembro de uma vez em que a gente foi para um clube. Essa nova geração não sabe o que é isso porque todo condomínio tem piscina mas, antigamente, você pagava uma taxinha e ia a um clube para tomar banho de piscina. Era um negócio chique. Meu pai trabalhava nesse clube vendendo títulos. Era como se fosse o ticket para entrar. A gente foi para esse clube e passou o dia brincando na piscina e painho lá vendendo e fazendo dinheiro. No final do dia, ele parou. Vi que ele estava com muito dinheiro e, ao passar um carrinho de picolé meu irmão falou: ‘Painho, compra um picolé pra gente?’. Ai, meu pai falou: ‘Pode deixar o carrinho aqui’. E comprou o carrinho de picolé. A gente achou meu pai o máximo. Um pai maravilhoso. Quando a gente voltou para casa, minha mãe perguntou: ‘E aí, foram boas as vendas? E o dinheiro do pão?’ Não havia sobrado. Foi um escândalo dentro de casa e eu pensei como minha mãe era chata e meu pai tão legal. A gente estava com a barriga cheia de picolé. Fui crescendo e entendendo que estava tudo bem em comprar dois picolés e guardar o dinheiro do pão para mais tarde porque a gente precisa.

Marina Farias durante período na XP Investimentos: “Fui trabalhar na XP Investimentos por um ano. Foi muito legal, só que lá eu só tratava com gente que já tinha dinheiro, todo mundo tinha milhões”. (Foto: Arquivo pessoal)

É isso que eu ensino hoje. Invista no longo prazo, para sua aposentadoria e para as metas, como uma viagem que você quer fazer, trocar de carro ou de celular. Isso precisa estar muito claro. A minha técnica de planejamento financeiro que é a técnica dos baús, é exatamente isso. Eu te ensino a dividir seu dinheiro em três partes: 60, 30, 10. Sessenta porcento para você gastar hoje, pra viver, ter oportunidades e lazer. Trinta porcento para realizar as metas porque eu vejo que muita gente tem sonhos e não os realiza. Conheço pessoas que ganham R$ 5 mil e sonham em fazer uma viagem internacional. Eu pergunto: ‘Por que você não fez ainda?’. ‘Ah, tenho 45 anos e nunca consegui’. Isso acontece porque a pessoa não se organiza. E, finalmente, dez porcento para a aposentadoria porque vai chegar uma hora que a nossa força de trabalho diminui e a gente precisa continuar vivendo bem. Então, estes dez porcento são para a gente continuar rico lá na frente. Se você consegue fazer algo simples que é dividir o dinheiro em três partes, esse equilíbrio da vida de usufruir e pensar no curto, médio e longo prazos vai ser um legado para as próximas gerações.

EQL: Como as pessoas te procuram? Como é sua comunicação com seu público?

MF: Hoje, o meu canal principal é via redes sociais, principalmente o Instagram pelo @marinafariasricodinheiro. Eu ajudo as pessoas a organizar seu rico dinheiro para conseguir investir. Eu tenho outras redes também no Youtube e Linkedin. Meu Whatsapp empresarial é aberto e disponível. Eu sempre falo que, se a gente quer realmente gerar a transformação, a gente precisa ter proximidade, a gente precisa se importar. E eu adoro fazer isso: falar de dinheiro e ajudar pessoas a tornar a vida delas mais leve.

Eu estava fazendo uma mentoria e perguntei para minha aluna: ‘Me diga quais são suas metas’. Ela respondeu com outra pergunta: ‘Financeiras?’. Eu repliquei: ‘Qual delas não é financeira? Todos os sonhos e todas as metas precisam de dinheiro para serem executadas. Mesmo que seja dar uma boa educação para os filhos, tem que pagar escola, fazer uma viagem, poder ter tempo para ficar em casa, você tem que parar de trabalhar e precisa ter dinheiro rendendo. Então, feliz ou infelizmente, todas as nossas metas precisam de dinheiro para ser realizadas.

Marina Farias: “O que esperar da minha coluna? A gente vai entender como fazer o planejamento financeiro com o que você ganha hoje. Como investir com o que você ganha hoje”. (Foto: Divulgação)

EQL: O que o público pode esperar de sua coluna na EQL, principalmente em um ano que se mostra tão desafiador como 2022?

MF: 2022 vai ser um ano desafiador, mas eu me lembro de um professor que tive. Fiz vestibular em 2007 e entrei na faculdade em 2008. Em 2007, um professor de Geografia falou: ‘O Brasil é um país em desenvolvimento porque é um país que está em crise. Eu escuto isso desde que eu estudava para fazer meu vestibular. O Brasil é um país que tem instabilidade econômica, crises, desde seu descobrimento. Então, 2022 vai ser um ano desafiador, mas eu não me lembro de algum ano que não tenha sido assim para nós brasileiros. O que a gente precisa fazer é entender o cenário, que tem coisas que dependem da gente e outras não, e como lidar com aquilo que não depende. O que esperar da minha coluna? A gente vai entender como fazer o planejamento financeiro com o que você ganha hoje. Como investir com o que você ganha hoje. E como fazer o planejamento financeiro para aumentar a renda, pra ganhar mais, para conseguir investir. E, claro, vai ter uma pitadinha de neurociência porque não tem como não falar disso. Muita gente não faz planejamento financeiro porque não sabe ou acha difícil, mas eu tenho alguns caminhos dentro do cérebro que podem facilitar para o brasileiro fazer seu planejamento financeiro de forma mais leve, simples, divertida e eficaz.

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