“Dezembrite”: como dar um chega para lá na ansiedade de fim de ano

Apesar das celebrações, sentimento de angústia e melancolia nessa época é mais comum do que parece
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A síndrome é caracterizada principalmente por uma sensação de cansaço, estresse e esgotamento mental (Foto: Monstera/Pexels)

É só o calendário chegar ao fim e os primeiros panetones darem as caras no supermercado que algumas pessoas começam a se sentir diferentes – e não necessariamente para melhor. Enquanto a maioria encara essa época do ano com esperança e empolgação, outros parecem presos ao refrão da cantora Simone: “Então é Natal, e o que você fez?”. 

O sentimento de ansiedade e angústia diante do fim do ano tem até nome: “Dezembrite”. A síndrome é caracterizada principalmente por uma sensação de cansaço, estresse e esgotamento mental. “É como um corredor de maratona que, nos quilômetros finais,  sente o cansaço bater e usa o pouco da energia que restou para terminar a corrida”, explica Sandra Viana, psicóloga e master coach de carreira. O problema também pode vir acompanhado de tristeza e melancolia, ambos sem causas aparentes. 

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Na maioria dos casos, como destaca a psicóloga e gestora de pessoas Sabrina Amaral, a síndrome de fim de ano é resultado do excesso de autocríticas e cobranças, fatores que podem pesar na hora que a pessoa pensa em tudo aquilo que realizou ao longo dos últimos 12 meses. “Nessa época, as pessoas param para fazer um balanço do ano e se planejar para o seguinte. E, mesmo sendo um período de confraternização, de estar junto de pessoas queridas, os sentimentos negativos podem tomar conta”, diz. 

Por outro lado, se a “Dezembrite” já era comum em anos anteriores, depois de dois longos anos de pandemia e isolamento social o problema tem tudo para se agravar. “Tenho percebido nos meus atendimentos, nas conversas, que tem muita gente duvidando que 2022 será melhor, principalmente devido às incertezas do vírus e à uma possível crise financeira. Parece que houve um retrocesso, as coisas pioraram”, descreve Sandra.

Segundo as psicólogas, todo esse contexto de mudanças é capaz de sobrecarregar o cérebro e deixar a população mais vulnerável emocionalmente. “Imagine que a pandemia é equivalente a passar uma tarde toda na praia tomando sol sem protetor solar. No final do dia, sua pele vai estar bem mais sensível a qualquer tipo de toque mais forte, diferente dos tempos ‘normais’, quando você não sentiria tanto.  Por isso, é importante ter uma atenção redobrada aos efeitos da síndrome neste momento”, justifica Sabrina. 

Apesar disso, é importante não alimentar os sentimentos pessimistas. Uma vez instaurada, a “Dezembrite” pode refletir na vida pessoal e profissional durante os próximos meses e até mesmo se configurar como o início de um quadro de depressão ou esgotamento (como o Burnout). “Tais sentimentos vão desencadear comportamentos disfuncionais como procrastinação e apatia.  E o resultado vai impactar em tudo: no trabalho, na família, nos relacionamentos e até na saúde física”, conclui a gestora de pessoas. 

Veja, a seguir, 7 atitudes que podem ajudar a driblar a síndrome de fim de ano, segundo as especialistas:

Ressignifique os acontecimentos do ano 

Apesar da expressão ser comum, dificilmente um ano pode ser considerado realmente “perdido”. Para as psicólogas, é importante olhar com outros olhos para tudo o que aconteceu – e deixou de acontecer – ao longo dos 12 meses, de forma que o que parece monótono talvez seja resultado de um processo de desenvolvimento a longo prazo. “Já passou pela sua cabeça que talvez o fato de não ter concretizado aquele plano que queria é consequência de você ainda não estar preparado? Ou, ainda, da possibilidade de você não aproveitar os frutos dele como gostaria?”, sugere Sabrina. Se, ao contrário, a ausência de realizações se mostrar resultado direto da falta de força de vontade, é indicado fazer uma avaliação geral de seus objetivos e da real expectativa sobre eles.

Diminua a autoexigência

A sensação de ter realizado pouco em muito tempo está associada a uma autoexigência elevada, condição que pode ampliar um estado emocional que já anda negativo, explicam  as psicólogas. Assim, cobrar e, em alguns casos, exigir certos resultados e performances ao longo do ano podem ser uma armadilha para quem está enfrentando desafios que, naturalmente, já demandam um esforço maior. “Da próxima vez, permita-se fazer uma reflexão mais generosa, analisando o que você fez bem e o que pode ser feito diferente da próxima vez”, diz Sabrina. 

Evite comparações

Semelhante à autoexigência, as comparações excessivas com terceiros podem desencadear sentimentos de inferioridade. Pensar que a amiga ganhou mais dinheiro naquele ano ou que a colega de trabalho que também lutava contra a balança conseguiu emagrecer mais do que você é desconsiderar toda a valiosa bagagem da individualidade, apontam as especialistas. “Faça o seu melhor sem medo de julgamentos ou das armadilhas das comparações”, afirma Sandra. 

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Comemore as pequenas vitórias

Uma das formas de despertar o sentimento de otimismo não apenas no fim de ano, mas ao longo de todos os meses, é celebrar as pequenas conquistas. Mais do que superar a “Dezembrite”, essa prática ajuda na prevenção da síndrome, já que propaga a sensação de sucesso. “Isso vai aumentar a autoestima e despertar contentamento e bem-estar. Estes são os ingredientes fundamentais para uma boa saúde emocional”, diz Sabrina. 

Diminua a expectativa em relação ao outro

Tradicionalmente, o fim do ano é um período com muitos encontros e momentos de socialização – o que pode acabar gerando situações desconfortáveis para quem se sente incomodado com a pacatez dos últimos meses. Perguntas clássicas – como “e os namorados?” ou “conseguiu trocar de emprego?” – podem até ser inconvenientes, mas não são mal intencionadas (na maior parte das vezes). “Em vez de querer mudar o outro, que tal trabalhar com sua reação a estas adversidades?”, provoca Sabrina. Portanto, as psicólogas recomendam baixar as expectativas sobre os comentários e opiniões alheios, tudo em nome da saúde mental. Também é importante deixar claro os próprios limites, aprender a dizer “não” e evitar entrar em discussões desgastante e desnecessárias. 

Cuide da saúde mental ao longo do ano

Por fim, o melhor jeito de combater a “Dezembrite” e outros problemas do tipo é prezando pela saúde mental ao longo de todo o ano. Para isso, os psicólogos recomendam mudanças sutis na rotina, como a inserção de atividades físicas e hobbies prazerosos, a depender das preferências individuais. Outra dica interessante é buscar por tratamentos como meditação e terapia, dois aliados para a estabilidade emocional. 

Não desconte nos excessos

O fim de ano chegou e a lista de metas continua a mesma de 2019. Em situações assim, as especialistas afirmam que é comum que muitas pessoas recorram aos excessos para aliviar a tensão, o que pode resultar em culpa e, consequentemente, ainda mais ansiedade. “Ressalto que é perfeitamente normal sentir-se mais triste, ansioso ou estressado neste período”, destaca Sabrina. “Contudo, tome cuidado para não aliviar o sofrimento com comportamentos ‘escapistas’, como comprar compulsivamente, comer demais ou exagerar na bebida. Tenha um olhar generoso e compassivo com os sentimentos, acolhendo-os em vez de negá-los. Este é o começo do caminho”, conclui.

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