Licença maternidade: como acolher mães que voltam ao trabalho

A realidade do abandono do trabalho, ou retorno tardio pós maternidade é mais do que se imagina
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Um desafio tanto para as empresas, quanto para as mães: a volta da licença maternidade. O período crítico é considerado pelos especialistas em recursos humanos um funil para essas mulheres. Estudos apontam que mais da metade abandona o posto após o nascimento dos filhos.

Fernanda Patané demorou anos para conseguir engravidar e, quando a licença maternidade terminou, não conseguiu deixar seu filho pequeno e retornar ao trabalho. “Ele tinha apenas 4 meses, nunca tinha ficado sequer uma hora distante dele, então quando precisei decidir entre voltar ao trabalho e deixá-lo aos cuidados de uma babá ou em uma escola e ficar em casa cuidando dele, preferi me dedicar à maternidade”, conta.

 A realidade de Fernanda é a da maioria das mães. De acordo com pesquisa realizada pela Catho sobre as mulheres e a carreira, “71,7% das profissionais que estão presentes no mercado são mães e cerca de 53% delas já deixaram de trabalhar para cuidar dos filhos por um período médio de 2 anos. Somente 2% delas não estão trabalhando e não estão buscando uma recolocação”. O número do Brasil de mulheres que abandonam o emprego com a maternidade é maior que a média global.

Érica Marinho recorreu à fertilização in vitro para engravidar de sua filha Bella. A empresa que trabalhava ofereceu licença maternidade estendida de 6 meses, além das férias, ela havia programado a volta para quando Bella estivesse com 7 meses. Em teoria, ela já estaria grande o suficiente para ter uma certa independência, já estaria comendo os sólidos e teria introduzido pelo menos uma mamadeira em sua rotina diária. Mas na prática, a realidade foi outra. “Vi que com 7 meses os bebês não são independentes como uma mãe de primeira viagem imagina, e não consegui deixá-la na escola”, explica. O retorno aconteceu quando a criança estava com 2 anos. “Apenas adiei um pouco a volta, mas ficar sem trabalhar não era uma possibilidade para mim, pois minha renda é importante”.

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A psicóloga Karina Perusso enfatiza que é normal que a mulher se sinta insegura, com medo e algumas vezes angustiada por ter que deixar seu bebê recém-nascido para voltar ao ambiente de trabalho. “Por isso, é fundamental que as empresas consigam acolher essa nova mãe e profissional, proporcionando uma maior flexibilidade com relação a questões referentes a seu bebê, para que ela possa se sentir mais segura ao precisar tomar decisões neste novo contexto”, explica.

Tão importante quanto o acolhimento, as empresas precisam se preparar para esse retorno de várias formas. “As empresas podem colaborar flexibilizando os horários quando a profissional necessitar da saúde de seu bebê, além de criar um grupo de apoio com outras mães para discutir sobre as questões de maternidade e volta ao trabalho e prestar apoio psicológico para mães que estejam passando por questões emocionais após o parto”. Investir em creches internas ou auxílio financeiro para que elas possam manter uma escola integral para os filhos enquanto as mães estão trabalhando também são iniciativas que dão bons resultados.

Ter um parceiro que divida as responsabilidades e uma rede de apoio também são fundamentais. “Pude contar com a ajuda da minha mãe, por isso retornei tranquila quando os 6 meses chegaram”, diz a funcionária pública Michele Souza. “Sei que minha bebê, que hoje já está com 2 anos, está segura e bem cuidada. No ano que vem, quando ela completar 3 anos, vou colocá-la por um período na escola. Isso irá aliviar a rotina da minha mãe, e com essa idade ela estará mais independente e resistente às famosas viroses”.

Preparar a mãe e o bebê para esse retorno também é muito importante. Escolher a cuidadora ou a escola com antecedência irá permitir uma adaptação mais tranquila, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Algumas dicas de especialistas para facilitar o retorno

Para mães

– Construa uma rede de apoio. Se não houver possibilidade de dividir as responsabilidades com o pai, procure alguém que possa ajudar em momentos críticos.

– Pense com antecedência quem irá cuidar do bebê. Visite escolas e conheça babás, faça uma adaptação tranquila para que o bebê conviva com você e com os cuidadores por um tempo.

– Estabeleça uma rotina antes do retorno. Se não conseguir manter a amamentação no peito, introduza a nova alimentação aos poucos no mês anterior.

– Converse com outras mães que já passaram por isso. Ouvir a experiência de outras pessoas pode trazer novas perspectivas.

Para as empresas

– Ofereça um ambiente tranquilo para a mãe que retorna. Acolha os seus sentimentos.

– Tenha flexibilidade nos horários.

– Verifique se há possibilidade que o trabalho seja feito de forma remota. Muitas funções podem ser executadas em casa.

– Auxílio creche ou creche na empresa também são fatores que atraem as mães que estão voltando de licença maternidade.

– Crie um grupo de apoio mútuo para mães que estejam passando ou que já tenham passado pela mesma situação.

– Ofereça apoio psicológico, com profissional dentro da empresa ou com psicólogos conveniados.

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