Com 70% de mulheres na liderança, operação brasileira da Avon agora parte para aumentar número de executivas negras

Daniella Moura, diretora de recursos humanos da companhia, destaca os esforços que estão sendo conduzidos em prol da diversidade
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Daniella Moura, diretora de recursos humanos da Avon.
Daniella Moura, diretora de recursos humanos da Avon, fala sobre o tema (Foto: Divulgação)

Quando, em 1886, o norte-americano David H. McConnell fundou a California Perfume Company, grupo que 53 anos mais tarde se transformaria na Avon, seu plano era transformar as donas de casa da região em revendedoras de seus produtos. 

A ideia foi colocada em prática com a contratação de Persis Foster Eames Albee, que, décadas depois, foi considerada uma das primeiras mulheres a conseguir independência financeira naquela época. 

Com uma história ligada ao empoderamento feminino, a companhia é, atualmente, desafiada a contornar os dados do mercado para promover a equidade de gênero em sua equipe. De acordo com os últimos dados da organização, 70% da alta liderança do grupo já é formada por mulheres. O número supera em 32% a média nacional de lideranças femininas, segundo dados da consultoria Grant Thornton. 

Além disso, elas também representam 53% dos cargos de gerência, além de 60% dos trainees e 69% dos estagiários. Apesar disso, no Brasil, a companhia segue sendo comandada por um homem, Daniel Silveira, há dois anos. 

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Para Daniella Moura, diretora de recursos humanos da operação brasileira, os esforços para aumentar a representatividade de gênero reforçam o papel da marca como pioneira na luta pela liberdade financeira das mulheres. “A Avon é mais do que uma empresa de beleza, é um movimento global pelo empoderamento feminino”, diz. 

Com um modelo de negócios ancorado na inovação, explica a executiva, a empresa continua sendo responsável por gerar oportunidades para as empreendedoras brasileiras, somando 1,1 milhão de revendedoras no país. 

Desde 2003, a companhia ainda conta com o Instituto Avon,  braço social que investe em causas prioritárias para mulheres, incluindo iniciativas em prol da detecção do câncer de mama e do enfrentamento da violência doméstica. Ao longo das quase duas décadas de operação, a organização já impactou positivamente mais de 6 milhões de pessoas, segundo a marca. 

Na última semana, a gigante dos cosméticos também tornou público o compromisso de ampliar a empregabilidade de pessoas negras, incluindo a presença da etnia em cargos de liderança. A meta é ter, até 2030, um total de 30% de mulheres negras em posições de liderança, além de contratar 50% de pessoas negras na equipe geral. 

Somado a isso, 30% das cadeiras de comando da Natura&Co, que desde 2020 detêm a operação da Avon depois de uma operação de cerca de US$ 2 bilhões, também deverão ser preenchidas por profissionais diversos, categoria que inclui aspectos como etnia, gênero, sexualidade, PcDs e outros grupos marginalizados. 

Confira, a seguir, a entrevista de Daniella Moura à Elas Que Lucrem sobre a equidade de gênero e seus efeitos na economia:

Elas Que Lucrem: Como os esforços em prol da equidade de gênero são capazes de aumentar o diálogo da marca com as consumidoras?

Daniella Moura: A preocupação com a igualdade de gênero e com as lutas fundamentais das mulheres sempre foi presente na Avon. Desde a sua fundação, há 135 anos, a companhia gera oportunidades de renda por meio do empreendedorismo feminino, tendo esse público como a principal frente da sua força de vendas por relacionamento, em uma época em que empregos e direitos para a classe eram muito limitados. Assim, com o tempo, esse tema evoluiu para outras esferas da empresa, sejam ações de comunicação, produtos, serviços ou causas e projetos que apoiamos.  Um exemplo da presença massiva do público feminino na liderança é o nosso centro de inovação. Hoje, cerca de 70% do nosso corpo de cientistas são mulheres.

EQL: Na sua opinião, as empresas que não se posicionam em relação à questão da equidade de gênero acabam perdendo espaço no mercado?  

DM: Sim. A inclusão gera ambientes de trabalho mais respeitosos e líderes mais sensíveis à diversidade de necessidades e vivências dos colaboradores, contribuindo para seu melhor desempenho e desenvolvimento. Amplificar a representatividade, promover o protagonismo e valorizar o poder de transformação de cada um significa, na prática, incluir mais pessoas na roda da economia, que vai gerar mais investimentos e oportunidades para a sociedade. 

Ou seja: quanto mais diversas e inclusivas forem as vivências, maior a complementaridade e mais profundas serão as possibilidades de inovação e de soluções apresentadas pelas empresas e, consequentemente, maior a possibilidade de atingir uma gama mais extensa de consumidores, com produtos e serviços mais adequados e rentáveis.

EQL: Qual o primeiro passo para deixar o ambiente corporativo mais receptivo e acolhedor para essas profissionais?

DM: Para deixar o ambiente mais receptivo, precisamos ter este tema como um pilar estratégico e ter indicadores claros de onde queremos chegar na voz dos executivos apoiados por toda a organização. Também é importante promover sensibilizações, letramentos e programas de aceleração que incentivam a presença de mulheres, além de reforçar políticas, diretrizes internas e códigos de conduta em favor da equidade de gênero.

Além da meta de equidade salarial entre homens e mulheres, também monitoramos os percentuais de participação das mulheres na companhia, visando manter 50% delas em todos os níveis hierárquicos. Realizamos, ainda, auditorias internas do sistema de avaliação e promoção de nossos colaboradores, analisando também a disparidade de gênero em promoções.

EQL: Na sua visão, por que a presença de mulheres em grandes companhias é tão tardia? 

DM: Acredito que seja uma escolha da organização. Fazendo disso um pilar estratégico, com objetivos claros, de onde e quando se quer chegar, junto de ações que levem a estes objetivos de maneira factível, é possível ter uma evolução menos tardia.

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