Páscoa: vale mais a pena fazer o ovo de chocolate em casa ou comprar pronto?

A inflação do período impacta tanto os produtos industrializados quanto os artesanais
JOB_03_REDES_SOCIAIS_EQL_AVATARES_QUADRADOS_PERFIL_v1-02
Pexels/George Dolgikh
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, as vendas do varejo na Páscoa em 2022 devem totalizar R$ 2,16 bilhões (Foto: Pexels/George Dolgikh)

Não é segredo para ninguém que a Páscoa é, culturalmente, um período mágico e cheio de simbolismos. O chocolate é um deles, e a ampla oferta no período torna a escolha dos consumidores uma tarefa difícil. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas do varejo na Páscoa em 2022 devem totalizar R$ 2,16 bilhões, um crescimento de 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A previsão é positiva e a vontade de consumir é inegável. O grande vilão desse cenário, no entanto, é a alta da inflação. 

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia oficial, a taxa inflacionária ficou em 0,95% em março deste ano, a maior alta de preços para o período desde 2015 (1,24%). Dessa forma, a alta no valor do chocolate já pode ser percebida em diferentes cidades do país, com ovos que chegam a custar mais de R$ 100. O aumento está relacionado ao preço do cacau, do açúcar, do leite e até da variação do dólar. Resumidamente, em um período em que os brasileiros lutam para comprar os alimentos do dia a dia, não é fácil destinar tanto dinheiro para comprar um chocolate comemorativo. 

Mas, então, qual a alternativa para os chocólatras de plantão ou para aqueles que fazem questão de marcar a data com uma lembrancinha? Será que fazer os ovos em casa é a melhor opção mesmo com a alta no preço dos ingredientes? Para a economista Ariane Benedito, da CVM Capital, a resposta depende muito do perfil de cada consumidor. “Inicialmente, é preciso saber que tipo de ovo de páscoa a pessoa gostaria de comprar”, começa. Afinal, um chocolate ao leite tem um valor diferente do que aquele feito com castanhas e amêndoas – que são ingredientes mais caros. Após decidir qual o estilo almejado, é preciso pesquisar a receita e fazer um orçamento com os produtos necessários para alcançar o objetivo final. 

Em uma pesquisa rápida feita pela Elas Que Lucrem, fizemos uma comparação entre dois tipos de ovos: um clássico ao leite e um Ferrero Rocher. 

LEIA MAIS

Um ovo ao leite de 560g da Lacta custa cerca de R$ 76,90. Para fazer um de 500g em casa, é preciso comprar 240g de chocolate ao leite ou meio amargo e uma forma para ovo de meio quilo. 

Uma barra de chocolate ao leite de um quilo da Lacta (destinada para a produção de doces e ovos de Páscoa) custa R$ 35,99, enquanto uma forma custa cerca de R$ 3. Sendo assim, o gasto para fazer um ovo clássico em casa seria de R$ 38,99 – quase metade do valor encontrado nos supermercados. 

Na próxima análise, um ovo Ferrero Rocher de 365g custa R$ 99,99. Para fazer um parecido com esse, é preciso comprar 500g de chocolate ao leite ou meio amargo, 350g de Nutella e 150g de avelãs sem casca, além, é claro, da forma. 

Neste caso, o gasto para fazer um ovo do tipo em casa fica em torno de R$ 95, já que uma barra de chocolate ao leite de 1 kg custa R$ 35,99, uma porção de 200g de avelã custa R$ 26,85, três potes de Nutella de 140g custam R$ 30 e a forma sai por R$ 3. 

Compensa fazer em casa? Tudo depende dos desejos e da disponibilidade de cada consumidor. “Também vale colocar o tempo nesta conta. Fazer um ovo de Páscoa em casa é algo que exige esforço e atenção. Cozinhar é um hobbie para você? É prazeroso?”, questiona Ariane. “Precisamos calcular o tempo gasto e o custo dos ingredientes nesse período inflacionário que vivemos no Brasil. É preciso colocar tudo no papel.” 

Como estamos falando de uma produção caseira para consumo próprio – sem pensar em vendas -, não estamos contabilizando embalagens e entregas. “Quando compramos um ovo de grandes marcas, pagamos pela embalagem, pela data temática e pela oferta e demanda do período. Todo mundo está procurando o produto e a produção é pequena por ser sazonal. Essa é a explicação para os preços mais caros desses ovos”, explica a economista. “A caixa de bombom e a barra de chocolate estão disponíveis para nós o ano inteiro. Não é a mesma coisa que um ovo de Páscoa.” 

Para quem não quer deixar a tradição de lado, mas está buscando maneiras de economizar nesse período, Aline Soaper, educadora financeira e fundadora do Instituto Soaper, tem algumas dicas. “Para quem está com um orçamento apertado, trocar as marcas mais famosas por outras que estão chegando ao mercado, com preços mais acessíveis, é uma boa forma de economizar sem deixar de presentear”, aconselha. 

Além disso, a produção caseira pode ser considerada como mais do que uma simples opção para consumo próprio. “Vale a pena produzir chocolates artesanais, ovos, bombons e presentes em geral nessa época do ano. É uma excelente oportunidade para gerar uma fonte de renda extra”, explica Aline. “Para economizar na produção, é importante escolher bem os ingredientes, não desperdiçar na hora do preparo e reaproveitar itens em receitas diferentes, como o recheio dos bombons.”

De certa forma, a criatividade é uma grande aliada na hora de economizar, mas Ariane adianta que tempos melhores virão. “Vale lembrar que essa crise não é para sempre. Ela vai passar. A inflação bate, principalmente, nos custos de transporte, alimentação e educação. Esses são os grupos mais afetados. Quando esse período passar, a gente volta a consumir normalmente os nossos produtos preferidos, sem precisar substituir ou cortar”, conclui a especialista.

Fique por dentro de todas as novidades da EQL

Assine a EQL News e tenha acesso à newsletter da mulher independente emocional e financeiramente

Baixe gratuitamente a Planilha de Gastos Conscientes

Conheça a plataforma de educação financeira e emocional EQL Educar. Assine já!

Compartilhar a matéria:

×