Identificar que um colega de trabalho precisa de ajuda exige atenção às mudanças de comportamento

Distúrbios como ansiedade e burnout são cada vez mais comuns e exigem cuidado e tratamento
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Todos os dias, quando estava se arrumando para o trabalho, a jornalista Marina* começava a ter palpitações, sentir náuseas e às vezes tinha crises de choro. As crises, que começaram de forma esporádica, foram se intensificando, até o dia em que ela ficou paralisada em frente ao elevador do trabalho. Marina estava sofrendo de uma crise de ansiedade, que só foi diagnosticada graças à atenção de sua coordenadora em parceria com uma profissional oferecida pela empresa. Marina é parte de um dado alarmante: 18,6 milhões de brasileiros convivem com o transtorno da ansiedade, colocando o Brasil como o país mais ansioso do mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Já considerada como uma epidemia de ansiedade, quase 10% da população convive com o transtorno Além disso, uma resolução da OMS que passou a valer desde o primeiro dia de 2022, considera burnout – esgotamento físico e mental associado ao trabalho – uma doença ocupacional. De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%. Doenças que afetam não apenas a vida pessoal, mas também a economia do país e as finanças.

No caso de Marina, sua coordenadora já havia percebido que a atenção e o rendimento da profissional haviam caído. Sempre ágil e pronta para as pautas, a jornalista passou a ficar apática e demorava dias para entregar materiais que poderiam ser entregues em horas. Ao notar esse comportamento, junto com uma aparência de tristeza, a coordenadora a chamou para uma conversa. “Esse papo foi importante para eu conseguir perceber que eu estava me prejudicando. A empresa sugeriu que eu iniciasse uma terapia, e passou uma lista de algumas psicólogas parceiras. Isso foi fundamental para o controle da doença”, conta.

De acordo com a psicóloga Karina Perusso, a identificação de algum problema emocional no ambiente de trabalho se dá pelas mudanças de comportamentos dos colaboradores. “Ele pode ser facilmente percebido quando ocorre diminuição na produtividade, dificuldades nos relacionamentos interpessoais dentro do ambiente organizacional e afastamentos frequentes devido a crises de ansiedade”, explica. A dica é que, tanto colegas quanto gestores, fiquem de olho nessas mudanças.

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Assim que percebidas, é necessário a avaliação de um médico psiquiatra e/ou de um psicólogo. “Às vezes apenas a terapia é suficiente, mas pode ser que ela venha associada com uma medicação”, avalia Karina.

Depressão, o que é?

Uma doença psicológica que traz alterações de humor e comportamento dos pacientes. Com ela, há um desânimo para fazer atividades simples do dia a dia, tristeza profunda sem motivo aparente e sintomas físicos como cansaço, sono excessivo e falta de apetite. Há também o sentimento de deslocamento do mundo e de culpa. A condição faz com que ela perca a vontade de viver, pois não consegue levar a vida de forma natural, o que pode, em casos extremos, levar ao suicídio.

O que é ansiedade?

É um conjunto de doenças psiquiátricas marcadas pela preocupação excessiva ou constante de que algo negativo vai acontecer. Alguns sintomas físicos também são associados ao transtorno, como arritmia cardíaca e sudorese.

O que é burnout?

Também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, o burnout é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho, de acordo com o Ministério da Saúde.

Como perceber que um colega precisa de ajuda?

  • Mudanças de comportamento
  • Isolamento social
  • Queda na produtividade
  • Afastamentos frequentes devido às crises de ansiedade

Como ajudar?

  • Abrir espaço para conversa
  • Manter a calma para poder ajudar o colega angustiado
  • Oferecer convênios com profissionais de saúde mental (psiquiatras e psicólogos)
  • Fazer treinamentos, workshops, palestras sobre saúde mental
  • Fazer a escuta ativa dos profissionais
  • Promover programas de saúde e bem estar, bem como de qualidade de vida
  • Investir em práticas de equilíbrio para mente e corpo
  • Realizar atividades dinâmicas e diferenciadas
  • Compartilhe histórias que possam fazê-lo se abrir
  • Esteja atento a tendências suicidas
  • Não minimize a situação com frases do tipo ‘a vida é assim’
  • Respeite o desejo de seu colega, mas esteja presente, garantindo que ele tenha companhia em determinados momentos
  • Incentive-o a praticar atividades que davam prazer no passado
  • Por fim, não abandone o colega que está passando por um momento delicado.

*O nome da entrevistada foi modificado para preservar sua identidade.

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