Mito ou verdade: toda dívida é ruim?

Entenda por que as dívidas de valor podem ajudar a construir o seu patrimônio
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Além das convencionais, existem as chamadas dívidas de valor, que são muito diferentes (Foto: EnvatoElements)

Por mais que o desejo de muitos brasileiros seja uma vida livre das dívidas e das ligações excessivas de cobrança, a realidade é que o endividamento das famílias no país só aumenta, chegando a um recorde em 2021: 70,9% delas se encontram nessa situação, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Apesar do peso negativo que a palavra “dívida” carrega – como revelou o Estudo do Endividamento 2021 do Serasa, em que foi constatado que estar endividado é motivo de vergonha para 88% dos brasileiros -, é preciso entender que nem toda dívida deve ser um peso emocional.

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Não que a gente deva sair por aí fazendo qualquer dívida. Mas é preciso saber que, além das convencionais, existem as chamadas dívidas de valor, que são muito diferentes.

Mas o que são dívidas de valor? 

Ale Boiani, assessora de investimentos e CEO do grupo financeiro 360iGroup, explica que o termo jurídico se refere a quando você tem um compromisso de pagamento para adquirir um bem no final – e não para devolver o dinheiro, como é o caso do empréstimo.

“Ao fazer um consórcio, por exemplo, a pessoa está fazendo uma dívida de valor. Aquela mensalidade vai caber no orçamento do mês, o que acaba sendo um dinheiro que, se não fosse gasto dessa forma, provavelmente seria gasto com alguma coisa supérflua em vez de,  no final, transformar-se em um carro ou imóvel. No caso de falecimento no meio do caminho, a dívida fica quitada e o patrimônio passa a ser dos herdeiros”, detalha a especialista.

Bárbara Costa Matos, responsável pelo jurídico da 3A Investimentos, destaca que a principal diferença entre a dívida convencional e a de valor é que a segunda é contraída com a premissa principal de investimento. “Diferentemente da contraída à vista, na dívida de valor a pessoa somente fará jus ao valor final no futuro, devidamente corrigido, após cumprir integralmente a obrigação de pagar o que foi proposto.”

SAIBA MAIS: As dívidas expiram em cinco anos ou após a morte?

Outro exemplo de dívida de valor é um investimento regular, como a previdência privada, modelo de negócio oferecido por instituições financeiras em que é possível decidir quanto será a contribuição mensal, o tempo que vai durar os aportes e quando se deseja fazer o resgate.

“Ou seja, em resumo, vira um caixa para projetos que podem ser ou não a aposentadoria e, assim como o consórcio, os sonhos não ficam no meio do caminho. Neste caso, se o titular falecer, o valor acumulado vai para os beneficiários, sem a necessidade de fazer um inventário”, diz a CEO do grupo financeiro 360iGroup.

Um financiamento, seja ele de imóvel ou veículo, também é uma dívida de valor. Mas Ale Boiani lembra que, neste caso, os altos juros penalizam a falta de disciplina de não ter guardado dinheiro. “Nesse caso, o ideal é que, ao fazer um financiamento, por mais que seja por um prazo longo, como 30 anos, a pessoa se programe para fazer adiantamentos ao longo do caminho, o que permite a amortização da dívida. Assim como nos casos anteriores, ocorre a transferência do patrimônio para herdeiros, em caso de morte.”

Equilíbrio financeiro

Além de ter cuidado com as dívidas convencionais, aprender a administrar as dívidas de valor, caso queira ampliar o seu patrimônio, por exemplo, é um dos passos importantes para ter o tão sonhado equilíbrio financeiro. 

Ale Boiani cita que uma vida financeira equilibrada geralmente é aquela na qual a pessoa vive abaixo das possibilidades financeiras e mantém investido cerca de 30% de tudo o que ganha, separando estes valores em caixinhas de reserva de emergência para objetivos de curto, médio e longo prazos. “Mas, na prática, não é o que acontece na maior parte das vezes. A maioria dos brasileiros incorpora à vida os limites que tem no cartão de crédito e no cheque especial.”

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Para a especialista, as questões comportamentais têm grande impacto na vida financeira e, por mais que as pessoas saibam que o ideal é não se endividar e guardar para comprar à vista, elas normalmente têm crises de “eu mereço” e saem gastando mais do que deveriam. “Ao me deparar com o perfil de cliente ‘gastão’, que tem dificuldades de guardar dinheiro e que sempre afirma que ‘não sobra’, costumo sugerir que reflita e considere fazer uma transição de ‘gastador’ para ‘poupador’, por meio de dívidas de valor.”

Ale diz que o ideal é poupar, investir e comprar à vista, mas algumas pessoas precisam construir patrimônio, como o sonho de ter a casa própria, de maneira diferente da convencional. “A recomendação é ser honesta consigo mesma, entender o seu perfil e comportamento e ter um planejamento sustentável. Talvez você conclua que, se não for por este caminho, pode acabar pagando aluguel até o fim da vida, por exemplo, e que a despesa que teria mensalmente poderia estar sendo investida na criação de um patrimônio.”

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